Capítulo 11

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Capítulo 11 – Família de sangue (Anne Z)

Estávamos indo de volta para o nosso acampamento militar, longe dos turistas. Eles haviam cedido aos nossos planos e foram todos embora.

Finalmente e para bem longe.

Fingimos seguir caminho semelhante e quando pudemos, desviamos na direção de nossos amigos da ADA.

Gabriel, tão logo partimos, se recolheu em um silêncio sepulcral. Eu ficava impaciente quando ele começava com isso e comecei a me questionar se não fazia de propósito. Por Deus, ninguém poderia ser tão controlado em não jogar conversa fora como ele.

Senti quando ele estancou seus passos de repente, virando a cabeça de lado como se enxergasse alguma coisa. Percebi um vulto se movendo na região periférica da minha visão, mas antes que pudesse estreitar melhor para enxergar, Gabriel se mexeu rapidamente.

Parecia um felino, enquanto abaixava-se precisamente, com passos silenciosos. Encarei sua figura desaparecendo entre as moitas e quando dei por mim, estava sozinha, no meio do nada, olhando para os lados.

Poderia ser algum predador? Uma jaguatirica ou um lobo guará costumava espreitar por essa região. Fiz uma rápida pesquisa quando soube que iria parar aqui. Mas como nunca tinha caçado antes, provavelmente mal saberia distinguir uma da outra.

Ele retornou, tempos depois, com um grande corpo entre os braços. A carcaça do que parecia ter sido um animal peludo jazia em cima de suas mãos, com uma cabeça enorme pendendo de lado.

- O que diabos foi isso? Questionei.

Parecia carregar um grande peso, mas tirando a mochila das costas caindo rasgada pelos lados, mal parecia estar segurando alguma coisa ou ter se movido tão depressa quanto fez.

- Eu vi um animal e o cacei – ele respondeu satisfeito, segurando a carcaça e sorrindo verdadeiramente pela primeira vez.

Deus, aquilo ali era um sorriso?

- E? Perguntei abalada com o semblante relaxado do meu companheiro.

- E podemos comer a carne dele depois que eu limpá-lo – notando a confusão que se instalava no meu rosto, acrescentou – carne de capivara é muito rica em proteína e os homens no acampamento estão precisando.

Segurei o meu queixo de despencar na frente dele, mas ele percebeu que havia me surpreendido porque seu sorriso se intensificou.

Quando alcançamos a nossa cabana, ele já havia limpado a carcaça e caminhava todo ensanguentado com uma muda de roupa nas mãos, na direção do rio. Fiquei acompanhando-o com o olhar, notando como os demais soldados o encaravam, depois que praticamente "enriqueceu" o jantar daquela noite.

Eu ainda apreciava a alegria com que os homens improvisavam uma forma de assar o "porco", enquanto o novo recruta da ADA se banhava tranquilamente no riacho. Para um soldado, ele tomava banho em demasia. Provavelmente tinha aversão de suor lhe escorrendo pelo corpo, detalhe que me deixou um pouco intrigada.

Desviei a atenção do sujeito e encontrei Ripper treinando por ali, atirando facas num alvo a mais ou menos cinco metros dele. Seu punhal dourado, aquele que sempre carregava não importando aonde ia, estava preso na sua lateral.

Para um treino qualquer costumava usar apenas uma simples faca. Porque aquela sua arma oficial, somente era usada, quando realmente era "para matar".

- Dia cheio hoje? Eu me aproximei dele, tomando o devido cuidado para não permanecer entre sua mira e o "alvo".

Uma vez, sem querer, fiquei bem próxima disso e apenas para me ensinar a nunca mais fazê-lo ele acertou a "ponta" da minha orelha. Aquilo me assustou como o inferno. Sorrindo depois, me disse para me afastar e só chegar perto dele pelo lado que seu braço estava descansando (e não o lado que usava naquele momento para erguer a faca na hora do treinamento).

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⏰ Última atualização: Aug 23, 2018 ⏰

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