Nas trevas, Nas Alturas

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O dia literalmente se arrastou. Depois que a reencontrei hoje pela manhã, eu não consegui fazer absolutamente porra nenhuma a não ser pensar nela e o que faria comigo.

Algo no meu íntimo me diz que ela vai acabar comigo, mas não consigo resistir. Foi só uma única NOITE, o que diabos essa mulher tem que me deixou tão envolvido?

Dan sempre me advertia de me precaver no caso das mulheres e de tanto brincar com elas, acho que agora, essa mulher cujo nome nem me passa pela mente, promete fazer de mim o seu brinquedinho erótico.

Mas a troco do que ela viria até mim? Está na cara que ela esteve na boate Annie por mim, pelo amor de Deus, o que mais tinha na porra daquela boate era macho! Mas era eu que ela queria e isso me deixa com um gostinho doce na boca.

O que tem nela que me intriga além da sua sensualidade? Agora que a vi mais uma vez, vejo que seu mistério vai além de seus pensamentos eróticos. Ela é o fogo, e eu vou me queimar, sei disso.

Merda, será que ela é casada? Ah, quem que liga pra isso? Tantas mulheres casadas com quem já dormi, ela não vai ser a primeira nem a última a chifrar o marido comigo.

O que tem nela com certeza não tem a ver com a vida conjugal. Ela pode ter sido enviada pela polícia, ou por pior ainda: um traficante rival. O que eu teria que fazer para me livrar dela depois, caso descobrisse que é chave de cadeia?

O que eu faço, caso ela esteja me sondando para me matar? Bem, sinto muito, baby, mas antes você do que eu. Em hipótese alguma, posso morrer antes de pôr as mãos no policial desgraçado que matou o meu pai.

Harry Carter, meu pai foi morto na minha frente, executado com quinze tiros por um policial maldito chamado George Stivens. Jurei por Deus que iria encontrar aquele desgraçado e fazer o mesmo.

Tudo bem, meu pai errou, pegou a mulher dele, mas quinze tiros? Quando o vir, vou descarregar dois pentes da minha Glock G29 nele e estou pouco me fodendo para o que me virá depois. Conseguindo me vingar, posso arder nas chamas do inferno que não vou reclamar. Morrerei em paz.

Toda vez que me lembro disso, tenho que abrir minha gaveta e procurar os arquivos daquela época. Já são seis anos que meu pai morreu como um bandido comum.

Ok, ele era um bandido, mas não morreu porque trocou tiros com esse agente Stivens filho de uma puta, meu pai foi ASSASSINADO por razões passionais, o infeliz fez tudo direitinho: forjou uma perseguição e uma troca de tiros. Com certeza não agiu sozinho e quem o ajudou vai pro inferno com ele e comigo.

Essas notícias me dão nos nervos. Jogo-as na gaveta que mantenho fechada com cadeado e procuro pensar em algo melhor... nela.

Aquela mulher tem sido o melhor devaneio que tenho para me distrair ultimamente. É o que uma mulher provoca num homem. E ela soube me provocar com precisão. Está aqui, presa na minha cabeça e se recusa sair.

Diabos, isso deveria ser proibido, uma mulher perturbar tanto a cabeça de um cara. Mas não é o que fazemos com elas?

Mas não reclamo de todo, é bom, agradável, até reconfortante pensar nela. Acho que estou gostando dela. Se estiver, estarei fodido, ela jamais largaria o que tem para ficar comigo e eu também não quero isso.

Está dando a hora. Já avisei para Annie que vou "trabalhar" hoje na boate dela, mas já tenho cliente acertada.

Oito da noite. Tenho que ir. Preciso chegar antes dela. Não que seja longe da minha casa a boate Annie, mas devo estar pronto quando ela chegar.

Pego as chaves do carro e saio apressado, fumando o meu cigarro de filtro vermelho. Dirigi por trinta minutos até estacionar numa das vagas do estacionamento dessa merda que Annie chama de puteiro.

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