CAPÍTULO 4

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EULALIA SABIA QUE estava cada vez mais encrencada. Seu dinheiro estava escasso e esse era o pior dos problemas. Noelle a olhava assustada e ela parecia sentir os seus medos. Há alguns dias, ela havia mandado currículos por e-mail e também havia entregue em várias empresas, embora soubesse que não poderia concorrer por vagas de alto escalão, por não ter faculdade, tampouco experiência nisso.

Ela aceitaria o primeiro emprego que aparecesse. Era isso, ou ter de se prostituir para conseguir alguns tostões. Contudo, isso ela não faria, nem que estivesse morrendo de fome. Ela tinha princípios e não chegaria a tal ponto. Eulalia andou pelo apartamento com a bebê no colo e verificou se havia mais leite em pó para fazer para Noelle.

Eulalia fazia papinhas de frutas e chás mornos para a bebê, contudo, gostava de alimentá-la com leite em pó. Ela balançou a menina no colo e depois a depositou sobre a cama onde ela dormia, uma vez que ainda não tinha condições de comprar um berço. Ela aqueceu a água, esperou e depois preparou a mamadeira a fim de alimentá-la.

Apanhou o recipiente e foi até o quarto, para alimentar a criança. Enquanto isso, ela recebeu um e-mail pelo celular de que tinha uma entrevista de emprego como recepcionista em uma empresa de tintas. Ela sorriu e agradeceu aos céus, mentalmente, pelo seu, talvez, futuro emprego. Sua preocupação agora era onde deixar Noelle, uma vez que não poderia levá-la até lá.

Eulalia não poderia matriculá-la em uma creche porque não tinha a guarda da menina, apenas temporariamente. Assim sendo, teria de deixá-la com alguém enquanto saía, e isso requeria uma atenção urgente, já que a entrevista seria à tarde. Ela se pôs a pensar e chegou à solução. Talvez sua vizinha que era imigrante polonesa, madame Franciszek, poderia quebrar um galho daquela vez.

A mulher, na faixa dos quarenta, morava no andar de baixo e trabalhava como faxineira em uma grande fábrica. No entanto, ela trabalhava de madrugada até de manhã, ficando livre à tarde. Eulalia mandou uma mensagem para ela pedindo se ela tinha disponibilidade, explicando sua situação de emergência e logo a mulher respondeu, afirmando que poderia tomar conta da menina.

Eulalia sorriu e terminou de dar mamadeira à Noelle, que agitava os bracinhos no colo dela. Ela colocou a menina novamente sobre a cama e foi ao banheiro tomar um banho, com pressa para se arrumar. Depois, vestiu-se com sua melhor saia lápis e camisa branca, que estavam desgastadas devido ao tempo. Ele cruzava os dedos a fim de que seu entrevistador não visse o rasgo lateral na blusa e parte da barra da saia em que o tecido desbotava.

Eulalia passou uma maquiagem leve, passou pó e rímel nos olhos, tentando tirar a aparência de cansada que a assolava nos últimos dias. Cuidar de Noelle em tempo integral tinha consumido boa parte de suas energias, mas era algo necessário e que valeria a pena. Seu desejo agora era poder conseguir um emprego, para mais tarde, estabelecer-se financeiramente e poder dar um futuro à Noelle.

Ela saiu do apartamento, trancou a porta e desceu as escadas, rumando ao apartamento de sua vizinha. Bateu na porta e aguardou pela mulher, enquanto equilibrava a bebê nos braços, esperou alguns instantes e a senhora apareceu.

- Obrigada por poder me dar essa mão, Sra. Fransciszek. Afinal, não tenho com quem deixá-la.

A mulher a analisou com desdém, dos pés à cabeça.

- Vejo que vai sair. – Disse a mulher. – Então, divirta-se.

Eulalia ficou constrangida, sabendo que era aquela mesma mulher foi a que fofocou ao prédio todo, que ela estava com uma criança e de certo, todos no local estavam julgando-a como uma mãe solteira, que foi deixada pelo companheiro. No entanto, embora estivesse com a reputação manchada, uma vez que todos sabiam que ela era uma bailarina que estudava na Grand Opera de Paris, agora todos tinham o pensamento de que ela era uma mulher amoral.

O Direito de Amar - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 5 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora