Observava atento enquanto Ângela processava a informação, me mantinha em silencio depois de finalmente ter aberto o jogo de como as coisas funcionam aqui, sabia que não deveria mas já se passavam três dias desde que ela está aqui e eu já não aguentava mais dar meias respostas as suas perguntas, Hernando também estava me deixando louco com seus questionamentos e eu estava a ponto de explodir.
- Você não tem nada para dizer?
Pergunto a ela, eu estava inquieto com toda essa situação meu corpo todo estava estático.
- Eu quero sair daqui.
Ela fala sem olhar para mim. Respiro fundo antes de me aproximar e dou dois passos a sua frente, toco sua mão devagar mas sem rodeios ela se esquiva, arqueio minha sobrancelha.
- Ângela, você queria saber a verdade...
- Mas e essa verdade, Gabriel? - Desta vez ela me encara e despeja todo seu descontentamento. - Você é o líder de um esquema de drogas, uma gangue? E meu filho está fadado a ter o mesmo destino?
Mantive o silencio por breves segundos, passo uma mão na minha cabeça como se pudesse tirar todo aquele peso com ela, suspiro.
- Não é bem assim, eu vou dar um jeito. Nós vamos conseguir fugir disto, preciso de paciência.
- Paciência? Durante quase um ano da minha vida eu me dediquei a você, deixei minha escola, amigos... - Seus olhos marejavam com forme ia se livrando das palavras. - Eu fui colocada para fora de casa e não tive sequer a chance de me despedir do meu irmão.
Podia sentir um bile se formar em minha garganta e precisei de forças para engolir a seco e novamente encarar-lhe.
- Ângela, eu nunca quis isso. E também não quero para você, ou para o nosso bebe.
Desta vez ela não diz nada e apenas leva as mãos até seu rosto, vê-la assim me tirava de mim, as coisas eram complicadas mas era preciso paciência para finalmente me nos livrar de tudo isso.
"Toc-toc"
Tive minha atenção fisgada pela batida na porta e encarei Ângela antes de me virar para ir ver quem era, ninguém costumava me incomodar quando estava no quarto um leve pressentimento vem a minha mente.
- O que você quer?
Hernando estava a minha frente.
- Precisamos conversar.
- Pode esperar, estou meio ocupado agora.
Fecho a porta depois de ignorar qualquer coisa que ele quisesse mas sua mão barra a porta antes que ela pudesse realmente se fechar.
- Tenho certeza de que você não pode esperar. Saia.
O encaro em silencio e despejo nele minha raiva, dou uma última olhada em Ângela e com um sinal aviso que não demoraria. Fecho a porta do quarto atrás de mim assim que saio.
- Que merda você quer?
- Está tudo pronto para que você vá para Nova York!
- Era só isso? Podia ter mandado qualquer um dos seus garotos de recado.
Apesar de sermos irmãos, eu não sentia empatia alguma por ele, sua simples presença me tira do sério. O encaro, agora em silencio e devagar eu via um sorriso se formar em seu rosto.
- Se eu mandasse "um dos meus garotos de recado" como que eu ia ter o prazer de pessoalmente saber do meu sobrinho?
Não consigo pensar duas vezes antes de empurra-lo contra parede e segurar-lhe por sua gola, meus olhos ardiam assim como meus punhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pierrot
ActionPierrot é uma historia sobre passado. Baseada no RPG (Connected) a trama conta a historia por trás dos sobrenomes dos gêmeos, Julian e Jamie, que aos 14 anos se encontram completamente sozinhos quando sua negligente mãe foi assassinada. Ninguém sabi...