Recíproco - Capítulo Único

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O carro que trazia John e Mary ficara visível no horizonte háa poucos metros de onde Sherlock e Mycroft os aguardavam e minutos depois o casal saía do automóvel. Mary foi a primeira a se aproximar, abraçou o Holmes mais novo e o prometeu que cuidaria de John, ambos sorriram um para o outro e logo depois Mary se juntou a Mycroft, que estava um pouco atrás do irmão.

John veio depois, não encarava nenhuma das pessoas ali e surpreendeu-se quando Sherlock pediu um momento a sós com ele, já que seria a última vez que Sherlock Holmes e John Watson se veriam.

O que seria da Inglaterra sem Sherlock Holmes?

Mycroft concordou, saindo junto com Mary para perto do avião, que levaria embora o detetive.

O médico parecia sem jeito, a primeira vez que perdeu o detetive fora muito dolorosa; assistir o homem pular do prédio e logo vê-lo morto não havia sido nada fácil e o luto acabara consigo. Porém, naquele momento o que reconfortava o coração do Dr. Watson era que Holmes continuaria vivo, mesmo que nunca mais o visse.

- Então aqui estamos nós - John disse com um breve e pequeno sorriso nos lábios, logo voltou a sua expressão casual, a espera do que o outro diria.

- William Sherlock Scott Holmes.

John encarou Sherlock por alguns segundos, confuso, o detetive, por sua vez, permanecia a espera do outro se manifestar após a sua fala.

- Como? - o médico perguntou, olhando novamente para Sherlock.

- O nome todo - o detetive respondeu de imediato, convicto - Se estiver pensando em nome de bebês.

John riu.

- Fizemos um ultrassom, - e então, John estava prestes a destruir o sonho de Sherlock - certeza que é menina.

- Tudo bem.

John olhou para os lados rapidamente, não sabia o que dizer, nunca gostara de despedidas. Sherlock também não sabia o que dizer, John havia se tornado seu amigo e agora dizer adeus não era uma tarefa fácil.

- O jogo acabou.

- O jogo nunca acaba, John - Sherlock respondeu - Mas pode haver alguns jogadores novos. Tudo bem, o Vento Leste nos leva ao fim.

- Hm?

Com um pouco de nostálgia consumindo-o por dentro, Sherlock começou a contar sobre algo que acontecera na sua infância. Mycroft lhe contava aquela história, o Vento Leste era uma força que destruia tudo por onde passava, procurava por indgnos e arrancava-os da Terra.

- Geralmente era eu - e terminou, olhando para o céu - Ele é um péssimo irmão mais velho.

John acompanhava com atenção o que Sherlock lhe falava e condordou naquela afirmação: Mycroft era um péssimo irmão mais velho!

- Para onde vai agora? - após encarar os pés, John perguntou, ergueu sua cabeça e encarou o detetive.

- Para um trabalho disfarçado na Europa Ocidental - respondeu.

Não fora preso pela morte de Magnussen, nenhuma prisão teria paz dos jornalistas se Sherlock Holmes estivesse nela. Contudo, deixar a Inglaterra era um castigo para ele. O tempo previsto que passaria na Europa Ocidental era de seis meses, de acordo com Mycroft. Depois disso, ele não sabia.

- John - o chamou, logo tendo atenção do médico, que olhava para o horizonte - tem algo que...

John se virou para Sherlock e o olhou em expectativa.

- Tenho que dizer, sempre quis, mas nunca disse - o detetive desviou o olhar dos olhos do médico e então continuou - Como talvez nunca nos vejamos de novo, posso dizer agora.

A incerteza se deveria ou não dizer se fez presente. O detetive respirou fundo e então disse:

- Sherlock é um nome de menina.

Disse rápido. Olhou para o céu, oh droga, não era realmente isso que queria dizer.

- Não é - desmentiu o detetive e riu da tentativa dele, fazendo Sherlock sentir-se meio bobo por dentro.

Não por ter dito que seu nome era de menina só por ele poder ser o nome da filha de John, não, sentiu-se bobo ao se perder no sorriso do médico e naquele momento tinha certeza, não queria deixar John mais uma vez.

- John... - Holmes voltou a se pronunciar, agora realmente diria o que tinha de dizer - eu amo você.

Soou do jeito que ele sempre achou que soaria: bobo, clichê, uma frase pronta. Mas era verdade, ele o amava.

Watson naquele momento estava surpreendido pelo o que saíra dos lábios do detetive, muito surpreendido. Aguardava mais uma tentativa de Sherlock em convencê-lo a colocar seu nome no bebê que Mary esperava, no entanto, aquilo que ouvira, definitivamente, não era o que esperava.

- Sher... - surpreendido, John tentava dizer algo, a boca aberta, um sinal de verdadeira supresa - Sherlock... ?

- Eu amo você, e... como talvez nunca nos veremos de novo - ele dizia rápido, de modo apressado, sem encará-lo, suas bochechas atigindo uma coloração avermelhada - eu queria que você soubesse.

Ainda alheio e pensando em várias coisas no mesmo momento, John franziu o cenho, afastou-se um passo de Sherlock e, de uma só vez, seus olhos se encontraram com os lindos olhos que eram os de Holmes. E naquele momento sentiram-se como se somente eles estivessem ali. Não havia mais Mary, nem Mycroft e muito menos Inglaterra!

- S-Sherlock... - John começou a dizer, querendo muito que não gaguejasse e falasse tudo o que tinha pra falar, tudo - Sherlock, - respirou fundo, tentando continuar - eu também... eu também amo você.

E aquilo foi uma surpresa para os dois. Para Sherlock, obviamente, não imaginava que era recíproco. E para John, pois havia conseguido dizer.

Amava Sherlock, não sabia desde quando, mas o amava. Todo o convívio dentro do 221B fizera aquele sentimento conectar os dois homens e quando, a mais de dois anos atrás, separaram-se, tiveram a certeza de que se amavam. Entretanto, quando retornou para Londres e encontrou John feliz ao lado de Mary, Sherlock sentiu um grande aperto no coração, era engraçado amar - não de uma maneira divertida, as vezes.

- Pelos melhores momentos, John - estendeu a mão para Watson, sem tirar os olhos dos deles. Sorriu pequeno quando John apertou sua mão, o sorriso retribuído estampava o rosto dele, fazendo com que o coração de ambos os homens falhassem uma batida.

As mãos se separaram e então Sherlock olhara brevemente para o céu e depois se afastara. O detetive rumou em direção ao avião, que não estava tão afastado, deixando para trás John, com uma enorme bagunça de sentimentos em mente.

Já dentro do avião, não tinha como a mente do detetive não viajar para momentos compartilhados com o médico, não pôde evitar que seus olhos umedescessem. Etretanto, após quatro minutos voando, um dos fucionários foi até ele, com um celular em mãos.

- Senhor, é seu irmão.

Mycroft? O que será que ele queria agora?

- Mycroft - o Holmes mais novo disse ao pegar o telefone, vendo o fucionário se afastar.

- Olá, irmãozinho. Como vai o exílio?

- Só se passaram quatro minutos.

- Espero que tenha aprendido a lição - disse o Holmes mais velho, do outro lado da linha - Precisam de você.

- Pelo amor de Deus, decidam-se - a idéia de permanecer na Inglaterra fez as mãos de Sherlock começaram a suar, não seria aquela a última vez a ver John Watson? - Quem precisa de mim agora?

- A Inglaterra.

Como Mycroft disse, sempre terá um momento em que a Inglaterra precisará de Sherlock Holmes, mas o que intrigava o detetiva era: aquela não fora a última vez a ver John Watson.

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