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Na época eu tinha apenas 15 anos.

Era obrigada a trabalhar meio período em uma farmácia a 2 esquinas da minha casa.

Para ser sincera, trabalhar era um dos melhores meios de não ficar em casa, me ver sofrer era pior do que tudo, sim, eu sofria agressões.

Na escola eu não tinha amigos, até porque sua condição financeira era mais importante do que qualquer simples sentimento que havia dentro do seu próprio eu.

Me restavam apenas 1 hora para voltar ao que eu chamo de inferno(minha casa). A cada segundo que passava, mais torturante ficava e maior a vontade de ficar por ali aumentava, mas minha mãe precisava de mim.

1 hora depois

-Unnie, cheguei- disse a pequena menina que continuaria o meu serviço

-Ja cuidei de tudo, so falta acabar de colocar aquela caixa na segunda prateleira de baixo para cima, e não irei contar que chegou atrasada, agradeço por isso- dou um sorriso e dou meu avental a ela, que como sempre, me olha estranho.

Saio da loja com minha bolsa em apenas um dos ombros e vejo adolescentes da minha idade se divertindo, bebendo,uns perdendo a virgindade e outros nem ligando para o que os pais vão dizer quando os verem daquele jeito.

Para uma menina de 15 anos eu estava no padrão, seios médios, cabelo a baixo do ombro e um pouquinho de nada de bunda, mas me sentia agradável e bem com isso.

Ao ver que faltam menos de 2 metros para estar no inferno, faço meus passos ficarem cada vez mais lentos, como se a qualquer momento eu fosse fechar meu olhos e morrer.

Paro na frente de casa com os meus 2 pés juntos, suspiro com um pouco de receio. Eu sabia que hoje algo ia acontecer, assim como todos os outros dias.

-Se fizer algo vai ser pior...- sinto sussurro no meu ouvido e uma mão se afogando no meu cabelo, era ele, a criatura que não deveríamos chamar de pai.

Ele fecha sua mão em meu cabelo com força, me puxando ate dentro de casa onde me colocou de joelhos e me obrigou a pedir perdão por ter desrespeitado a minha família.

-Dessa vez não...eu não mereço sofrer por você- meu tom de voz é alto e confiante, enquanto ele apenas ri debochado me levando ate o quarto pelo braço, que com certeza, ficaria roxo amanhã.

Ele me joga na cama com toda a força e se vira para trancar a porta

-Fique nua e não dê um pio

Ele nunca fez isso antes, ele apenas me batia, o que ele está querendo? Eu não sou um brinquedo sexual!

-Não...

-O que disse? - ele se aproxima de mim

-Eu disse que não!!- ele bate em meu rosto fazendo minhas costas encostarem na cama, como uma rápida presa ele vem para cima de mim e começa a me despir.

Ele acaba e me encara de longe por um tempo, sinto as lágrimas caírem, o mesmo tira seu cinto e o deposita em cima da cama.

-Não chore princesa, os vizinhos vão escutar- ele passa a mão pelo meu rosto, me fazendo ter cada vez mais nojo.

Do rosto suas mãos passearam pelo meu corpo todo e eu sem poder fazer nada, apenas chorava. De repente ele para e pega seu cinto que havia tirado a poucos minutos e começa a me bater com toda a força.

De longe eu podia escutar os soluços de minha mãe, ela gostaria de fazer algo, mas também não podia.

Éramos como 2 presas de um leão, se saíssemos da linha, puft, devoradas na certa.

Manhã seguinte

Todos ja haviam saído de casa, estava apenas eu e o imenso silêncio.

Nessas horas eu percebi o quão o silêncio é perturbador, faz voltar todas memórias ruins que ja haviam sido esquecidas.

Coloco o meu uniforme e entro na cozinha com a esperança de achar algo para comer.

-Nada...de novo - falo sozinha

Coloco minha mochila nos ombros e sigo caminhando para o colégio, de longe pude perceber a pessoas olhando minhas marcas e se perguntando "O que será que aconteceu com ela?" ou então "ela se machucou feio".

Ao entrar na sala, as piadinhas ja haviam começado, sempre foi assim, até mesmo com os professores. Eu era tratada como lixo e eu não ligava, apenas queria viver minha vida em silêncio.

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N/A:Continua?

α ∂αмα ∂α ทσiτє  [ⓗⓨⓞⓛⓨⓝ//ⓙⓐⓨ ⓟⓐⓡⓚ]Onde histórias criam vida. Descubra agora