Único

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Ao mirar os olhos verdes daquele garoto, houve um momento de hesitação. Um mísero instante, no qual ele viu sua vida passar na sua mente como um sopro.

Potter... Aquele sobrenome ainda trazia calafrios e arrependimentos nas noites geladas de Peter Pettigrew.

Ele lembrava da primeira vez que conversara com James.

-Ei! -um menino de cabelos bagunçados e um óculos desajeitado no rosto lhe chamou.-Você está bem? Eu e meu amigo te vimos chorando.

-Eu...estou... -Peter fungava.-Nunca fiquei tanto tempo longe dos meus pais.

-Vai ficar tudo bem, eu prometo! Vem com a gente, você vai se divertir tanto que vai até esquecer dos seus pais! -e foi assim que ele conhecera James, Sirius e Remus.

Os três foram tão... Calorosos. Gentis. Amigáveis. Leais.

E ele... Os traiu. Agiu por medo. Causou danos irreparáveis.

Agora, os últimos momentos de James rodavam em sua cabeça num ciclo vicioso...

-Você está bem? O que ele fez com você? -James havia dito sem som, naquela fatídica noite, apenas um instante antes de faíscas verdes atingirem seu corpo, e ele cair no chão com um baque surdo.

A preocupação que James tivera com ele, Peter, em seus últimos segundos, mesmo sabendo que havia sido traído, foi um ato de amizade que ficaria gravado em sua mente para sempre.

E havia Lily.

Ela também havia sido incrivelmente receptiva com ele. Ajudara-o a estudar para os N.O.M.s e N.I.E.M.s... Passara madrugadas em claro lhe explicando como executar certos feitiços, os movimentos corretos...

E agora ela e James... Ambos estavam mortos. Por sua causa.

Sirius passara 12 anos em Azkaban por sua culpa. Remus vivera sozinho, enfrentara todas as noites de lua cheia durante esses 12 anos tendo apenas sua própria companhia.

Peter era o culpado. Peter Pettigrew causara tudo isto.

Peter fez com que Harry crescesse sem os pais. Sem uma imagem verdadeiramente paterna ou materna.

Peter era um idiota que sempre agira por medo.

Um idiota completo.

Por Merlin, como ele se odiava!

Como ele se arrependia!

Seus únicos amigos verdadeiros estavam mortos, e...

Era sua culpa.

Sua.

E nada jamais compensaria seus erros.

Ninguém nunca, nunca o perdoaria...

Tudo aconteceu tão rapidamente... Estes flashes de memória, o arrependimento, a tristeza, o ódio de si mesmo, essa hesitação...

Peter Pettigrew sempre hesitava. Mas dessa vez era diferente.

Dessa vez, ele sabia que se realmente matasse Harry, ele nunca se perdoaria. Não que ele pudesse se perdoar por todo o resto, porém ele havia tido medo... Ele havia agido sem pensar, sem refletir, apenas seguido seu instinto de sobrevivência.

Ele tinha que, ao menos uma vez em sua vida covarde, honrar a escolha do chapéu seletor. Ele tinha de ser corajoso. E aquela seria sua última oportunidade, pois se a deixasse passar, a coragem simplesmente se esvairia da cada centímetro de seu corpo.

Nada compensaria o que ele havia feito.

Mas ele precisava... Tentar. Tentar, dessa vez, ser corajoso.

Então não era mais uma simples hesitação.

Era coragem.

Talvez o chapéu tivesse acertado, afinal de contas.

Pois Peter Pettigrew desviou sua mão metálica da garganta de Harry, e assim que o fez, ela simplesmente estrangulou seu próprio usuário.

-Eu sinto muito... -Peter pensou ter sussurrado as palavras mais sinceras que pôde encontrar, enquanto seu coração perdia as batidas e seu pulmão se esvaziava uma última vez.
Uma lágrima ainda quente escorreu de seu olho esquerdo, enquanto ele dava seu último suspiro, e Pettigrew finalmente soube que havia feito uma escolha certa.

•••

Bom... Foi isso! Espero que tenham gostado! Eu acabei de descobrir que gosto de escrever one shots, mesmo que elas não fiquem incríveis, sabe? Agora eu tô pensando em escrever uma one shot bem trágica também, daquelas que faz a gente chorar mesmo. Seria um headcanon que fica aparecendo na minha cabeça toda vez que eu penso nos últimos momentos de jily... Mas eh isso menines, beijo beijo, me digam o que acharam! Se eu não responder aqui, podem me chamar no twitter @/notfakepotter que eu tô lá! Bye byeee

HesitaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora