Prólogo

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- Eu te amo.
- Você teve a coragem de ir EMBORA e me deixar aqui sozinha... Grávida! – os olhos dela estavam muito inchados, ela devia estar chorando à horas, devia estar chorando muito tempo antes de eu chegar.
- Eu estava trabalhando.
- Você sempre está trabalhando! Você não entende... Esse é o problema – a  porta abriu. De repente estava escancarado. Harry adentrou ao quarto em direção à mãe, como se precisasse checar para ver se estava tudo bem. Ao contrário do que eu pensava, a minha chegada não foi nada calorosa. Sabia que alguns perrengues me aguardavam por aqui, porém mantive a esperança de que tudo correria bem se  explicasse os meus VERDADEIROS motivos para ter viajado tão repentinamente. A irmã dela entrou no quarto me fitando com olhar de mais puro desprezo, como se houvesse uma gosma na minha pele, como se eu fosse o animal mais tosco, mais indigno da face da Terra. – Não sei se vou conseguir te perdoar.
- Eu te amo. – era a única coisa que surgia na minha cabeça, já que eu chegara a minutos atrás  e desde então não havia tocado num fio de cabelo da mulher da minha vida.
- Pois eu já não tenho tanta certeza do que eu sinto. – Ela saiu do quarto em que estávamos, levando Harry  consigo, me deixando só, com meus pensamentos e o meu sentimento de culpa.
                                                            *          *
  Fomos dormir tarde. A recepção fora razoavelmente prazerosa ao lado do meu irmão e do resto da família. Era exatamente 2 horas da manhã quando finalmente decidimos nos recolher. Ao entrar dentro do quarto, senti uma pontada de  desespero. “Eu preciso falar com ela, eu preciso fazer com que  ela me perdoe”.
- Ká? Já dormiu? – perguntei cochichando, cauteloso para que não eclodisse a 3ª Guerra Mundial.
- Eu não quero ficar perto de você. Vá dormir no sofá. – ela falou em alto e bom som, eu sabia que ela não estava brincando.
- Eu te amo, por favor me perdoa. – eu já estava me humilhando.
- Se você não sair, saio eu.
Saí. Rumando em direção ao sofá, com plena consciência de que jorrava uma cascata de lágrimas dos meus olhos, senti uma dor horrível, era como se alguém estivesse arrancando meu coração, era amor. Me encolhi no pequeno sofá de dois lugares me cobrindo apenas com uma manta surrada. Não conseguira dormir até então, meu coração batia acelerado, como se tocassem um milhão de escolas de samba dentro dele. Eu ouvi alguém descendo as escadas, provavelmente alguém indo ao banheiro, ou à cozinha em busca de um copo d’água, então fingi que estava dormindo. Não era qualquer pessoa. Era ela. Ela se alojou entre meus braços com a respiração ofegante, se aninhou como um pequeno pássaro.
- Você me perdoa? – cochichei, não podia perder a oportunidade.
- Não.  – ela cochichou de volta num tom de súplica relutância. – São seus olhos. Seus incríveis  olhos verdes...

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⏰ Última atualização: Aug 14, 2018 ⏰

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