- Vocês, ficam de guarda. Só eu e Trisha iremos entrar. Ok? – os outros dois obedeceram às ordens de Trisha.
Estava tão presa ao chão, que Drew teve de me pegar pela mão, e arrastar-me até onde eles estavam, a alguns metros da casa.
Quando finalmente ganhei coragem, subi para o alpendre da enorme casa, e tentei rodar a maçaneta, no entanto, a porta abriu-se sozinha.
- Nem pensar, que eu vou entrar! – desci do alpendre aos tropeções, e Drew amparou-me.
- Mahamumsha é mesmo assim. Ela é o olho que tudo vê, ela sabe que vens, e já te espera. Por isso a porta abriu-se sozinha, está a convidar-te. – explicou – Não tenhas medo, vai.
Por momentos observei-o, na noite escura. Já não era o Drew que não perdia uma oportunidade de lançar o seu charme, mas sim, o Drew que me pedira desculpas no túnel. Sorri-lhe em agradecimento, e ele retribuiu o sorriso. O seu sorriso era deveras contagiante, era perfeito.
Desprendi o meu olhar do seu, e voltei a subir o alpendre. Novamente, a velha porta abriu-se. Desta vez, peguei na mão de Alysha, e juntas entrámos.
- Nada temam, entrem. – uma voz rouca e arrepiante convidou
Atravessámos o amplo e extenso corredor, que tinha as paredes bolorentas, cobertas por figuras estranhas, como amuletos, deuses e símbolos.
No fim do enorme corredor, havia uma estante cheia de livros de títulos exuberantes e apelativos. Como os meus pés pararam, deduzi que fosse uma espécie de passagem secreta, portanto, toquei em todos os livros, mas nada aconteceu. Olhei em volta à procura de algo que fizesse a porta abrir, mas nada vi. Foi então que notei no olho gravado na estante. Toquei, e a estante desencostou da parede.
Atrás, havia uma escada, estreita e escura, mas ainda assim, descemos. As escadas era bem mas longas do que pensámos, mas por fim chegámos.
Era um sítio escuro. Não tinha qualquer iluminação, não podia ver nada. A única coisa que me impediu de desatar a correr, foi o aperto da mão de Alysha na minha.
Um barulho de algo a arrastar surgiu à nossa trás, então virámo-nos nessa direção. Foi então que finalmente vimos Mahamumsha, a vidente do século. Já devia ter uns 70 e muitos anos, ou talvez, 80, mas estava muito bem para a sua idade.
- É uma honra finalmente conhecer a guerreira. – proferiu, entrando na sala. Assim que entrou, as tochas acenderam, como que por magia.
E finalmente pude te uma visão da sala. Desapontou-me um bocado. Esperava ver algo como as paredes do corredor à entrada, mas ao invés disso, encontrámo-nos numa sala de estar. Poltronas, uma mesa, alguns quadros e nada mais.
- Que guerreira? – indagou Alysha
- Trisha. Pode não parecer, mas ela já passou por muito. E ainda tem uma grande e turbulenta travessia.
Ignorei completamente o facto de Mahamumsha saber o meu nome, afinal de contas, ela era o olho que tudo via. Se tudo via, tudo sabia.
- O que é que isso quer dizer? – questionei – Isto não acaba aqui?
- Isto ainda mal começou, Trisha. Tens de ter muito cuidado, nem todas as pessoas são confiáveis.
- Bem, sei disso. Aliás, já estou a tratar disso.
- Não questionarei as tuas decisões – disse – afinal, é com os erros que se aprende.
- Bem, ok. Na verdade, não estou aqui para falar sobre mim. Vim para saber sobre a menina do colar.
- Deita-te. – ela mandou.
- Deitar-me, onde? No chão?
-Não, querida. No divã. – foi então que reparei no divã em frente à lareira, que por sinal, também estava acesa.
Sem levantar qualquer questão, deitei-me no divã de cor creme. Mahamumsha aproximou-se de mim, graciosamente. Ajoelhou-se diante mim, e fechou os seus olhos calmamente.
- Trisha, minha querida. Fecha os olhos, nada temeis. – incentivou
Fechei os meus olhos suavemente, assim como ela o fizera, e libertei a minha mente, da ansiedade e nervosismo, que me retinham.
