- És terrivelmente sexy, quando lutas. – Drew sussurrou-me ao ouvido.
Estávamos a trote, pois os solavancos magoavam-no, devido à ferida na perna. O seu queixo estava apoiado no meu ombro, e ele rodeava, com os braços, a minha fina cintura, para manter o equilíbrio.
- Bem, a minha intenção é parecer temível, mas sexy também serve. – sorri – Tu também não ficas nada mal.
- Bem, obrigada .- calou-se por momentos - Temos de fazer isto mais vezes.
- Dispenso.
- Não é a isso que me refiro – corrigiu – Temos de conversar mais vezes. És deveras interessante, e muito embora o teu sorriso seja difícil de conquistar, vale a pena, é muito bonito.
- Também gostaria. Em que parte se situa a tua casa?
- Eu moro naquela casa da árvore. Não gosto de me envolver com a sociedade.
- Claro. – retorqui
- Mas contigo, sim.
- E tu, que não perdesses uma oportunidade de lançar o teu charme.
Rimo-nos por algum tempo. Risadas tímidas e cansadas.
O resto do caminho foi feito em silêncio. Pude sentir a sua quente respiração, no meu pescoço. E por vezes, num solavanco maior, os seus lábios tocavam o meu pescoço, num beijo doce e suave, de tão próximo que estavam. Parecia que ele sabia o efeito que tinha em mim, pois não fez menção de retirar a cabeça do meu ombro. Quando os seus lábios me tocavam, uma onda elétrica, percorria cada canto do meu corpo, morrendo num arrepio.
Quando chegámos aos túneis foi, simplesmente, fantástico! Claro que tinha adorado estar fora do único sítio que conheci toda a minha vida, mas ao mesmo tempo, senti saudades. Uma tamanha controvérsia!
Arrastámos Drew pelos túneis a dentro, visto que o corte na sua perna o impossibilitava. Obviamente, perdurou mais tempo que na ida, mas finalmente chegámos, ao único sítio que conheci.
Levámos Drew até a casa da árvore, e na subida, foi horrível. Claro, que teve que subir sozinho. Os seus gritos de agonia, eram aterrorizadores. Fez-me lembrar muito do passado, mas reprimi essas memórias, e concentrei-me apenas no presente.
Subimos também as três, para a casa. Pedi a Alysha que me trouxesse água, e a Anysha, que me trouxesse uma agulha e linha. Eu mesma, iria tratar do ferimento de Drew. Tinha conhecimento, e formação para isso.
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- Trish, fá-lo! - o meu pai ordenou ofegante
- Não. - choraminguei - Não consigo.
- Tu consegues Trish, lembra-te do que te ensinei.
Peguei na agulha e na linha. As minhas mãos estavam demasiado trémulas, impossibilitando-me de passar a linha pelo buraco da agulha. Tentei inúmeras vezes. Enrolei a linha, molhei com baba... Fizesse o que fizesse, não entrava.
Assustada e irritada, fui-me afastando do meu pai.
- Trisha, espera. Eu preciso da tua ajuda. Não te vás - suplicou. A sua voz soava, cada vez mais, cansada, fraca e distante.
- Eu tentei, pai. - chorei - Eu não consigo.
- Tu consegues, Trish. Reprime os teus sentimentos, como te ensinei. Vem cá.
A medo, fui-me aproximando dele, com passos de bebé.
- Respira fundo. - fez uma pausa, para que eu fizesse o ordenado - Pega na linha e na agulha, e passa a linha pelo buraco.
Depois de mais algumas tentativas falhadas, consegui passar a linha para o outro lado. Fechei os olhos e enterrei a agulha na sua pele pálida. Foi um erro, porque enterrei-a no lugar errado.
- Não tenhas medo Trisha - disse ao ver-me chorar, novamente - Olha para mim, tu consegues,meu amor. Não podes fechar os olhos, senão, irá correr mal. Tu consegues.
Assenti afirmativamente, e voltei a enterrar a agulha. Respirava lentamente, ao fim de me acalmar, enquanto ia dando os pontos. Quando terminei, o meu pai havia perdido os sentidos. Mas eu sabia que era apenas por ter suportado demasiada dor.
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Deitei-o na cama, e com um tecido rasgado e molhado, percorri a sua face, tentando evitar uma possível febre.
- Shayikelizinha, que mais não sei sobre ti? – perguntou-me Drew
- Há muito que não sabes sobre mim. – respondi.
Ele soltou uma pequena risada, e fechou os olhos, apenas em repouso.
Molhei o seu ferimento com água fria, e de seguida, com vinagre. Os seus olhos, em agonia, quase saíram da órbita, e a força que aplicou no aperto do meu braço, transmitiu a dor que sentia.
Alysha, tal como lhe tinha indicado, limpou a sua face, enquanto eu cozia o seu ferimento. Precisou de 8 pontos, o que já era muito, mas correu tudo bem.
- Precisamos todos de descansar. – proferiu Anysha – Eu vou para casa. Vocês ficam aqui com ele, podem dormir na outra cama. Às 10 horas voltarei com comida.
Concordámos todos com a sua decisão, e ela partiu. Alysha, não demorou nem um minuto, a ir-se deitar, e adormeceu, mais rápido ainda. Eu continuei a cuidar de Drew, dando lhe banhos com compressa improvisada.
- Tens de descansar, Shayikelizinha. Eu ficarei bem. – tentou convencer-me
- Se já não tivesses mal o suficiente, eu fazer-te-ia arrepender de me alcunhares. – ameacei
- Sempre na defensiva.
- As catástrofes naturais, nunca ligam a avisar que nos farão uma atenciosa visita.
- Pelo que vi hoje, sobreviverias a qualquer uma, com as duas mãos atrás das costas. – afirmou
- Assim espero.
Calámo-nos por alguns momentos. O suficiente para que Drew caísse no sono, e para que eu prosseguisse no mesmo caminho.
Olhei para Alysha, que ocupava a outra cama por completo. Levantei-me, e tentei acordá-la, para que me desse espaço, mas nem se moveu. Tentei eu, movê-la, mas voltava ao mesmo lugar. Olhei para Drew. A sua cama era maior, e ele ocupava pouco espaço. Sendo eu pequena, caberia lá sem problema algum. Deveria ir? Pensei no assunto durante tanto tempo, que quando o sono veio, apenas me rendi, e deitei-me no pequeno espaço da cama. Não demorou muito até que os meus olhos parassem de resistir.
N/A: Hey hey hey! Desculpem pela demora, a sério. Era para postar mais cedo, mas tive mesmo ocupada estes dias. Mas aqui têm, o capítulo novo. Este foi bem mais calmo, porque bem, tinha que acalmar a coisas por uns tempos. Espero que tenham gostado do flashback, se não se tinham apercbido o texto entre os xxx é um flashback da Trisha.
Queria, mais uma vez, agradecer-vos por todos os votos e leituras. Recentemente, a fic têm crescido, e isso significa bastante para mim! Amo-vos, com todo o meu coração
Votem e comentem, se quiserem, claro.
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As guardiãs dos 7 sharkas
Teen FictionShakas são um povo diferente. Embora vivam no séc. XXI, isolam-se da sociedade, vivendo assim, em fortalezas nas florestas . No entanto, não é só por isso que são diferentes. As mulheres Shakas desenvolvem capacidades sobrenaturais. Todas desenvolve...