Capítulo 17

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"Nossa senhora" a voz ofegante da mulher ao meu lado me tirou do transe. "Isso foi muito bom, Will"
"Sempre é" rebati, levantando da cama. Estava suado, e com a respiração se normalizando ainda.
"Calma amor" Rubi segurou meus braços puxando, fazendo meu corpo cair novamente na cama. "Me conta como está indo com a pirralha"
Franzi o cenho, ela normalmente não falava disso, não quando estávamos em um momento assim.
"Estamos indo bem" respondi seco, tentando demostrar que não queria prosseguir essa conversa.
Seu corpo quente subiu em cima do meu, ela passou a mão pelo seu cabelo jogando todo para um lado, deixando ela sexy. "Não avançaram em nada?"
Antes de responder, apenas neguei com a cabeça e a tirei do meu colo, e levantei rápido, desviando de seu toque.
"Você está apaixonado por ela?" Aquela pergunta me pegou em cheio e pela primeira vez não sabia o que responder por alguns minutos. Maite me causava coisas que eu nunca senti, mas isso não significa que eu esteja apaixonada por ela, eu jamais me apaixonaria.
"Não!" Respondi friamente, vestindo minha calça.
"Então o plano não mudou?" Senti suas mãos passando apertando minha barriga, seus seios encostaram em minhas costas. Virei rapidamente, me afastando do seu toque, eu não queria ela perto de mim, e não fazia a mínima ideia o porquê.
"Qual seu problema?" Sua voz não estava mais baixa e sensual. "Você tá todo estranho ai"
Passei por ela, procurando minha camiseta, "Eu estou normal, você que está delirando ai" rebati.
"William, acho que você se esqueceu do foco com aquela pirralha"
"Primeiro Rubi, ela tem nome" Apertei a camisa com força. Aquela frase saiu naturalmente, como se fosse meu dever em proteger ela. Instinto. "E segundo, eu só quero uma coisa dela e você sabe!"
Ela arqueou sua sobrancelha me desafiando com seus olhos verdes. "Acho que sabia, agora estou duvidando disso!"
"Porra, eu acabei de transar com você!" Ela estava tirando minha paciência, nunca parou para discutir isso, na verdade ela nunca se importou se eu transava com ela ou com alguém mais, ou com quem saia. Olhei em seus olhos, e vi, quase de relance, o medo estampado. Eu transava com varias mulheres, mais nesses dois meses, ela era a primeira que eu estava levando para cama. Eu estava me apegando de mais a Maite, deixava ela dominar meus pensamentos e quase não conseguia sentir atração por ninguém. E Rubi percebeu isso. O pavor tomou conta de mim e eu senti a necessidade de falar em voz alta qual era meu objetivo, nada de paixão envolvida. Eu estava no controle. Você está no controle William.
"Eu só quero levar ela para cama. Uma noite só com a Maite e depois eu arrumo uma desculpa e dispenso ela" Disse mais para mim do que para Rubi. "Como todas as outras. E vou fazer isso logo e voltar a minha vida" por um momento me peguei reprimindo sobre essa última frase, ela não era igual as outras. Merda.
"Amor" os ombros de Rubi relaxaram e ela me alcançou rapidamente, envolveu seus braços no meu pescoço e me beijou. Passei a mão pelo seu corpo, mas não era esse corpo esguio que eu queria sentir e sim um corpo cheio de curvas e baixinho.
"Preciso ir" interrompi o beijo e coloquei minha blusa, se ainda poderia ser chamada assim.
"Não vai jantar?" Fez biquinho, passando as mãos pelo meu cabelo.
Dei dois passos para trás, "Não dá. Obrigada pela noite, Rubi"
Ela riu amargamente, "Tranque a porta!" Passou por mim indo em direção ao banheiro.
Sai o mais rápido possível dali. E entrei no meu carro, carregando uma culpa que não queria sentir.
"Que merda, Maite." Bati no volante, extravasando. Ela estava na minha mente em todo momento, seu cheiro, seu sorriso. Tudo.

