Coragem, ele queria ter um pouquinho mais para conseguir falar com ela. Em vez de apenas espiar de rabo de olho a menina sentada ao seu lado, aparentemente lendo, num banco de praça. Queria dizer um: "Oi, tudo bem?". Mas um bolo parecia se formar em sua garganta e seu sabor não era nada gostoso.
Mandava mensagens para Udon e Moegi, os mesmos xingavam-no, pois ele fez com que Udon tivesse coragem de assumir seus sentimentos por Moegi. Ele que uniu esse casal e agora ele diz que não tem coragem de puxar assunto! "Pelo amor de Deus!" Pensavam seus amigos, dividindo o mesmo sentimento de indignação.
Konohamaru só teve um incentivo para dizer "Olá" após Moegi ameaçar bater nele se ele nem ao menos tentasse começar uma conversa. Ele ponderou mentir para a ruiva, porém ela o fez prometer que o faria e era quase como uma lei dele nunca descumprir suas promessas. Moegi tinha ganhado dessa vez...
— Olá! - O Sarutobi disse encostando no ombro dela para lhe chamar a atenção.
Ela o olhou, não o respondeu, e apenas apontou para os fones que usava nos ouvidos.
— Ah... - Konohamaru ficou sem palavras, mesmo sendo "rejeitado" ele se encantou com a simples beleza que ela possuía.
Ela tinha os olhos tão claros que lhe lembravam Luas cheias, seus cabelos cor de chocolate flutuavam com o simples movimento de sua cabeça . A boca, o nariz, as bochechas, tudo contribuía para o mar de beleza que ela ostentava. Ele queria ser um mero navegador para deliciar a vista com tanta formosura. Talvez estivesse poético demais por causa da convivência com Udon e, talvez agora, estivesse disposto a tentar mais uma vez um contato com ela.
"Olá, que livro está lendo?", foi o que escreveu no post-it amarelo, e o grudou no espaço vago entre os dois. O ato surpreendeu a garota, Hanabi, que achava que não seria mais incomodada. Mas, talvez um incômodo fosse exatamente o que ela precisava naquele momento, mesmo não estando ciente disso.
Hanabi marcou sua página com o dedo e fechou o livro deixando sua capa, consequentemente o título, à mostra. Não tentou continuar o assunto. Não ajudando em nada o rapaz.
"Fala sobre o quê?", o post-it amarelo foi posto em cima do anterior. Ele estava tentando, mesmo com um pouco de vergonha por ser tão persistente.
"Sobre lendas japonesas, conhece alguma?" Ela colocou seu post-it roxo em cima do amarelo dele, sorrindo. Ele tinha acertado na pergunta. Ela amava aquele livro de lendas, tanto que o lia pela terceira vez.
"Algumas. Minha tia gosta de lendas, tem pilhas de livros sobre." O que o papel amarelo carregava era verdade. Sua tia, Kurenai, era formada em história e amava lendas. Sendo elas do Japão até o Brasil, seria possível fazer uma biblioteca com o tanto de livros que tinha sobre o assunto.
"Sério? Então me diga uma, não sei se acredito em você, desconhecido!" Ela põe o recado roxo sorrindo ladina. Ela estava começando a gostar de ser incomodada, principalmente através de post-it's.
"Aka Ito, o fio vermelho do destino. Eu realmente acredito nessa lenda." Ele pensou um pouco, essa lenda era a que ele melhor conhecia e a que mais acreditava. Hanabi sorria cada vez mais.
"É a minha favorita! Gosta de mais alguma?" O ânimo que exalavam a cada post-it posto entre os dois era surpreendente até para eles, quem visse de fora logo pensava algo como: "Loucos!" ou "Adolescentes...".
Quanto mais empolgante a conversa ficava, mais rápido o tempo parecia passar. Ambos tinham hora para voltar à casa, mas quem disse que queriam voltar?
"Te verei amanhã, desconhecido?" Hanabi não sabia o nome dele e nem tinha pressa de saber, "desconhecido" era um ótimo apelido.
"Se quiser me ver, estarei aqui sem falta, pérola!" Konohamaru não se importava com o nome dela, nesse momento o que lhe importava era a resposta da garota dos olhos de céu e beleza de mar. Uma verdadeira jóia, tal como a pérola.
"Amanhã, no mesmo horário!" Ela deixou o post-it roxo e saiu correndo até o carro que já lhe esperava a alguns minutos.
Ele catou os post-it's do banco e foi suspirando para casa, ansiando o amanhã ao lado da pérola.
Ficou boa parte da noite pensando em como o apelido, pérola, se encaixava com a garota. A pérola é encontrada no mar e ela possuía a beleza tão vasta quanto ele. A pérola lembrava a Lua cheia, redonda e brilhante, tal como os olhos dela. Não conseguia ver outro apelido que se encaixasse tão bem! E Kono dormiu suspirando pérolas.
Konohamaru mal dormiu e já era manhã. Ele queria ir correndo para a praça, mas faltava seis horas para o horário marcado com Pérola. O que ele faria até lá era um mistério até pra ele... Nunca tinha ficado tão encantado com alguém, ela era linda, culta, inteligente e maravilhosa!
— Volta pra Terra, maninho! - Mirai, sua irmã, estalou os dedos em sua frente.
— Ah, Mirai, vai se ferrar e me deixa sonhar!
— Olha como fala, mocinho! - Kurenai, sua tia e mãe de consideração o repreendeu. - Mas me diga, por que está no mundo da Lua hoje?