Mahamumsha pouso a sua mão enrugada, mas que ao toque era suave, sobre a minha cabeça. Fui brutalmente raptada do mundo, sendo cativa num outro.
Era um mar de escuridão. Nada via, nada ouvia. Nada sentia, nada cheirava. Nem tinha bem a certeza se respirava. Era simplesmente um vazio, e assim me sentia também.
- Vê para além daquilo que acreditas. Tem fé. Vê com o coração, não com a mente. – uma voz vinda do nada, sussurrou-me.
Também ali, no vazio, fechei os meus olhos. Todo o vazio transformou-se no maravilhoso e abençoado jardim, que me assombrava nos sonhos. Aquele em que a menina do colar brincava, na inocência da sua vida. Mas desta vez não foi ela quem vi. Desta vez, vi-me a mim própria.
- Não pode ser. Eu tenho poderes, não sou eu a menina do colar. E nem sequer tenho o colar. – gritei ao céu.
- Nem tudo o que parece, é. Vê para além do que realmente vês. Abre-nos a tua mente, Trisha. Deixa-nos entrar. – sussurrou-me a voz
Concentrei-me, e voltei a olhar para mim. Figuras, caíram do céu, formando um círculo em minha volta. Eram os Shuarkas.
- Trisha – começou um – sim, é verdade. Não és tu a rapariga do colar. No entanto, és muito poderosa. Poder. Poder, não é só ter um Sharka. Força, inteligência, e um bom coração. São dos poderes mais fortes, que jamais poderás encontrar. E tu, minha querida Trisha, tu tem-los.
- Nada temei, Trisha. – prosseguiu outro. - Ainda és precisa, tão cedo, não partirás. Ainda tens uma longa jornada pela frente. Uma longa e turbulenta travessia. Nada a que já não estejas habituada, certo?
E por fim, aquele que eu desconfiava ser o Grand- Guardian, proferiu: Tão delicada, mas tão feroz. Tão inocente, mas vivida. Trisha, tu és algo diferente. Foste beijada por todos nós, apesar de só possuíres um Sharka. – fez uma breve pausa – O livro das quedas é teu. Só tu tens o poder de o ler.
- Então porque que as palavras fugiram de mim? – indaguei
- Não estavas sozinha, estavas? Nem Mahamumsha tem o poder para o ler. – contou – Só tu Trisha, a grande guerreira.
- Porque é que me chamam de grande guerreira?
-Porque tens uma longa e muito violenta, batalha. Lutarás contra ti, contra os teus demónios, e pelo teu povo. Uma guerreira fria, de coração quente.
- Digam-me, o que devo fazer? – pedi
- Para já, deves tomar em tua posse, o livro das quedas. Não será fácil. E ninguém, mas mesmo ninguém, pode saber que o possuis. Tens de escondê-lo, pois é importante, e irá ser procurado.
- Mas onde? - inquiri
- Tu saberás, onde. Tudo ao seu tempo, basta seguires o teu coração. E lembra-te Trisha: A ninguém confiarás, só a mim trarás. O teu coração, seguirás, e a mente humana matarás. Nada temais, pois por nós foste beijada.
Depois disso, os Shuarkas quebraram o círculo, ao desprenderem as mãos, e ao vazio voltei. E por fim, regressei.
N/A: Hey! Entao o que acharam deste? Finalmente que parece que as coisas estão a assentar, certo? Pois, só parece.
Bom, queria agradecer-vos pelos votos e comentários, não podia estar mais grata e feliz. E queria, também, fazer um anuncio. Tenho uma nova fic, a segunda. Acho que se gostaram desta, com certeza irão gostar da nova, pois é bem mais leve, e tem um elenco de ouro. Chama-se Troubles in paradise, e ainda só lancei o prólogo, irá estrear no dia 15/9. Mas ainda assim, dêm um saltinho por lá, tenho a certeza que não se irão arrepender. É só clicarem no link externo.
Muito obrigada pelos votos, comentários e leituras. Como já disse, podem ser poucos, mas significam o mundo para mim!
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As guardiãs dos 7 sharkas
Teen FictionShakas são um povo diferente. Embora vivam no séc. XXI, isolam-se da sociedade, vivendo assim, em fortalezas nas florestas . No entanto, não é só por isso que são diferentes. As mulheres Shakas desenvolvem capacidades sobrenaturais. Todas desenvolve...