Capítulo Único

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Fic feita para o desafio do Inskpired #tiposdepai

Pai escolhido "pai mestre dos magos" (tem a explicação no facebook do Inkspired hahahahaha)


Minha pequena Sarada,

Não era dessa forma que me imaginei "pai", não havia sido assim, distante, que eu tinha sonhado aproveitar os primeiros anos da sua vida, Sarada. Para ser sincero com você, ter filhos nunca foi uma das minhas prioridades na vida, você já deve saber dos erros que cometi ao longo da minha juventude, deve ser capaz de entender que alguém tão cercado de ódio não podia considerar estabelecer um vínculo tão forte de amor com outra pessoa, uma ainda que lhe seria dependente. Mas, mesmo assim, quando a ideia de ser pai me vinha à mente, eu me imaginava um bom pai.

O meu pai, Fugaku, era rígido, mas presente, sério, mas carinhoso comigo e Itachi. E eu sonhava até mesmo ser melhor que ele, não cometer os mesmos erros dele. A ironia é que consegui ser pior... Imaginei que seria eu a acordar de madrugada quando você chorasse, que andaria com você pela casa e velaria por seu sono como Itachi fez comigo várias e várias vezes. E não me incomodaria com isso, porque você estaria nos meus braços, porque o meu coração se sentiria completo enquanto você adormecia tranquila. Itachi com certeza se envergonha de mim por saber que não fiz nada disso...

Certa vez, me peguei imaginando quais seriam as primeiras palavras que meu filho, ou filha, falaria, e parte do meu orgulho na época me fez ter certeza que seria algo como "otou-san" dito de forma embaralhada e quase irreconhecível, mas era certo de que suas primeiras palavras seriam para mim. E por que não seriam? Na minha cabeça, seria eu a passar mais tempo com você, a andar pela casa com você nos meus braços pelo simples fato de não conseguir te deixar solta correndo, a te ajudar a dar os primeiros passos e sorrir quando começasse a andar me seguindo por todo canto como eu fazia com Itachi.

Para mim, na pior das hipóteses, eu diria apenas de vez em quando "hoje não, Sarada, talvez amanhã". A ideia de repetir a frase que Itachi me falava quando estava ocupado demais com os problemas do clã e da vila me dava calafrios, era inconcebível aceitar que eu não pudesse ter tempo para alguém que tanto amava. E doeu, ainda dói, ter ciência de que fiz algo bem pior, de que nem ao menos estive ao seu lado para dizer isso e deixei essa obrigação para sua mãe.

É vergonhoso. Saber que errei, admitir e ter os meus próprios sonhos destruídos é mais vergonhoso do que pode imaginar, mas minha vergonha com certeza não chega nem perto da sua dor pela minha ausência. Eu sei, eu entendo, crescer sem um pai era a última coisa que justo alguém como eu poderia desejar para outra pessoa, ainda mais para a minha própria filha.

Quando você entrou na academia, foi um choque, talvez o pior de todos. Aquele era um marco importante para mim, atravessar com você aquelas portas pela primeira vez tinha um significado especial, e eu perdi. Assim como seus primeiros treinos de arremesso de kunais, os jutsus que não pude te ensinar, as histórias do clã que cresci ouvindo e não te contei. Eu não só nos neguei esses momentos como também os preenchi com a lembrança de uma lacuna na sua vida.

Perdi suas primeiras palavras, seus primeiros passos, cada marco importante de sua vida escapou entre os meus dedos. Manter a vila segura, a paz que Naruto tanto queria assegurar, não alivia essa culpa, acho que nada pode mesmo justificar o que te fiz. E eu me arrependo; toda vez que te encontro, eu me arrependo ainda mais. Voltar para a vila chega a ser como receber um novo fôlego e me sentir sendo sufocado novamente porque sei que é temporário, que, mesmo depois de tanto tempo longe, passarei apenas alguns dias ao seu lado antes de partir mais uma vez.

Eu não sei quando isso terminará, quando vou poder voltar de fato e te ensinar tudo o que sempre sonhei em passar para você, mas sei que talvez já seja tarde, que você já não me reconheça como seu pai ou que me rejeite. E eu entendo, a pior parte é entender esse sentimento de traição que você possa estar sentindo em relação a mim e não ter argumentos o suficiente para que me perdoe. Mas é justamente por entender como você se sente que eu quero que você saiba que, não importa quanto tempo passe, não importa o que você faça ou o que decida ser, não importa se não puder mais me esperar, mesmo se seu coração não conseguir mais não me odiar e me expulsar da sua vida; não importa o que decida ou que caminho siga, saiba que eu sempre vou te amar e lamentar o nosso tempo perdido.

Voltarei para você em uma semana e, dessa vez, espero que definitivamente.

Amo você,

Sasuke.


Espero que tenham gostado <3

Beijoss



Tempo perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora