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Guilherme:

Aquelas horas  haviam  sido difícil, a lembrança da intensa sensação de fragilidade diante da impotência de não poder fazer nada para reverter aquele acontecimento, a cada corpo que saia de dentro daquele cômodo o meu coração se apertava, eu desde que chegamos no cativeiro que tento desesperadamente escapar das mãos dos policiais que me seguram para que eu não invada o lugar, pelas minhas contas haviam sido efetuado quatro disparo, nas contas dos policiais seriam três, vi quando o primeiro corpo saiu, depois o segundo, logo após Glauco saía algemado, porém eu não via Bernardo e nem Samuel sair de lá de dentro, porque eles não saíam?

Glauco me olhou com desdém, vomitando a frase que quase fez o meu coração parar de bater:

_ O seu filho está morto, eu matei o seu filho.

O desespero foi tão grande que os policiais tiveram que me segurar com mais força para que eu não corresse lá para dentro. Eu chorava compulsivamente dizendo "_ É mentira, é mentira, meu filho está bem, ele tem que está bem."

Lana me abraçou, assustado Daniel que estava no colo da tia me olhava e assim que os policiais afrouxara a mão eu me desvencilhei e conseguindo soltar-me corri para a entrada do cativeiro mas novamente fui barrado pelos policiais não permitindo que eu entrasse:

_ É melhor que você não entre - disse o policial:

_ Eu quero ver o meu filho. Me deixa eu ver o meu menino.

_ Você não pode entrar no momento, a perícia está colhendo os vestígios do crime.

O rádio comunicador do policial que falava comigo emitia um som:

_ Aqui é da central, o IML já está a caminho, uma ambulância também, há quantos mortos e quantos feridos?

_ Central aqui é o agende Ribeiro, há dois mortos e um ferido. 

Eu estava tão desesperado para ver o meu filho e Bernardo que nem me dei conta que o policial disse que havia dois mortos e um ferido, os dois corpos estavam lá fora, então o ferido seria Samuel, isso significava que Glauco havia mentido e Samuel estaria vivo?

Uma ponta de esperança renasceu em mim quando eu olhei para o policial perguntando:

_ Me diz que meu filho está bem, diz para mim que ele não morreu. 

Ao invés dele me responder, ele chamou mais dois policiais:

_ Ele é o pai do menino, tirem ele daqui os legistas da perícia estão recolhendo as evidencias. 

Por que ele não me responde, será que não vê o meu desespero, é um pai que só quer saber se o filho está bem, por que Bernardo não saiu de lá de dentro com o nosso filho em segurança, essa incerteza está me matando e parece que estou invisível pois ninguém vem me dar notícias de como o meu menino está:

_ Lana porque eles não me deixa entrar, por que não falam se o Samuel está bem, aquele maluco disse que matou o meu filho, ele matou o meu filho e esses policiais não me deixam entrar para ver o meu filho. 

_ Calma Gui, tenho certeza de que o Samuel está bem, ele tem que está bem. 

Nesse momento ensanguentado Samuel era retirado em uma maca, eu corri ao seu encontro e ao vê-lo inerte, minhas pernas cambalearam o meu menino havia levado um tiro. Minhas vistas ficaram turvas e eu acordei horas depois em uma cama de hospital.

 Minhas vistas ficaram turvas e eu acordei horas depois em uma cama de hospital

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Bernardo:

Assim que desamarraram as minhas mãos eu ajoelhei-me perto do corpo de Samuel e o puxei para o meu colo o colocando junto ao meu peito, os policiais tentavam me tirar de perto mais eu não permitia. Samuel era meu filho, eles não tinham o direito de me tirar de perto dele:

_ Samuel acorda, nós vamos para casa, Samuel acorda meu filho.

Eu dizia a ele, mas ele não dava nenhum sinal, senti uma mão no meu ombro mas eu me recusei a me virar:

_ Os médicos chegaram Bernardo.

Levantei-me com o meu filho nos braços olhando para todos os lado a procura do médico e corri ao seu encontro quando o vi.

_ Doutor Salva o meu filho, salva o meu filho doutor, não deixa ele morrer, eu prometi ao pai dele que o levaria de volta em segurança, salva o meu filho por favor. 

O doutor examinava o ferimento nas costas de Samuel, suas expressões eram preocupantes porém logo ele gritou:

_ Ele ainda está respirando, vamos rápido tragam a maca para levarmos. 

Samuel foi levado diretamente para a sala de cirurgia a bala estava alojada em seu corpo, entretanto apesar da gravidade nenhum órgão interno havia sido sido perfurado. Foram momentos de aflição, pois  o meu filho lutava contra a morte e Guilherme estava desacordado, ele havia perdido o sentido ao que depois eu fiquei sabendo que pela informação errônea de Glauco que acreditou ter matado o meu filho, mas a grata surpresa se devia a Samuel sobreviver ainda que estivesse muito fraco devido a perder muito sangue. 

Lana ficou com Daniel, o coitadinho estava assustado ao ver o irmão daquele jeito, o pai desacordado e eu atordoado da maneira como estava nem pude lhe dar atenção.

Eu estava dividindo o meu tempo em saber notícias da operação e o quarto onde Guilherme estava para quando ele acordasse eu pudesse acalmá-lo.

Em uma dessas idas ao quarto dele, Guilherme acordou e a primeira coisa que perguntou foi:

_ Cadê o Samuel, eu quero ver o meu filho, me leve até o Samuel, Bê me leva até ele.

_ Ele está na sala de cirurgia, os médicos estão cuidando dele Gui.

_ Eu preciso vê-lo, preciso segura-lo, preciso saber que ele está bem, ele tem que saber que eu.. que nós estamos com ele, que vamos proteger. 

_ Calma Gui.. vai dar tudo certo, o nosso bebê vai ficar bem. 

A enfermeira aparecia no quarto.

_ Vocês são os pais do Samuel, o menino que levou um tiro nas costas?

_ Sim, somos nós - respondi.

_ A operação acabou, o doutor quer falar com um de vocês. 

_ Eu irei falar com ele.

_ Eu também vou. 

_ Não Gui, você ainda está se recuperando, fica aqui eu te falo tudo o que o doutor falar.

_ Não, eu quero ouvir o que o doutor tem a dizer. 

Não tendo como argumentar, fomos nós dois conduzidos a sala do doutor que nos indicou a cadeira de frente para ele para sentarmos:

_ O estado do Samuel está estável, ele chegou aqui com um quadro de hemorragia muito forte, mas conseguimos estabilizar, digamos que ele estar vivo é um verdadeiro milagre pois a bala ficou alojada, mas nenhum órgão foi afetado, nenhum foi perfurado. Agora vamos ver como ele reage a operação, as 72h são predominantes, pois como foi um ferimento de bala pode causar alguma infecção, mas se ele passar as 72h bem, a recuperação pode ser bem mais rápida do que o previsto. 

_ Nós podemos vê-lo doutor. 

_ Por enquanto não, ele está na UTI, ele passou por uma cirurgia complicada, essas 72h são importante para analisarmos a situação dele,  mas assim que ele for para o quarto uma das enfermeiras irá levá-los até lá. 

_ Ele ainda corre perigo doutor?

_ Aparentemente não, mas ainda temos que ver como ele reagirá essas 72h, nada podemos falar até que passe esse período. 


Em busca de redençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora