35. Ally

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"Estou faminto no fundo do meu coração

Esperando por uma razão

Estou faminto como um monte de caras

Eu quero estar do teu lado

Pessoas sozinhas me passam na rua

Esperando por uma razão

Do teu lado

O cinza está virando azul

Você despertou o amor em mim

Do teu lado

Tudo é novo

Você despertou o amor em mim

Estou faminto bem no fundo onde machuca

Esperando por uma razão

Estou faminto como um monte de caras

Eu quero estar do teu lado

Do teu lado

O cinza está virando azul

Você despertou o amor em mim

Do teu lado

Tudo é novo

Você despertou o amor em mim

Que mundo!

Eu preciso muito de você, garota

Você despertou o amor em mim

Do teu lado

O cinza está virando azul

Você despertou o amor em mim

Do teu lado do teu lado

Eu quero estar do teu lado

Do teu lado

Do teu lado do teu lado

Eu quero estar do teu lado

Eu quero estar do teu lado

Eu quero estar do teu lado"

(Beside You"Iggy Pop)

Uma coisa que temos muito em comum e ao mesmo tempo quase nada, é a música.

Coloquei essa letra, porque tínhamos essa música como nossa amiga e parceira em tempos que precisávamos ficar afastados.

Tudo começou com uma vez, em que ele veio para passar duas semanas inteiras comigo e o Ian. Todos os dias, brincávamos com o meu bebê no Sol. Colocavamos baldes com água no jardim, estava super calor, e brincavamos com a mangueira. Era algo muito simples, mas que o Norman visivelmente adorava fazer. Penso eu até hoje que ele sentia falta desse distanciamento, desse anonimato, de ir até a padaria e voltar, brincar com uma criança e beijar a namorada sem ninguém estar espiando, apontando o dedo, fotografando ou interrompendo pra pedir foto.

Ficamos duas semanas na minha antiga casa. Completamente normais. Um casal recém-formado, só que com o "brinde" que era meu filhinho. Mas isso nunca incomodou o Norman.

"Quando me apaixonei por você, foi por tudo em você. Inclusive ele. Queria muito que ele fosse meu filho de verdade." ele dizia.

Um dia acordei, e estranhei porque eu acordei de manhã sozinha, sem meu filho me acordando ou o Norman. Acordei e ouvi ele falando com o Ian e ele rindo. Estava calor, e eu não entendia muito bem o que ele estava dizendo porque o ventilador fazia um ruído alto. Abri a janela e não os vi.

Levantei e me vesti com uma camiseta do Norman que era a roupa mais acessível que tinha ali, jogada em cima de uma cadeira na penteadeira. Me vesti, e saí do quarto, com os olhos ainda inchados, os cabelos embaraçados, uma cara de sono que há tempos eu não tinha. Fui seguindo o som das risadas, e passei pela sala com a porta de entrada aberta. Lá estavam eles, balançando na rede. O Norman dava impulso e balançava a rede cada vez mais alto e o Ian ria seu sorriso com apenas 4 dentes. Ele devia ter mais ou menos um ano de idade quando tudo começou.

As Cartas da ProblemáticaOnde histórias criam vida. Descubra agora