AMEAÇA

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 Light-kun... Há quanto tempo.

(...)

(LIGHT)

A voz penetrante decaiu pelo recinto instaurando-se em minhas entranhas de maneira pertinente. Sua figura pálida e estranha fazia meus olhos gritarem a irrealidade daquela situação. Eu o via, mas minha mente atormentada começou a criar milhares de incredulidades, que juntas, confundiam cada parte de mim.

Ele não podia ser real.

Meus olhos estavam me enganando. Era uma mera ilusão. O verdadeiro L não mais existia! Explicações e mais explicações intercalavam-se com raciocínios falhos, mas a lógica era apenas uma: L estava lá.

Em meio ao desespero, fiz diversas tentativas de escapar de meu transe, mas parecia completamente impossível. O silêncio e o choque faziam uma mistura desagradável em minha face. Minha respiração desnecessária se tornou entrecortada.

Como ele...justo ele, estava lá?

Numa lenta caminhada, minha alucinação diminuiu a distância entre nós. Seus olhos ônix me fitavam, desafiando-me. Os cabelos azulados serpenteavam com a leve brisa que provinha da janela, e suas roupas simples reluziam timidamente. Era o mesmo L que imaginei ter assistido minha morte...

Seus passos quietos pararam.

Automaticamente, retrocedi. O som ecoou no enorme quarto, quebrando o enorme silêncio.

— O que foi, Light? — perguntou o detetive. Um sorriso brincou em seus lábios. — Não acredita em fantasmas?

E então, tudo pareceu se encaixar. A espionagem, a mensagem, a falha do caderno... A única coisa que podia me ajudar resolver tais mistérios de maneira coerente era L. Como eu não colocava a existência dele como algo possível, minha equação ficava bagunçada com vários números soltos e o resultado, longe de ser real. Mas com o detetive na igualdade, tudo se encaixava de modo quase assustador.

Formulei vários tipos de respostas para a assombração, mas as palavras simplesmente se escondiam antes que eu pudesse pronunciá-las.

O que mais me chocava era saber que L estava morto. Havia ido em seu enterro, não havia maneiras possíveis dele ter sobrevivido. Foi aí que me lembrei de algo que Kaori me disse logo que a conheci: "Você morreu, mas mesmo assim, está aqui, não está? Nada atrapalharia L de retornar." Ela tinha a resposta esse tempo todo... e eu não enxergava.

Lembrei-me também dos detalhes da mensagem escrita sobre a mesa da garota:"Você sabia, Light Yagami, que anjos apreciam morangos?"

Por inúmeros momentos, refleti sobre seu conteúdo. Só agora percebia que a resposta para essa questão estava ali, explícita, me encarando com olhos enigmáticos de panda.

— Você... É um anjo. — sussurrei, pasmo.

Mesmo sabendo que estava certo, não conseguia acreditar naquilo tudo.

Colocou o polegar no lábio inferior e olhou em direção a Near, que estava inconsciente aos seus pés, coberto de sangue. Fitou-me.

— Eu achava que você era mais inteligente, Yagami. Pensei que me descobriria antes. Mas não. — tombou levemente a cabeça para o lado — Será que seu raciocínio ficou na sepultura junto ao seu corpo?

Minhas mãos se fecharam em punhos. Sua voz grave e irônica fez com que um ódio tamanho tomasse conta de mim.

— Ryuuzaki... — adicionei escárnio na voz — você nunca admitiu o fato de ter perdido, não é?

A Queda de LightOnde histórias criam vida. Descubra agora