Glauco:
Bernardo havia me humilhado com a sua rejeição, mas eu não iria deixar aquela afronta passar em branco, eu iria me vingar, o ódio que eu sentia naquele instante suplantava o amor que um dia eu havia sentido.
Odiar era o que havia me restado, ainda mais ao saber que Bernardo havia voltado para Guilherme, e todos os dias em todos momentos eu ficava remoendo aquelas palavras de Bernardo, alimentando o sentimento que crescia em mim, odiava Guilherme ainda mais, passei a odiar Bernardo e até aqueles meninos me causava repulsa.
Eu tinha que tocar no ponto fraco daqueles dois, vê-los sofrer era o que me mantinha em êxtase, já que não podia ter o amor de Bernardo iria faze-lo sofrer a pior dor que ele já havia sentido, iria faze-lo experimentar o pior dos seus pesadelos.
Aluguei uma casa em um lugar distante, bem isolada onde ninguém tinha acesso, e fiquei a espreita, esperando a oportunidade perfeita, e ela veio.
Vi quando Lana levou os meninos para a escola, mas na hora da saída quem estava ali para pegá-los era eu, sorri carismático para a professora escondendo assim o ressentimento e a verdadeira intenção por trás daquele sorriso. Ela já me conhecia, afinal muitas vezes eu havia pego aqueles pivetes na escola, fingindo ser o titio que amava seus sobrinhos:
_ Porque o tio que veio nos pegar, o papai disse que era a tia Lana que viria nos buscar?Um deles que eu não sabia dizer qual foi perguntou, olhei para o garoto os colocando no banco de trás do carro ao respondê-lo:
_ Nós iremos dar um passeio, o titio vai levar vocês para um lugar muito especial, por isso a tia Lana permitiu que eu os viesse buscá-los, não estão felizes em ver o titio?Saí rapidamente dali, dirigindo em velocidade, levando aqueles dois estorvo comigo, para o cativeiro onde eles ficariam ali, mas no meio do caminho ouvindo aqueles barulhentos meninos que não paravam de tagarelar, resolvi largar um e levar o outro, o menino chorava quando eu o coloquei para fora do carro e segui com apenas um comigo.
Quando cheguei eu o amarrei pois o pestinha não parava de se debater, e até uma mordida no braço eu levei. Em breve eu saberia a repercussão do meu ato, o resultado da minha obra.Queria desfrutar do gosto da minha vitória, e do desespero daqueles dois, eu não poderia deixar a ansiedade me dominar nesse momento, eu iria ligar para Bernardo mais na hora certa.
Nada disso era preciso se Bernardo me amasse, ou se Guilherme não existisse, não era minha culpa, a culpa era deles, e os dois teriam que pagar.
Aquele menino que gritava era minha moeda de troca, eu teria Bernardo nem que fosse o forçando, eu sei que se ele tivesse uma noite, uma única noite comigo, ele nunca mais iria querer saber de Guilherme, haverá quem diga que isso era loucura mas não, eu estava muito lúcido e sabia exatamente o que estava fazendo.
Eu havia pensado em cada detalhe, havia contratado dois bandidinhos pé de chinelo para ajudar a cuidar do menino, e a casa estava locada no nome de um deles, nunca levantaria suspeita afinal tenho nenhuma ligação com esses bandidos, o celular que eu usaria era um descartável, nenhum perigo de ser rastreado pelos policiais, eu não deixaria o caminho fácil para ser pego.Lana:
Acabei me atrasando para buscar os meninos, fiquei olhando uma vitrine e acabei perdendo o horário, cheguei ofegante na escola encontrando a professora dos meninos já de saída:
_ Desculpa professora, eu vim buscar os meninos.
_ O tio deles já levou eles embora.Arregalei os olhos e logo a professora percebeu que algo estava errado. O desespero em meu rosto fez com que a professora me levasse para sentar, eu sentia minhas pernas bambas, aquele louco estava com os meus sobrinhos:
_ Chame a polícia, chame a policia.Era a única coisa que eu conseguia dizer, minhas lágrimas corriam, como eu falaria isso para Guilherme e Bernardo, aquelas crianças estavam em minha responsabilidade, pois tanto Bernardo como Guilherme havia ido ver o psicólogo.
Eu não tinha ideia do que aquele maluco do Glauco era capaz de fazer aqueles dois meninos indefeso, eu tinha que avisar os pais deles mas a coragem me faltava.
A professora estava tão apavorada quanto eu após eu contar o que se passava, a direção da escola deram todo o respaldo, telefonaram para a polícia e se disponibilizaram a ajudar no que precisasse.
Quando os policias chegaram, eu contei com detalhe o que acontecia e eles já ligaram para a central dando o comando para as primeiras buscas.
Tomei coragem e liguei para Bernardo:
_ Alô!
_ Oi Lana já estamos voltando para casa, os meninos deram trabalho?
_ Bê, aconteceu uma coisa.
_ Que coisa?
_ Vem direto para a escola, a polícia está aqui.
_ Polícia, Lana o que aconteceu, o meninos estão bem?
_ Bê..._ Lana, por que a policia está na escola dos meus filhos?
Era a voz de Gui que agora eu ouvia:
_ Gui... eu me atrasei um pouco para buscar os meninos e quando eu cheguei...
_ Lana fala logo o que ouve com os meninos, não enrola, fala de uma vez?
_ O Glauco... ele pegou os meninos.Sinto a voz embargada de Guilherme ao me perguntar:
_ O que aquele maluco quer com os meus filhos, a polícia, vocês já chamaram a polícia.
_ Sim, os policiais já estão procurando por eles.
_ Nós iremos para aí imediatamente, nos dê notícia caso saibam de algo.
Em quinze minutos Guilherme invadia a escola vindo ao meu encontro:
_ Lana, alguma notícia dos meninos?
Balancei minha cabeça negativamente, Guilherme foi perdendo as forças das pernas e só não foi ao chão por que Bernardo o segurava:
_ Calma Gui, eles vão achar os meninos, eles vão achar.
Depois de três horas um dos policiais se aproximava:
_ Encontramos um dos meninos, ele estava perdido e está sendo trazido para cá, quanto ao outro ainda estamos a procura.
Guilherme havia sido sedado, e levado a uma sala onde a professora cuidava dele e embora também abalado Bernardo estava responsável para conversar com os policiais.
Meia hora mais tarde Daniel entrava no colo de uma policial, meus olhos encheram de lágrimas quando o menino avistou Bernardo e esse que estava de costas se virou ao ouvi-lo chamar ele foi correndo ao encontro do menino que após posto no chão corria para o braços do pai.
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Em busca de redenção
RomansaBernardo e Guilherme enfrentam a dura realidade da separação, como conviver sem a presença um do outro se seus corpos anseia por estarem juntos. Dez anos , dois filhos , um erro e muitas acusações, será que essa relação está fadada ao fracasso ou...