O sexto integrante

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Muitas vezes, é engraçado pensar em como os acontecimentos da vida conseguem nos mudar. Não apenas em amadurecer, mas também a própria personalidade.

Toda a minha história era um exemplo disso. Frank Iero, antes um garoto criado em um lar exemplar, e, agora, apenas um adolescente de dezessete anos que já se encaixava na definição de fora da lei.

Eu abri meus olhos para levantar da cama que tinha dormido na noite passada, uma desconfortável graças ao colchão fino que não disfarçava a estrutura de metal da cama. Calcei o coturno muito usado que havia tirado na noite passada e saí do meu quarto.

Chegando no centro do galpão abandonado que vivíamos, encontrei todos os outros quatro reunidos nas cadeiras para conversar. A luz que acenderam no teto estava tão forte para um recém-acordado que meus olhos quase fechavam para se protegerem.

- Já não era hora, Frank. - Robert se levantou e deu um tapinha no meu ombro, provavelmente pensando que isso era um ótimo cumprimento.

- Se você continuar a dormir tanto assim, você não vai conseguir aproveitar nada do dia. Eu já te falei isso. - Jamia falou, sorrindo para mim.

Essa garota era a que eu mais tinha afinidade do nosso grupo. Com certeza, era minha melhor amiga, e eu a conhecia há mais tempo do que conhecia Robert, Tom ou Elisa, todas as outras pessoas que viviam comigo no ex-armazém industrial abandonado. Jamia era a pessoa que havia me visto mudar de vida e que entendia como era isso.

- Sinceramente, como nós temos aproveitado o nosso dia? - eu perguntei. - Já faz um longo tempo desde que fizemos algo empolgante. Eu iria passar menos tempo dormindo se tivéssemos algum plano novo para cumprir.

- Ah, cara, deixa de ser tão reclamão. - ela brincou. - Nós não somos nenhuma turma da máfia ou chefões do crime para simplesmente fazermos o que quisermos. Nós furtamos quando precisamos, você sabe disso. Mas, já que você falou... Elisa nos trouxe algo novo.

Minha melhor amiga olhou para a outra de cabelos ruivos cacheados, esperando alguma manifestação.

- Obrigada por ter estragado a surpresa, Jamia. - ela ironizou, levantando da cadeira para se pronunciar.

- De nada. - Jamia sorriu com a mesma ironia na resposta.

- Não é uma super aventura ou uma maravilha para tirar o tédio de Frank. É um... recrutamento. Eu conheço um cara, e ele também não tem para onde ir. Ele se meteu em uns problemas no lugar que ele estava ficando, porque, aparentemente, ele era bonzinho demais para crimes violentos. Acho que vocês não teriam problema se mais um se unisse a nós.

- Ah, meu Deus, Elisa. Você não vê o quão pouco de recursos nós temos? Como você pôde convidar um cara que você mal sabe quem é para cinco pessoas que vivem juntas há vários meses? Isso não é um abrigo. - Tom protestou.

- Ei, eu não mal conheço ele! Ele é um velho amigo. Assim como Frank e Jamia se conheceram quando crianças, mas eu e ele acabamos perdendo contato. E não é como se ele não fosse ajudar. Ele é incrível. O nome dele é Gerard.

Gerard. Esse era realmente um nome bonito, pensei eu.

- Tudo bem. Mas eu tenho direito a algumas perguntas! - Tom exclamou. - Quantos anos ele tem?

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