Quatro meses depois.
Os meses passaram rápidos a família Borges, entraram em um consenso grande a parte. Micael finalmente tinha inaugurado sua clínica, a mais bela e acessível de Denver, estava orgulhoso de si mesmo. A festa de abertura foi incrível, com certeza tinha sido um grande passo.
Ethan deixou de ser cabeça dura e decidiu entrar no time de Micael, mais um médico na coleção. No fundo Micael sabia disso mas não quis pressionar o amigo, fez o mesmo pedir demissão do hospital.
Tão companheiros, até no trabalho.
Sophia tinha completado seu quarto mês de gestação, a barriga estava bem visível, mais visível do que quando estava grávida de Analee. Estava tão ansiosa pra saber, pra ver o rostinho, passar tudo novamente era uma loucura mas valia a pena. Pra ela valia muito. E Analee já estava bem espertinha, tinha crescido bastante, com seus seis meses. Os dois se derretiam em amores.
- Senhor Borges, telefone pro senhor - a atendente sorriu ao moreno que estava correndo contra o tempo, o jaleco balançava em seu corpo de tanto que andava dentro daquele clínica.
- Transfira pra minha sala, por favor - disse e foi até a sua sala.
Bem refrigerada, tudo muito novo. Mais novo do que sua antiga sala no hospital.
- Borges - disse assim que escutou o bipe da transferência.
- Amor, onde você está? - a voz de Sophia ecoou.
- Trabalhando, amor. Onde mais eu estaria? - sorriu.
- Você tem que estar aqui daqui a duas horas, sabe que eu tenho obstetra - Micael grunhiu, tinha se esquecido - você não esqueceu, ou esqueceu?
- Não esqueci não, amor - abriu a gaveta pegando um papel - será que hoje conseguimos ver o que é?
- Depende, está me chutando desde cedo.
Micael sorriu.
- A casa está em silêncio, Analee está dormindo?
- Saiu com Karen, ela passou aqui mais cedo.
- Foram ao parque?
- Acho que sim, pediu pra que tirasse o carrinho.
- Com certeza foram ao parque - escreveu alguma anotação - fique pronta, eu passo aí as duas.
- Não se esqueça, por favor.
- Não vou me esquecer, meu amor. Eu te amo.
- Eu também te amo - Micael sorriu, Sophia desligou a ligação.
Tinha se esquecido completamente que a esposa tinha obstetra, justo hoje. Coçou a nuca preocupado, a lista de pacientes era enorme.
Saiu da sala procurando por Ethan.
- Onde está Ethan?
- Foi tomar café, eu acho - outro médico respondeu.
- Me chamando, senhor Borges? - brincou, segurava um café nas mãos.
- Preciso que me cubra até ás cinco, eu vou ir no obstetra com Sophia.
- Posso até te cobrir mas não sei se vão querer passar comigo.
- Vão sim - sorriu meio desesperado - eu preciso muito ir, já tinha me esquecido desse imprevisto.
- Falando em imprevisto - andaram até a sala do amigo - você viu que interessante um paciente daqui?
- Algo de errado? - Micael cruzou os braços.
Ethan pegou sua pasta folheando as diversas páginas, parou na décima folha vendo o prontuário.
- Stephanie, dezenove anos, sofre de um acontecimento raro, um acidente que destruiu sua vida - pausou - é paraplégica mas pode voltar a ter os movimentos novamente, o namorado quer doar a medula - encarou Micael - isso te lembra alguma coisa?
- Diz pra ela que no final os dois têm prejuízos com fraldas - ia saindo.
- Eu achei muito bonito, vou encaminhar os dois a você.
- Eu já estou cheio de pacientes, eu gostaria muito de recebê-los e pegar o caso, mas estou muito cheio. Realmente não dá.
- Que homem cheio de compromissos, muito bem - riu de Micael.
- Te odeio.
- Eu também - viu Micael sair.
O moreno foi até sua sala, pegou seu celular e a chave do carro, tinha que ir pra casa buscar Sophia.
Dirigiu feito um louco pra chegar a tempo, pediu pra que a mesma descesse e sorriu quando avistou ela saindo da portaria, usava um vestido solto, a sapatilha favorita nos pés, a barriga perfeitamente redonda no pano do vestido, era tão linda. Os cabelos ao vento, Micael era apaixonado por ela, não tinha dúvidas.
- Oi, amor - beijou o mesmo.
- Oi, meu amor - sorriram - como você está? - voltou a dirigir.
- Bem, e vejo que você está correndo de novo? - encarou o mesmo ainda com o jaleco.
- Não deu tempo de tirar.
- Aham, eu percebi - achou graça - pelo jeito Analee vai voltar tarde hoje.
- Karen vai demorar pra trazê-la?
- Vai, ela quer ficar um pouco com Ana - sorriu a Micael - estamos um pouco, sozinhos... - colocou a mão no centro da calça de Micael, ele sorriu com malícia.
- Meu Deus, você está grávida - riu leve - não me diga que são seus hormônios de novo?
- São.
- Não é possível, a gente matou a vontade duas vezes na noite passada.
- Agora eu quero mais.
- Danada - Sophia achou graça.
Micael estacionou na frente da clínica, ajudou Sophia a descer que segurava seus documentos do mês anterior, tinha que mostrar a médica. Falaram na recepção e a mesma já esperava, entraram na sala onde conversaram mais um pouco, a obstetra pediu pra que Sophia subisse na maca.
O mesmo processo repetiu novamente, o gel gelado era passado no ventre de Sophia que sorriu quando o monitor foi ligado, Micael se emocionou ao ver o ultrassom.
- O coração está batendo bem, muito bem. É um bebê saudável - a médica sorriu.
- Conseguiu ver alguma coisa? - Micael perguntou ansioso.
A médica mexeu o aparelho, arqueou a sobrancelha tentando ver. Sorriu aos dois.
- Parabéns papais, lá vem mais uma menina!