— Ah tia. A Lua é linda, sabe? - Disse risonho o moreno.
— A Lua por acaso é uma garota, Kono? - A tia pegava as coisas bem rápido. Só não precisava falar na frente de certa garota...
— Então o mano está apaixonadinho, que lindo! - Mirai aproveita que seu irmão está em outra órbita e aperta-lhe as bochechas.
— Aí Mira, para! Não é da sua conta! - Ele, num ato infantil, mostra a língua para ela que retribuiu o ato.
Duas crianças em corpos adolescentes, era o que Kurenai concluía dos seus pequenos Sarutobi's.
Konohamaru estava já perto da praça. Levava seu bloco de post-it's e sua caneta no bolso. E quando chegou ela estava ali, no mesmo banco, com os mesmos fones e no mesmo horário. Só que dessa vez ao vê-lo sentar ao seu lado Hanabi sorriu.
"Está aqui há muito tempo?" Ele escreveu e colou no banco o post-it. Pensando estar atrasado.
"Não se preocupe, está no horário!" Ela colou o papel hoje laranja e lhe mostrou as horas no relógio de pulso. "Pontual até!"
Conversaram um pouco mais, agora descobrindo o nome um do outro. Até que a curiosidade bate na porta mental do Sarutobi.
"Posso ouvir o que está escutando nos fones?" Ele colocou o post-it amarelo no banco e ela ponderou um pouco antes de responder.
"Pode." Foi só isso que ela escreveu no post-it laranja.
Hanabi tirou os fones e colocou os mesmos nos ouvidos de Konohamaru, nada. Não havia som algum sendo reproduzido pelo fone.
— Mas como... - ele falou sem entender.
Agora ela falou, do jeito dela, em libras.A língua dos mudos e surdos.
"Eu sou surda"
Hanabi ficou apreensiva, não sabia como ele iria reagir a isso. Mas ele só pensava no quão ela era especial. Mesmo tendo tão pouco tempo ao lado dela ele sabia que ela era especial, e sua especialidade ia além da deficiência auditiva.
"Não fique com essa carinha. Como vai a leitura?"
Isso a animou, continuaram a conversar e a se ver. O moreno cada vez mais a conquistava.
Os dias se passavam e ele sempre vinha com alguma surpresa para ela, sejam assuntos novos, sejam presentes. E a mais emocionante foi a que ele disse que estava aprendendo libras, em libras! Isso a fez perceber que talvez estivesse a gostar mais que o esperado do desconhecido dos post-it, vulgo Konohamaru.
Ele demonstrava seu amor por ela, e ela o retribuía do jeitinho dela. Tanto que...
— Hoje estamos unindo Konahamaru Sarutobi e Hanabi Hyuga em matrimônio. - O padre dizia, também em libras, para os que estavam presentes.
Era o dia de vosso casamento,
Konohamaru e Hanabi transbordavam de emoção, literalmente. As últimas palavras do padre fizeram com que ambos se sentissem nas nuvens.
— E eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva! — Chorando de emoção Hanabi segurou a nuca de seu agora marido e ele fez o mesmo, com uma mão na cintura dela e outra secando os resquícios de lágrimas na pele de sua mulher. Selando a nova fase da vida de ambos com um beijo.
Dois anos após o matrimônio, o Sarutobi preparava uma pequena surpresa para sua amada. Post-it's no lugar e bolo feito, tudo pronto para surpreendê-la.
Quando Hanabi pôs os pés dentro do apartamento que eles dividiam ela viu o pequeno papel amarelo na porta.
"Há três anos eu não esperava encontrar o meu amor num banco de praça." Sorrindo ela pegou o papel e vasculhou a pequena sala com os olhos, avistando outro post-it, este em cima do sofá.
"Muito menos saber que esse meu amor era tão especial." Ela sabia que ele não falava apenas de sua surdes, aquela era apenas um das diversas coisas que a fazia especial aos olhos dele. Avistou outro bilhetinho, este na porta do quarto que compartilhavam como casal.
"Eu te amo, Hana. Queria poder te mandar mensagens mais bonitas, do jeito que você merece, mas eu não sei. Nenhuma palavra parece adequada para descrever o que eu sinto, meu amor." Ela abriu a porta e lá estava ele: um bolo, seu favorito! O sorriso típico de orelha a orelha, que ela sempre amava ver, e os olhos dele que sempre brilham a olhá-la.
Hoje era o dia das surpresas e ela já tinha preparado a dela. Tirou os sapatos, libertando os pés um pouco inchados causando grande alívio e mexeu na bolsa que tinha nos braços, tirando de lá uma folha sulfite.
"Eu também te trouxe o meu presente, querido." Hanabi disse em libras e logo entregou o papel a Konohamaru que ao bater os olhos na palavra "grávida" ficou em choque.
— Eu... Eu... Vou ser pai... — Ele murmurava — Hana, eu vou ser pai!
Ele a abraçou, rodopiando com ela nos braços pelo quarto logo tropeçando na cama, caindo nela com Hanabi em cima de si. Olhos nos olhos, sentimentos mútuos... Eles não precisavam de palavras para se entenderem, apenas um olhar demonstrava tudo o que em palavras não dava para descrever.
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Post-It
FanfictionUma conversa vai além do diálogo verbal, talvez palavras escritas em post-it's toquem mais o coração. Parabéns adiantado para a Mama de KonoHana, @TitiaTatu aqui no watt! FELIZ ANIVERSÁRIO PÁ DEUSA, PORRA!