*
Entrei no apartamento com um frio na barriga. E o motivo dele estava sentando no sofá rindo, provavelmente por alguma cena engraçada que acabou de ver na Tv. Seus cabelos castanhos úmidos denunciava que ele tinha acabado de tomar um banho. Ele notou minha presença, e nossos olhares se encontraram. Fiquei ali, por uns longos minutos encarando o homem que eu dizia que era mais importante na minha vida e eu não poderia perdê-lo.
"Podemos conversar?" Disse me aproximando do sofá, ele assentiu e então desligou a Tv. Joguei minha sandália pela sala e subi no sofá, me aconchegando ao seu lado. O abracei, o mais forte que pude. Senti seu corpo rígido, sem retribuir meu abraço, por longos minutos foi assim, mas então ele amoleceu e me retribuiu o abraço. Ele cheirou meus cabelos e me apertou tão forte, que pensei que seria quebrada ao meio.
"Eu sinto muito" disse ainda abraçada. "Sinto muito Eugenio" solucei, não contendo as lágrimas.
Ele me soltou, e então olhei seu belo rosto. Seus olhos verdes estavam marejados.
Seus dedos pegaram minha mão, e acariciaram meu anel. "Eu também sinto" o desgosto em sua voz e em seus olhos a passar os dedos pelo anel, era nítido.
"Eu não queria..." outro soluço, "aconteceu"
"E porque mentiu para mim?" Sua pergunta me fez refletir, ele não estava apenas com raiva por eu estar namorando, esse não era o pior para ele, o pior é que eu menti, quebrei a confiança que ele tinha em mim.
"Eu fiquei com medo. Me perdoa, por favor" puxei seu corpo novamente, abraçando.
"Você ama ele?" Eu senti a dor na sua voz.
Suspirei fundo, "Amo." seus braços me apertaram mais. Senti lagrimas molharem meus ombros e descerem por minha costa.
"Eugenio" forcei ele a me encarar. "Eu te amo muito, não quero perder você" ele me fitou, com seu belo rosto banhado de lágrimas.
Ele se levantou, bruscamente, me fazendo levantar junto. "Tudo bem, Maite" ele disse, secando as lagrimas rapidamente. "Desculpe por hoje de manhã"
Me aproximei dele, mais ele deu um passo para trás. Aquela rejeição dele me destruía.
"Eu não sou nenhum pouco a favor dessa relação, não porque gosto de você, e sim porque sei que William não presta..." eu ia interromper, mas ele levantou o dedo me impedindo. "E eu sei que ele vai te machucar" continuou, com um desgosto na voz. "Mas no final eu vou estar aqui. Como sempre." Sorriu morto.
"Eugenio..."
"Mais eu preciso de um tempo para assimilar isso" disse assim que tentei me aproximar de novo. "Por favor"
"William tem uma reunião sexta e eu terei que ir junto, volto no domingo."
Ele teria três dias para ficar sozinho e pensar em tudo, sei que ele precisava disso.
"Vou ir visitar meus pais, então"
Franzi o cenho, ele adorava Seattle e seus pais, mais não os visitavam frequentemente assim.
"Volta no domingo também?" Perguntei, deixando meu questionamento de lado.
"Hum..." ele torceu a boca. "Acho que vou ficar por lá um tempinho"
Senti meu mundo desabar, meu estômago embrulhou. O que ele queria dizer com um tempinho. Para mim, os três dias era suficiente, nada mais.
"Eu não estou fugindo" ele disse parecendo ler meus pensamentos. "Mais preciso de umas férias" completou.
"Em Seattle?" Sussurrei, "Vai me deixar sozinha?"
Ele riu amargamente, "você me deixou primeiro"
"Pensei que a gente estava se entendendo" rebati, magoada.
Ele passou a mão pelo rosto, e olhou para janela, parecia perdido em seus pensamentos.
E então ele me fitou, colocando as mãos no bolso da sua calça moletom, "Eu vou ir visitar meus pais, e você tem tempo para decidir se é isso que você quer para você" sorriu fraco, "só não me peça para ficar aqui"
Foi como se tivesse levado uma surra, de certa forma ele estava se distanciando de mim, mesmo não querendo mostrar isso dessa forma.
"Não vou sumir" ele disse, antes de eu questionar ele. "Vai ser bom para mim, pessoas novas, um tempo longe de tudo isso" longe de mim. "E se vocês não derem certo, é só me ligar que volto na mesma hora"
O encarei com medo da resposta a seguir, "E se dermos certo?"
Seus ombros ficaram tenso e ele sorriu fraco. "Eu volto de alguma forma"
"Quanto tempo?" Perguntei, sentindo a garganta embaçar.
"Não sei" deu de ombros, "Um mês quem sabe..."
"Um mês?" Arregalei os olhos, "é muito tempo!"
Ele caminhou até a janela, já estava escuro. Acompanhei com os olhos seus movimentos, ele estava tenso, com medo, eu sentia isso.
"Vou ficar longe dela também" disse baixo, relaxando seus ombros.
Sim, mais a que preço. Ele ficaria longe de mim, me deixaria. Por um momento me senti egoísta e hipócrita, queria que ele ficasse ali comigo no momento feliz da minha vida, mas não estava pensando no seus sentimentos.
Limpei a garganta e tomei coragem, "Você tem certeza?"
Ele se virou e me encarou por segundos, mais que pareciam horas.
"Tanto o mais do que meus sentimentos por você!" Disse firme, sem hesitar.
Engoli o seco, "Certo."
Ele caminhou até mim e me abraçou, me surpreendendo.
"Eu vou sentir saudades" disse fitando seu rosto.
Ele se aproximou do meu rosto, e seus lábios encostaram nos meus por alguns longos segundos.
Ele se afastou e sorriu fraco, "Meu voo sai amanhã as 17:40h" e caminhou para o quarto, fechando a porta.
Ele já tinha tudo planejado. Ele não estava esperando eu concordar, apenas estava me contando de seus planos. Algo no meu peito doía, corroía. Ele nunca tentou se aproximar dessa forma, e agora, tinha me dado um beijo? Ele está me deixando? O pânico tomou conta do meu corpo. Ele vai me deixar.




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Turbilhão ❤️ de beijos ❤️

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora