Capítulo 4

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- Como é que…

- Não vamos ter esta conversa aqui – interrompeu Anysha – Ela não é a única que muito vê.

Rápida e Silenciosamente, terminámos a nossa refeição. E quando estávamos quase a sair da cantina, sou puxada por alguém.

- Jake. – sorriu.

- Tudo bem? – ele sorri de volta

- Claro. Eu tenho mesmo de ir – olhámos os dois para Alysha e Anysha. A primeira com uma cara sorridente, e a outra totalmente carrancuda.

- Princesa Anysha?

- Pois, ser uma Shayikeli tem os seus benefícios.

- Tenho saudades tuas, Trisha.

- Eu realmente tenho de ir. Vejo-te noutro dia, sim?

Andei apressadamente, antes que ele agarrasse novamente. Era tão difícil manter o controlo perto de Jake. Conheci-o toda a minha vida. E em segredo, sempre namorámos. Mas agora que tinha sido eleita uma Shayikeli, iria-me ser atribuído um marido. Tinha de o esquecer, para meu, e seu bem.

- Terra chama Trisha? – Alysha abanou freneticamente a sua mão na minha face.

Olhei outra vez para trás, e vi Jake conversar com uma rapariga. Olhei novamente para frente, e segui o meu caminho.

Anysha conduziu-nos até uma floresta situada a oeste. Dizia que sabia de um sítio em que podíamos conversar sem sermos vigiadas. Tropecei inúmeras vezes em pedras e paus, devido ao salto das botas. Mas ainda assim, cheguei sã, e salva até ao nosso destino, uma árvore.

- É aqui. Subam atrás de mim. – Anysha subiu umas escadas implemantada na parte de trás da árvore, e eu fui à sua trás, seguida de Alysha.

Lá bem no cimo, aproximadamente 10 metros, havia uma plataforma, a qual subimos. Essa plataforma, segurava uma casa coberta de folhas e troncos, sem janela alguma.

- Bem-vindas ao meu covil – Anysha abriu a porta da pequena casa, que por sinal, era bastante acolhedora no seu interior.

Um colchão encostado à parede lateral esquerda, com almofadas e cobertores por cima. Uma mesa, também encostada a essa mesma parede, com um telescópio no topo. A parede da frente era coberta por estantes com livros, e à frente da mesma uma pequena mesa com almofadas à volta. Na parede lateral direita havia um colchão, onde parecia que havia alguém a dormir.

- Quem está ali? – inquiri

- É só o Drew. Está tudo bem. Se há alguém que conhece estes caminhos melhor que eu, é ele. – assegurou-nos – Drew!

- O quê é? – inquiriu Drew com uma voz terrivelmente sexy e ensonada.

- Acorda, temos companhia.

Drew levantou num pulo do seu colchão, revelando o seu corpo bronzeado e incrivelmente bem estruturado, visto que estava apenas de boxers. Era óbvio que visitas, não fazia parte do seu dia-a-dia. O seu cabelo era castanho escuro, igual aos olhos, e estava despenteado, ainda assim, sexy.

- Meninas, bom dia. – cumprimentou. – O que raio estão aqui a fazer?

- Quanta hostilidade, não era necessária. – disse, sarcástica

- Elas querem que as levemos até Mahamumsha. E nós vamos fazê-lo. – informou-lhe Anysha

- Anne, não podemos. Da última vez que saímos da fortaleza, eu fui alvejado. A segurança agora está mais forte. Até a estudarmos melhor, não podemos ir.

- Oh por favor, Drew! Nunca foi problema para ti. E a bala mal te tocou, não sejas maricas.

- Porquê que vocês querem ver Mahamumsha?

- Bem, eu sou a Shayikeli da verdade - expliquei – Tive um sonho, e preciso de respostas que só ela as tem.

- Porquê que não pedes à mãe da princesinha, que te leve lá?

- Não nos pareceu uma boa ideia. Ouve, vais fazê-lo ou vais acobardar-te? – pressionou Alysha.

