ADELAIDE

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— A senhora se chama Adelaide?

— Sou eu?

Antes de tentar entender o que estava acontecendo eles enfiaram os pés na porta e o solavanco atingiu-a na cabeça e arremessou-a a vários metros para dentro da sala. Eles entraram como se tivessem sido convidados. O primeiro sentou-se no sofá. O segundo olhou para fora antes de fechar gentilmente a porta atrás de si. Eram homens de ternos impecáveis. Seguranças. Deviam ser seguranças com toda a certeza.

Estendida no meio da sala, com as mãos na cabeça e sem poder ver o que acontecia em sua volta, Adelaide chorava de dor. Um choro silencioso, pois, aprendeu a chorar assim desde a mais tenra idade.

— A senhora atende por um apelido? Na internet? — perguntou o homem sentado no sofá.

— Ai! Ai, minha cabeça! — foi só o que ela conseguiu responder.

— Daqui a pouco não vai ser só sua cabeça que vai estar doendo! — revelou uma voz gutural saída do homem em pé. Um homenzarrão que foi imediatamente repreendido pelo olhar do homem sentado.

— Temos como provar que a senhora tem um nome de internet chamado "DoraSub34". A gente só quer a confirmação disso! A senhora é a tal "DoraSub34"? - insistiu o homem sentado.

— Está batendo em mim porque eu sou "DoraSub34"? É isso?

— Só queremos a confirmação!

— Vai tomar no cu!

Silêncio na sala.

— Vão tomar no cu, seus filhos da puta! Algum "dom" de merda mandou vocês aqui?

Os homens se entreolharam.

— Então é isso? Um bosta poderoso se achou um dominador e agora quer apagar os traços das conversas dele com suas putas?

Ela riu. O homem que estava no sofá se levantou. Sacou uma pistola.

— Eu lamento muito! — ele disse antes de apontar a arma.

Adelaide viu uma tristeza genuína em seus olhos. Ele havia gostado dela. Lembrou-se dos homens que lhe prometiam amizade e lealdade e não possuíam um olhar como aquele.

— Espere!Você não pode me matar, senhor!

Novamente um silêncio tenso havia tomado a sala.

— Por que não?

— Porque meus dados com a conversa que tive com seu dominador de merda foram criptografados e enviados a um domínio Derex.

— O quê?

— Eles estão hospedados num servidor Derex... senhor!

— Não me chame de senhor, sua puta!

O homem baixou a arma e sentou-se novamente no sofá. Coçou a cabeça e ruminou por um longo tempo, antes de ser incomodado pelo comparsa.

— O que está havendo?

— Está havendo uma merda, é isso que está havendo!

— Que baguio é esse de Derex?

— É um servidor de segurança nível 4 que tem acordo com o Wikileaks. Caso algum de seus alimentadores, no caso esta vadia aqui, não dê sinal de vida... eles têm um protocolo de segurança que divulga todos os dados enviados por ela. — olhou para Adelaide com desconfiança — Você não é submissa, puta, coisíssima nenhuma, né? Você trabalha para quem?

— Eu não trabalho para ninguém, senhor!

O homem sentado no sofá acendeu um cigarro. Ficou olhando para ela enquanto baforava sua fumaça.

— Você não tem ideia no que tá se metendo. — disse. — No que tá metendo sua família.

— Anota aí...  - interrompeu ela - Diz para seu senhor que quero uma passagem e um aluguel pago em Portugal. Para mim e para minha filha. E quero uma pensão. Não é muito não, só quero o suficiente para gente comer. Quero que cuidem de mim e de minha filha, porque se morrermos, você sabe bem o que acontece.

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Sexy Drops - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora