- Quem foi o infeliz que decidiu que apenas oito horas de sono é o suficiente?
Ao abrir os olhos, pisquei algumas vezes afim de me acostumar com a claridade que entrava pela janela. Passei a mão pela cama, estapeando os lençóis em busca do celular que berrava escandalosamente.
Achei em baixo do travesseiro e desliguei o despertador, aproveitando para conferir as horas. 7:20AM. Merda. Eu não posso chegar atrasada no trabalho pelo quinto dia seguido.
- Se não estiver pronta em dez minutos vai perder a carona! - Kimberly gritou pela porta do meu quarto.
Corri até o banheiro e após o banho mais rápido do mundo, vesti um jeans escuro e atravessei uma blusa cinza pelo pescoço, coloquei um cardigã preto e calcei o primeiro tênis que vi na minha frente.
Kimberly já estava com a porta do apartamento aberta, me esperando com um copo de suco e um sanduíche nas mãos.
- Se não fosse você eu não sei o que seria de mim! - sorri pegando minha bolsa no sofá e indo até ela.
- Não seja mentirosa, faz menos de uma semana que estamos morando juntas...
Kim cursa história na mesma faculdade que eu e acabei conhecendo-a em uma festa de república. Eu já conhecia ela há quase um ano, mas a menina que morava com ela foi embora e aproveitei para oferecer meu apartamento para dividirmos.
Quando estávamos chegando ao estacionamento, paralisei ao ver quem me esperava escorado no carro de braços cruzados.
- Vejamos se não é o diabo em pessoa... não se deixe intimidar... - Minha amiga sussurro, enquanto continuávamos andando.
Ele tinha o porte grande e malhado, os olhos azuis intensos me examinavam com seriedade. Estava com uma calça moletom preta que entrava em contraste com o tom claro de sua pele e pequenas gotículas de suor desciam vagarosamente pelo seu peitoral, que se movia num ritmo intenso, deixando claro que ele estava no meio de uma corrida... difícil não se intimidar.
- Eu ouvi o que disse, Kimberly - cuspiu as palavras.
- Acho melhor desencostar esse corpo asqueroso do meu carro! - Avisou Kimberly, dando a volta e entrando pela porta do motorista.
Jonas fixou os olhos nela e a acompanhou com o olhar até que ela entrasse no carro. Kimberly mostrou o dedo do meio para ele e bateu a porta, sem se intimidar.
- Por que não atende minhas ligações? - voltou-se para mim e eu cruzei os braços.
- Não temos mais nada para falar um com o outro Scott - tentei fazer minha melhor cara de tédio.
- Desde quando passou a me chamar pelo sobrenome? - perguntou com seriedade.
- Desde que você passou a ser insignificante para mim.
Assim que respondi, engoli em seco me arrependendi das palavras que saíram da minha boca. Jonas Scott é o tipo de cara em que devemos ponderar qualquer palavra antes de dizê-las. Ele passou a mão no cabelo e deu um passo longo em minha direção, tornando mínima a distância entre nós.
- Você não deveria falar assim comigo, Evie... a ultima vez as coisas não saíram boas para o seu lado.
Senti o hálito mentolado dele arder meus olhos e seus lábios roçaram levemente nos meus enquanto ele falava. Respirei com dificuldade.
- Levando-se em conta que você foi parar na delegacia... as coisas também não saíram nada boas para você.
Ele segurou meus dois lados do braço com força e me forçou a caminhar para trás até que minhas costas encostassem no carro ao lado.
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Aos Cacos
RomanceEvie Lencastre e Oliver Thunder tinham um passado, mas tragédias acontecem e deixam marcas irreversíveis. Depois de Evie fugir de tudo e enfim colocar sua vida nos trilhos, Oliver surge como uma avalanche, bagunçando tudo que a menina levou cinco an...