Certo dia, um rapaz resolveu dar uma festa para comemorar seu aniversário. Ele convidou os seus amigos e parentes. Mandou preparar inúmeros doces e salgados, comprou litros e litros de bebida: vinho, cerveja, sem falar na vodca e na catuaba. "Vai ter muita gente louca e dando P.T, vai ser uma festa para ninguém botar defeito.", pensou ele. Decorou sua casa com jogos de luzes e arranjou um paredão. Enfim, fez todos os preparativos para que fosse uma festa de arromba.
Dentre as comidas que ele havia mandado preparar, estava sua sobremesa preferida: uma torta de prestígio, coberta com pequenos pedaços de chocolate meio amargo. Claro que ela seria enorme, pois seria usada na hora de "bater o parabéns".
Conversa vai, conversa vem, chegou o dia da festa. Vários convidados, casa lotada. E ele, que já estava para lá de Bagdá na hora de cortar a torta, precisou se ausentar para tirar uma aguinha do joelho logo após soprar as velas. Demorou um pouco, já que alguém tinha morrido dentro de um dos banheiros e o outro estava com uma pequena fila. Quando voltou, só encontrou a travessa suja onde antes estava a torta.
Mas ele imaginou que: "Devem ter guardado um pedaço da torta para mim, afinal sou o aniversariante". Surpresa foi a sua ao perceber que ninguém tinha guardado torta para ele. Nem seus tios pinguços, nem seus irmãos e amigos. Ninguém lembrou de guardar um prato de bolo para o aniversariante. Tinham umas vizinhas, inclusive, que já estavam se esgueirando da festa com um pratinho. E uns amigos muito doidos jogando um pedaço da sua maravilhosa sobremesa numa árvore no quintal.
Pior que isso, na semana seguinte ainda tinha havia gente reclamando que não deu para levar um pedaço de torta para casa. Reclamando a ele, o próprio aniversariante que não tinha comido sua própria torta de aniversário.
Moral da história: procure ter, pelo menos, um pouco daquilo que é importante para você separado e priorizado. Dê o seu melhor, mas não dê tudo de si aos outros, pois não importa o quanto você ofereça nunca vai ser suficiente.
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O bolo do aniversariante, ou o faisão do século XXI
Short StoryNova versão de outra pequena fábula (ou seria crônica?) minha, mas ambientada nos dias de hoje.