Dois

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Pouco a pouco ela foi recuperando sua consciência, havia dormido por cerca de umas 4 horas, havia um relógio sofisticado na parede do laboratório. Sua sede nesse momento era insuportável, a boca estava seca e amargava, provavelmente por algum medicamento que haviam aplicado nela.

Ela começou a se contorcer mesmo atada sobre a mesa cirúrgica. Seleto a olhava por cima.

-Água... Quero água. - Eu sussurrei ainda sonolenta.

Eu ainda estava com os olhos turvos ao abrí-los, pouco a pouco a vista foi clareando, havia no laboratório algo que se assemelhava a um refrigerador e pelo visto cumpria a mesma função, Seleto se dirigiu até ele, colocou aguá em um copo.

- Desprenda a humana por um momento dessas fivelas, Nireve.

- sim, senhor comandante Seleto!

O tal cientista, Nireve desatou as fivelas, meus pulsos e tornozelos estavam doloridos e machucados por já estarem tanto tempo atados.

Seleto se aproximou de mim com o semblante totalmente sério, olhar gélido e lábios em linha reta, em uma das mãos havia o copo com aguá, com a outra me segurou pelo punho me puxando de uma só vez para que eu me sentasse.

- Ai! Isso doeu, seu...

No mesmo instante calei-me abrindo a boca em O, quando ele estendeu para mim a mão contendo o copo d'água. Inclinei minha cabeça para fitá-lo, uma sensação estranha tomou conta de meu corpo, poderia dizer que Seleto parecia um ser celestial tamanha sua beleza, no entanto não poderia esquecer-me que por baixo daquela aparência se escondia um monstro.

Ainda exitei por alguns segundos até estender minha mão e pegar o copo, estava com muita sede, Nossos dedos se esbarraram, o fitei novamente nesse momento, então nossos olhares se encontraram, criando em meu corpo uma sensação estranha da qual nunca havia sentido antes.

Estava trêmula, mas não apenas pelo frio, mas sim por uma descarga de adrenalina que foi liberada em minha corrente sanguínea.

- Eu não sei se devo beber essa água alienígena. - Falei de uma vez, desdenhando e rompendo de uma vez nossos olhares.

Seleto pigarreou saindo do transe no qual se encontrava olhando em meus olhos, e pior... eu gostei daquilo. - Água é água em qualquer planeta. Seleto retrucou revirando os olhos e bufando.

Bebi a água de uma vez. Eu poderia atacá-lo com esse copo de vidro em minha mão, mas seria um estrago ferir aquele rosto tão belo. Enquanto eu estava presa em meus pensamentos, ele me trouxe de volta à realidade.

- Nireve, pode atá-la novamente!

Nesse momento eu tive que me manifestar. - Você está pensando o que Seleto! Eu estou com meus punhos e tornozê-los feridos, isso não se faz nem com um animal! - Eu disso apontando o dedo para Seleto.

- Você é muito abusada! Você pensa mesmo que eu ligo para o seu sofrimento, garota humana? Tem cinco anos que você perturba a ordem e a paz do meu povo. - Respondeu Seleto com o olhar afetado.

Como eu estava sentada na mesa cirúrgica, embora a mesa fosse um pouco alta, desci em um salto e corri em direção à porta, antes mesmo que eu conseguisse ganhar alguma distância, ao passa por Seleto sentir meu braço se segurado com força, ao voltar meu olhar para trás, nossos olhares se cruzaram novamente, dessa vez, eu o fitava dos olhos para a boca e de sua boca para os olhos, e ele fazia o mesmo, até que me puxou em sua direção, fiquei frente a frente com Seleto, desta vez ele me segurou no outro braço também, apertando meus dois braços.

- No seu planeta todos vocês tratam as mulheres assim? Ao dizer isso, pude notar surpresa em seu semblante, ele afrouxou as mãos.

Eu ainda estava na mesma posição, com o copo em minha mão dominante, e com as mãos de Seleto apenas pousadas em meus braços e não mais apertando-os como antes, teria como agir então.

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