Capítulo Único

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Fic inspirada nos cachos maravilhosos da Juno <3

~desculpem qualquer erro, prometo revisar melhor em breve

Eu seria descartada, como todas as outras. Essa era a regra, era a verdade que todas as que aceitavam se deitar com a rainha já conheciam. Era suicida ainda assim desejá-la, mas não tive como evitar. Eu me lembro de quando isso começou, no dia de sua coroação. Rainha Melany Primeira, a rainha sol. Que título mais conveniente... Eu já a conhecia, é claro, a princesa nunca havia passado despercebida, seria um ultraje se acontecesse. Mas foi diante do trono que realmente cai aos pés dela.

Melany se mantinha ajoelhada de costas para a corte enquanto a coroa era posta com muito cuidado sobre os cachos negros e volumosos e, quando se ergueu, todo o ar que eu tinha em meu peito se foi. Me esqueci de como era respirar, não percebi que meu mundo havia congelado enquanto ela se virava para nós com os olhos castanhos brilhando em poder.

Ela era um desafio, em todos os sentidos. Era a rainha mais jovem que o reino já havia tido, mas a postura altiva não deixava dúvida de que ela sabia bem o que estava fazendo, de que tinha nascido para a realeza. A pele negra brilhava em um tom lindo conforme o sol se infiltrava pelo vitral central, o manto vermelho sangue da coroação era longo, arrastava-se pelo chão enquanto Melany desfilava com a coroa em sua cabeça e o cetro em mãos. Eu a quis desde aquele momento sem nem ao menos entender como ou por que.

O andar era felino, não apenas sensual, mas elegante e assustador, como se ela desafiasse alguém a lhe renegar o título de direito, o que não seria de se estranhar caso acontecesse se levássemos em conta a corja pela qual era cercada As cabeças se abaixavam em falso respeito conforme ela passava, e eu fiz o mesmo. Cabeça baixa, olhos ainda nela, hipnotizada demais na figura magnífica que Melany mostrava a todos.

Os boatos sobre as execuções que ela ordenava só eram boatos para os tolos. Melany havia mandado executar cada bastardo de seu falecido pai, o antigo rei, mesmo aqueles entre a nobreza. Era um modo de garantir a segurança de seu reinado, de manter a coroa perfeitamente presa a seus cachos. Isso gerou caos, desordem, e eu vi com prazer quando, sentada no trono, ela sorriu para o cardeal que lhe implorava para dar um basta à caçada.

Aquele sorriso era sinal de perigo, anos no castelo me fizeram aprender rápido a reconhecer a frieza e a crueldade por trás da beleza de um sorriso. Com o rosto apoiado na mão, Melany deslizava o indicador pelos lábios cheios pintados de dourado enquanto fingia considerar os pedidos do pobre homem. Ela piscava, os cílios longos movendo-se preguiçosamente, tamborilava os dedos da mão esquerda, fazendo com que o sol refletisse em seus anéis. Ela não o ouvia, eu tinha certeza disso e amava a forma debochada como encenava para aqueles tolos: os olhos dela podiam parecer fixos no cardeal, mas eu já a observava há tempo demais para não notar quando o sorriso frio ganhou uma pitada de malícia, quando os olhos castanhos seguiram cuidadosamente para Camille, a filha mais velha do conselheiro de paz de Melany.

Camille foi a primeira a chamar a atenção da rainha daquela forma, a primeira a fazer com que Melany corresse os olhos por seu corpo antes de exigi-lo em sua cama. Antes, ela só se deitava com homens, eu tinha certeza disso, sabia mais de Melany que de mim mesma. Como filha de uma das professoras de política da rainha, eu a acompanhava em cada aula, estava presente em cada cerimônia, até mesmo naquelas em que soldados e generais condecorados compareciam para tentar obter pelo sexo o trono dela. Mas, naquele dia, Melany só teve olhos para Camille.

Um grande azar para a pobre garota...

Ninguém se importava com quem a rainha dormia, mas manter na corte uma coleção de amantes só podia levá-la à ruína, e era por isso que Melany dava sempre um jeito de se livrar das peças usadas, uma a uma. Algumas morriam, um pescoço quebrado ao cair do cavalo após sair sozinha para um passeio não era algo incomum, outras eram mandadas para os conventos, algumas simplesmente eram convocadas para o exército nas fronteiras mais sangrentas do reino. Não importava como, Melany sempre conseguia conciliar o prazer às suas necessidades, ainda mais quando descobriu que manipular filhas e filhos de lordes, generais ou duques podia lhe render mais do que uma boa noite de sexo, que as bocas deles sabiam fazer muito mais do que a beijar e chupar, que os ouvidos não eram apenas para os seus gemidos pela madrugada. Eles eram peças num tabuleiro de xadrez e, como sempre, ela era a rainha a comandá-los em defesa de seu único rei: o trono.

O assinar da sentençaOnde histórias criam vida. Descubra agora