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Era o fim do verão. Dia de mudança. Adeus Atlanta. 

Terminei de pegar todas as coisas do meu quarto e desci sem olhar pra trás. Cresci nessa casa e agora que minha mãe se foi, não tinha mais sentido viver aqui sem ela. Tudo que restam são muitas lembranças, mas viver visitando o tumulo dela como fiz no ultimo ano nao vai traze-la de volta. Meu pai recebeu uma proposta de emprego em Richmond, na Virginia, e decidimos aceitar para recomeçar. 

Coloquei Boomer no banco de tras da caminhonete e minha mochila no banco da frente quando ia entrando, mas algo me chamou. 

- Ei. - era Josh. 

- Oi. - disse encostando no capô enquanto meu pai terminava de fechar o caminhão.

- Então... Ja estão indo? - ele perguntou meio sem graça.

- Bom, sim... A estrada é longa.

- Vou sentir sua falta macaquinha - ele disse me dando um soquinho no braço e sorrindo.

Eu conheço Josh desde que nasci. Somos vizinhos desde que ele chegou em Atlanta aos 3 anos de idade. Passamos os ultimos 14 anos juntos pra exatamente tudo. Ele era um irmão pra mim e com certeza seria dificil viver sem ele. - Deus, eu vou morrer de saudade de você - e o abracei - não me faça chorar.

- Beckie, amo você. - Ele disse ainda me abraçando.

- Amo você Joshie. Prometo que quando puder venho te ver. - e subi na caminhonete.

- Sei que vem. - ele disse fechando a porta pra mim. - Não faça um novo melhor amigo.

- Não faça uma nova melhor amiga. - e os dois riram.

Meu pai deu partida no carro e assim deixamos Josh em frente nossa antiga casa, ficando cada vez melhor pelo espelho retrovisor, junto com a nossa casa, nossa rua, nossas memórias...

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Depois de algumas horas de viagem, paramos em uma lanchonete na beira da estrada para comer. Ainda faltavam 5 horas. 

- Como está se sentindo? - meu pai perguntou.

- Estou bem. Um pouco ansiosa pra saber como vai ser la, mas ja sinto falta de Atlanta. - fiz uma pausa por uns segundos - não sente que estamos deixando a mamãe pra trás?

Ele riu - Sabia que ia perguntar isso. Não podemos pensar assim, Becca. Sua mãe esta sempre presente onde quer que estejamos. E ela não vai sair de la, então podemos visitá-la. - eu ri da piada mórbida feita. 

- Acho que ela está feliz por estarmos fazendo isso. - disse com a boca cheia de hamburguer depois de uma mordida. 

Depois de comer, seguimos viagem. No radio tocava Carry You Home do James Blunt. As arvores da estrada corriam rápido ao nosso lado, o sol ja estava mais baixo e mais algumas horas depois ja avistamos a Virgínia. 

A cidade era legal. Muitos comércios, muitas pessoas. Passamos pela escola e era enorme. A rua de casa era bem parecida com a de Atlanta, muitas arvores e casas grandes. Aliás, meu pai havia comprado uma casa grande demais para nós dois. Haviam duas salas, uma de jantar, uma cozinha imensa, três quartos e até uma piscina! 

- Estava barata. Parece que os donos estavam endividados. - ele disse enquanto eu reparava em tudo. - Vamos descarregar rápido antes que escurece. 

Começamos a tirar todas as milhares de caixas do caminhão e colocar na entrada da casa. - Becca, estão pesadas, deixa que eu tiro do caminhão e você leva pra dentro, assim vai mais rápido e não se machuca. 

- Oi, podemos ajuda-los? Sou James, e esse é meu filho Mike. Somos seus vizinhos. - um cara alto e outro mais jovem diziam ao meu pai. 

- Claro! Sou Henry. E aquela é minha filha Rebecca. - eu acenei da entrada de casa. - James e eu podemos descer as caixas, Mike e Rebecca levam pra dentro. 

Fui pegar uma das caixas do chão quando o garoto também veio pegar a mesma caixa e acabamos nos trombando. 

- Desculpa. - disse me afastando e pela primeira vez olhando pra ele. Puta que pariu. 

- Desculpa. Puxa vo... - parece que ele fez o mesmo - quer dizer, sou Mike. 

- Rebecca Martin. Quer dizer, só Rebecca. - e ri sem jeito. 

- Prazer conhecê-la, "só Rebecca". - e riu tambem. - Vai pra RHS?

- Desculpe, o que é isso?

- Richmond High School. A escola. - ele perguntou meio sem graça.

- Ah sim. Acredito que sim. 

Continuamos descarregando as caixas e levando para dentro de casa. Depois que todas acabaram, meu pai agradeceu e eles foram embora.

- Puxa que gentileza da parte deles. Chegamos com o pé direito na Virginia!

Nossa, meu pai estava muito animado. 

Subi minhas malas e minhas caixas e comecei a desfazer tudo dentro do closet. Ja era bem tarde quando meu pai aparece na porta do quarto segurando uma caixa de pizza.

- Tem feito um bom trabalho. Se sente em casa? - ele perguntou sentando na cama e puxando uma fatia.

- Não sei dizer ainda... É tudo estranho. Mas de uma forma boa. - sentei ao seu lado e também puxei uma fatia. 

Passava das três da manha quando terminei de arrumar tudo, tomei um banho e fui me deitar. Peguei meu telefone e digitei uma mensagem para Josh.

B- Acredita que também tenho um vizinho gato aqui? Acho que encontrei meu novo melhor amigo.

E ele respondeu logo em seguida.

J- Quer dizer que eu também sou gato?

B- Acabei de falar que encontrei um novo melhor amigo e só se preocupa em se te chamei de gato ou não? LMAO você é nojento. Sei que comeu meleca de nariz na sexta série.

J- NÃO COMI! E não me preocupo por que sei que não me troca por nada no mundo Beckie Fedida ;)

Desliguei o celular e fui dormir. No dia seguinte ainda teria muito trabalho para arrumar toda essa casa.

Tell Me WhyWhere stories live. Discover now