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Quando retorno ao quarto, Bernardo parecia tão apreensível quanto eu por uma definição minha, ele levantou da cama assim que me viu, olhando-me esperando eu iniciar a falar, eu simplesmente segurei a sua mão em silêncio o levando de volta para a cama, deite-me no meu lugar de costume de costa para ele, porém virando o rosto para olhá-lo, ele deitou-se ao meu lado e nós dois rimos em cumplicidade. 

Ele coloca os braços em torno de minha cintura e assim ficamos por um longo tempo, só então ele beija meu rosto, mordendo o lóbulo de minha orelha a sussurrar:

_ Eu amo você.

_ Eu também te amo.

Respondi em seguida, beijando seus lábios puxando com o  dente o inferior. 
Dormimos abraçados aquela noite.

Quando acordo Bernardo não está ao meu lado na cama, olho de relance a tela do celular e vejo o horário, dormi bem mais do que de costume, talvez seja  uma recompensa das noites mal dormidas por sentir falta de Bernardo, esperava acordar com um beijo, mas não foi isso o que aconteceu. 

Faço minhas higienes  e desço ao andar de baixo, no topo inferior da escada dois garotinho cada um com um sorriso em seus rosto:

_ Vem papai. 

Daniel dizia ao me estender a mão, Samuel também estendia a sua, segurei suas pequenas mãozinhas e eles me conduzia para a parte externa da casa onde Bernardo havia preparado um piquenique para nós quatro, animados os meninos dizia:

_ Surpresa!

Mas meu olhar estava sobre o homem parado a minha frente com um largo sorriso.

_ Bom dia Gui. 

_ Bom dia Bê. Você não me acordou.

_ Quem ousaria despertá-lo quando você parecia dormir tão gostoso, quando os meninos apareceram no quarto eu desci com eles para que eles não fizesse bagunça e te acordasse.

Ele se aproximou e eu me permiti ser beijado por ele. 

Sentados ali no jardim, sobre a toalha estendida no chão, olhando os nossos filhos brincarem, encosto as costa do meu corpo sobre o peitoral dele.

_ Como eles reagiram quando te viram no meu quarto hoje?

_ Seu quarto?

_ Corrigindo, nosso quarto, mas então como eles reagiram?

_ Eu acho que eles não entendem muito o que se passava, eu acho que eles acharam natural os dois pais deles estarem juntos, e é assim que devemos agir com eles naturalmente. 

_ Eu tenho medo de confundir a cabecinha deles. 

_ Eles não parecem confusos Gui.

_ É... eles parecem feliz.   

_ E nós Gui... como ficamos?

_ O seu lugar é aqui Bê, junto com os seus filhos e ao meu lado. 

Vi Bernardo exibir um largo sorriso enquanto levava as duas mãos ao meu rosto levando para perto do seu enquanto nossos lábios colavam-se.

Desfruto daquela visão deslumbrante antes de fechar os meus olhos recebendo seu beijo, mas interrompidos pela algazarra dos meninos nós dois ríamos. A verdade é que eu estou extremamente feliz  com a nossa reconciliação. 

Ainda estávamos naquele clima agradável quando o toque do meu celular nos chama a atenção, eu que estava enxugando os cabelos de Samuel após retirá-lo da piscina digo a Bernardo:

_ Atende para mim Bê, aposto com você que deve ser a Lana querendo saber como foi o jantar.

_ Alô, quem é?

Ouço Bernardo perguntar conversando com o locutor do outro lado da linha e no mesmo instante ele me estender o celular com expressão de poucos amigos. 
Estranho seu comportamento, ainda mais por que a ligação havia sido interrompida:

_ Quem era Bê?

Ele me olha com um olhar de acusação, mas sorri para os meninos:

_ Quem quer passear com o papai no shopping?

Uma resposta unânime dos dois em afirmação.

_ Então vão tomar um banho e se arrumar, estarei esperando aqui. 

As crianças corriam e eu segurei em seu braço fazendo ele virar-se para me olhar:

_ Quem era no celular?

_ O seu amigo que você beijou. 

_ Que eu beijei?

_ Foi o que ele disse, "_ Você esqueceu do psicólogo que você beijou?

_ Bê... não foi eu quem beijei, ele me beijou... eu não acredito que novamente você vai começar com esse ciúmes bobo. 

_ Não, não vou, eu te prometo, eu confio em você Gui. 

Ele me beijava e eu retribuía: 

_ O Lyam disse o que ele queria?

Perguntava para saber a sua reação, sim eu o queria testar, eu precisava que ele confiasse em mim. 

Ele respirou fundo:

_ Disse que estava feliz por nós dois quando eu disse que era o seu marido. 

Tive que me controlar para não rir, ele parecia um predador marcando território. 

_ Eu irei ligar para ele se importa, ele é apenas um rapaz que eu conheci no ônibus e ele me ajudou.

Percebo que ele quer provar a sua confiança ao mesmo tempo que quer sondar o rapaz com os próprios olhos:

_ Convida ele para tomar um drink com a gente hoje a noite. 

_ Tem certeza?

_ Eu estou tentando, é difícil para mim, mas por você eu estou tentando. 

_ É um bom sinal Bê, lógico que é um começo e temos que trabalhar isso em nós, mas eu te agradeço por pelo menos tentar. 

As palavras dele são tão sinceras que me desarma, eu percebia que sim ele estava tentando ser confiante, eu tinha que dar um desconto afinal esse ciúmes foi gerado com fofocas, intrigas de Glauco e não seria de uma hora para outra que esse sentimento maléfico iria sumir:

_ Vai conosco ao shopping?

_ Não, vai com os meninos, eu ficarei aqui preparando algo bem gostoso para quando vocês retornarem. 

Sem que eu estivesse esperando ele me puxa pela cintura ao seu encontro chegando a elevar-me deixando na ponta dos pés e beija-me enlouquecidamente. 

Sei que essa é a forma dele se sentir seguro por isso não reclamo e na verdade nem tenho do que reclamar quando ele se mostra o meu dono pois é exatamente isso que ele é o meu dono. 

Seus lábios separam-se do meu e um sorriso malicioso se desenha:

_ Amo te beijar assim. 

_ Pois acredite, é reciproco, adoro quando me beija assim.

A leve provocação teve que ter um fim com a chegada dos meninos. 

É lógico que no nosso relacionamento precisávamos realinhar algumas coisinhas aqui, outras ali, mas nos daríamos uma segunda chance, eu amava-o demais, e sabia que mesmo da maneira torta de Bernardo ele também me amava. 
Enquanto eles estavam no shopping, resolvi fazer algumas guloseimas que sei que meus três formiguinhas amam, não, não convidaria Lyam para nossa casa, não naquela noite, aquela noite eu queria apenas para nós quatro, outro dia quem sabe, quando eu sentisse que Bernardo estivesse mais confiante aí sim eu os podia apresentá-los, não queria provocar uma situação desnecessária, em um relacionamento para que tudo corra bem um teria que ceder e se fosse eu que tivesse que ceder para que a harmonia do nosso lar fosse legal eu assim o faria.    

Em busca de redençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora