Querido Felix,
A cada dia que passa, a doença possui mais o meu corpo. Começou estragando meu sistema imunológico, para depois atacar alguns dos meus órgãos e, finalmente, atingir os vitais. Por isso eu decidi lhe escrever, Felix... Eu não sei se terei tempo de lhe dizer "Adeus".
Minha visão e respiração já estão dificultadas, minhas pernas não se movem na mesma velocidade e minhas costas doem. O fato é: tudo em mim dói.
Meu peito dói a cada batida de coração, meus pulmões estão doloridos pela falta de ar, minha garganta arde pelo enorme bolo de palavras que prendi, meu estômago se revira pois as borboletas estão desesperadas: elas vão morrer comigo.
Eu não sei o que fazer, sabe? Não sei se me despeço de quem é importante para mim ou deixo-os passar pela minha vida, me dizer adeus de forma não-recíproca enquanto estou em um caixão e depois se esquecerem de mim. Eu tenho medo de ser esquecido, mas sei que isso vai acontecer.
Você vai me esquecer, Felix?
Eu estou tomando um monte de remédios por dia para tentar salvar 1% da minha saúde, eu sei que não vai adiantar e isso é um desperdício de dinheiro. O que me dói mais é perceber que não aproveitei o que eu devia ter aproveitado enquanto estava vivo. Sim, vivo. Mas vivo de verdade, podendo sentir o cheiro de terra molhada durante uma chuva sem o peito arder, poder observar o pôr-do-sol enquanto eu estava sentado no muro de casa sem sentir tontura e fraqueza nas pernas.
Poder te beijar sem que a falta de ar tomasse conta dos meus pulmões antes mesmo dos nossos lábios se aproximarem. Poder te olhar nos olhos fixamente sem minha visão falhar e eu me perder do brilho no seu olhar. Poder te tocar firmemente sem que minhas mãos escapem da sua pele repentinamente porque estou fraco. Eu queria ter aproveitado mais desses nossos momentos, Felix.
Eu sempre admirei "Carpe diem", que é uma frase latina de um poema que poderia ser traduzida como "Viva seu dia como se fosse seu último" mas, mesmo eu amando essa frase, eu nunca apliquei à minha vida. Nunca aproveitei meus momentos de felicidade ao máximo, nunca vivi no meu máximo, nunca apreciei a sua presença ao máximo.
Agora vou me lamentar por isso, eu sei que vou. Sete pés abaixo do chão e, se minha alma ainda viver, vou continuar a pensar sobre como não aproveitei meus momentos contigo. Como não observei seu sorriso bonito. Como não contei todas as sardas que cobrem suas bochechas gordinhas e as comparei com constelações. Como não te abracei com força. Como nunca te chamei de "namorado", mesmo querendo.
Bom... minha mão já está trêmula e não sei se vou conseguir escrever por mais tempo, mas deixo minha despedida à você aqui. Felix, eu te am
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ALAMORT
FanfictionSeo Changbin estava próximo à morte e decidiu deixar uma mensagem a Felix, seu namorado.