- Vou arrepender-me tanto disto. – rendeu-se, por fim.

Depois de termos convencido Drew, ele foi tomar banho. Quando voltou, apenas vestia calças de ganga, o que não era bom para a minha concentração.

- A meia-noite é a melhor hora para isto. É quando todos dormem serenamente, até mesmo as pessoas do templo. – assegurou Drew

- À meia-noite? – inquiri

- O que foi Shayikeli, medo de perder o sapato na fuga? – troçou

Ignorei o seu comentário, e olhei para o plano. Era demasiado arriscado. E todos teríamos muito a perder, caso fôssemos apanhados.

- Então o plano é o seguinte: Vocês as três vão buscar as chaves ao quarto de Noulsha, e tu Anysha és quem as guardas. Vão para casa, finjam que dormem, e à meia-noite, encontram-se no início da floresta. Encontram-me aqui, eu terei tudo o que irei precisar. E depois seguimos pelos túneis. Entendido?

- Sim – confirmamos em uníssono.

- Shayikelizinha e ajudante, sabem lutar?- inquiriu

- Chamas-me novamente de Shaykelizinha, e mostro-te o quão bem sei lutar e manejar uma espada, assim como sei acertar o alvo com a flecha.

- Wow! – Drew levantou as mãos, como que em redenção - Calminha.

- O que foi? Medo de perder a outra cabeça? - trocei

Drew lançou-me um olhar curioso, ao qual respondi com um ameaçador.

- E tu, Alysha, sabes?

- Não.

- Ok. És a única que não sabe lutar. Fica sempre próxima de alguém. É a tua única hipótese de sobrevivência. – avisou – Agora Trisha, explica-me como aprendeste a lutar.

- Bem… o meu pai e um amigo ensinaram-me. – contei. – Eu… é melhor ir agora. Talvez devêssemos começar com o plano. Quanto mais cedo, melhor, certo?

- Sim, também acho. – concordou Anysha. – Vamos?

Alysha e Anysha despediram-se de Drew com dois beijos, e eu lancei-lhe um dos meus olhares ameaçadores. Até que ele respondeu com um piscar de olho, deixando-me completamente atónita, o que o fez gargalhar.

Entretanto, Alysha e Anysha desceram as escadas, mas quando foi a minha vez, Drew impediu-me.

- Lamento, pelo teu pai.

- Como é que sabes? – inquiri

-Eu sei tudo - presenteei-o com o meu olhar ameaçador- Bem...viu-se pela tua cara. - confessou

- Obrigada - agradeci, dando-lhe dois beijos na face.

**

- O plano é o seguinte: Eu vou falar com a sua ajudante, e se ela me disser que a minha tia ainda vai demorar, eu digo-lhe que quero falar com ela em privado. E é aí que vocês entram. A minha tia é uma pessoa muito minuciosa, assim que ela souber que estive aqui, saberá que há algo de errado. Têm de ser rápidas e cuidadosas. Tudo o que moverem do sítio, terá de ser posto no mesmo exato lugar. – avisou-nos Anysha – As chaves devem estar na  gaveta da sua mesa de cabeceira. Essa mesma gaveta esta trancada à chave, que só a minha tia e a sua ajudante possuem. A primeira, carrega-a ao pescoço, portanto, eu dar-vos-ei por debaixo da porta. Entendido?

-  Mal posso acreditar que Noulsha é tua tia! - confessei

- Mas é. A minha tia é uma víbora. – confirmou – Mas vá, mãos à obra!

E assim o fizemos. Anysha dirigiu-se à ajudante de sua tia, e quando conseguiu ter a chave, fingiu deixar as suas coisas cair, e empurrou-a por debaixo da porta.

Apressada mas silenciosamente, Alysha e eu dirigimo-nos à sua mesa e abrimos a gaveta. E quando íamos retirar as chaves grandes e pretas, como nos havia sido dito, ouvimos Anysha gritar: Tia.

As guardiãs dos 7 sharkasOnde histórias criam vida. Descubra agora