DESCOBERTA

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Kira devia estar um tanto surpreso com a "falha" do caderno. Não... o termo correto seria furioso.

E eu?

Só observando, e adorando tudo o que via.

(...)

Havia dado início ao meu único plano. Sem mortes, Kira nunca conseguiria retornar. Ele não teria escolha senão desistir. Afinal, o que ele faria na Terra se seu Death Note não funcionasse?

Mas no meu íntimo, eu sabia que não seria tão simples. Como Yagami mesmo havia provado, o orgulho não deixaria que ele desistisse facilmente.

Inclinei-me em direção à mesinha do imenso quarto de Nate e me servi de uma xícara de café.

Near simplesmente me observava – ele deveria saber que eu estava raciocinando, tentando deduzir o que Kira faria a seguir. Não me agradava ser interrompido.

Qual seria sua atitude em relação às mortes que não aconteceram? Provavelmente, ligaria o ocorrido com minhas espionagens, que infelizmente ele já havia descoberto – não que isso o fizesse acreditar em meu retorno.

Para Yagami, não havia mais L, e sim Nate. Portanto, eu apostava todos os doces que o garoto de cabelos brancos havia conseguido para mim no fato de que Light viria até o QG, em busca do verdadeiro nome de Near. E então, bastaria Kaori botar os olhos no menino e ele estaria fora do jogo. Simples.

Virei-me e fixei meus olhos em Nate.

— Light virá até aqui. Provavelmente, ele já relacionou os atuais acontecimentos a você.

— Eu sei. — ele suspirou.

Olhei em direção a TV, que estava ligada no telejornal. A dúvida sobre o retorno de Kira era a principal notícia. Sempre a mesma coisa...

Nate, como sempre, brincava com suas miniaturas de madeira no meio da cama. Nos últimos dois dias em que cancelamos as mortes, ele havia se acostumado tanto com a minha presença que não perguntava mais nada sobre minha situação atual e o mundo ao qual pertencia. Isso era um alívio — já havia dito coisas demais pro meu bem.

Desde minha aparição, Near ficava o tempo todo comigo no andar de cima, ora anulando nomes, ora premeditando os próximos passos de Kira.

Alguns agentes estavam se perguntando o por que do afastamento de seu principal detetive, e isso me preocupava. Eles não poderiam pensar que Nate não estava ligando para os últimos acontecimentos. Precisavam confiar no garoto. Isso era essencial.

Pensando no que fazer para resolver o pequeno problema, me levantei.

— Onde você vai? — Nate perguntou ao notar meu movimento.

— Buscar açúcar, ou não consigo tomar café. Como sabe, sem café, sem raciocínio — sorri.

N foi em direção à mesa e pegou a xícara. Deu um único e pequeno gole, depois depositou a xícara no lugar onde estava.

Ele quase cuspiu tudo.

— Está horrível, L! Doce demais! Não entendo porque quer mais açúcar!

Olhei para ele, incrédulo.

— Nunca coloque doce e horrível na mesma frase novamente, garoto.

Ele revirou os olhos e voltou sua atenção aos bonecos, e eu saí dali.

Voltando à sala principal do QG, percebi que os agentes pareciam entediados. Após minha visita, instruí Nate a dizer que o prédio estava à disposição de todos, e que cada um poderia fazer suas próprias investigações como achassem apropriado. Mas parecia que sem o melhor detetive do grupo, eles não conseguiam prosseguir. Simplesmente observavam uns aos outros, como se em algum momento um deles daria a ideia que todos tanto buscavam.

A Queda de LightOnde histórias criam vida. Descubra agora