Capítulo 01 ✔

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SELVAGEM é o desbotado céu de Dreamland — exatamente

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SELVAGEM é o desbotado céu de Dreamland — exatamente. Cidade dos sonhos foi um equívoco do seu fundador; talvez, estivesse bêbado quando determinou que assim fosse. Bela ironia.

Neste momento, a tempestade açoita o tumultuado asfalto da Atlantic Avenue, tamborilando na envidraçada janela do carro do papai, enquanto eu estou observando, fascinada, as delicadas gotas cristalinas que, despencando do desanuviado céu matutino, fazem caminho pelas superfícies, alimentando as tantas poças d'água pelas ruas da cidade.

As milhas tardam com a quilométrica fila ao longo da avenida e papai espia o relógio pela quinta vez, impaciente, os olhos amendoados atentos ao transtornado trânsito desta imprecisa terça-feira.

O senhor Hayes é um dedicado homem de negócios, vestido em um impecável paletó escuro e com uma perfeita gravata azul. O acobreado cabelo está magnificamente penteado e a barba muito bem aparada. Ao lado da mamãe, jovial, cabelo escuro e olhos azuis vibrantes, parecem um típico casal feliz que pretendem envelhecer juntos.

Mas quase sempre a realidade parece determinada a ferir toda e qualquer fantasia. Como, por exemplo, a ideia de ser pontual depois de alguns dias ausentes. Obrigada Poseidon!

Especialmente hoje, o universo resolveu conspirar contra mim. Eu tenho aula dupla de literatura e soube que o senhor Wilson foi obrigado a ausentar-se da Empire School, o mais conceituado colégio elitizado do estado. Agora, contamos com o professor substituto de literatura e eu não faço ideia do que posso esperar do tão famoso senhor Raymond.

Sim, ele é simplesmente O PROFESSOR! — exaltou Paige Marie Watson dois dias atrás e essa não é qualquer garota da minha escola. Ela é a minha mais querida amiga e única, eu diria.

— Ah, querida, eu lamento em dizer, mas iremos atrasar. — A voz do papai atrai minha atenção.

— Tudo bem, papai. Sabe como é a chegada de professores substitutos. Às vezes é um pouco confusa. — Eu volto a contemplar a fantástica tempestade.

Os ventos uivantes quase são silenciados pela fúria dos trovões, assobiando estranho em um eco meio fantasmagórico.

— Deve ter puxado a sua mãe, Anna, para encontrar calma no meio dos furacões.

Eu sorrio.

— A pressa não nos leva a lugar algum, papai. Foi o senhor que me ensinou isso. Sempre caminhar antes de correr.

— Parece que a aluna superou o mestre. — Nós dois começamos a rir e o trânsito voltou a fluir quase imediatamente.

Toda a tranquilidade que carreguei comigo pelas ruas da cidade pareceu desvanecer diante do sofisticado, imponente e austero edifício da Empire School.

Amores Proibidos - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora