Capítulo Único

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É recomendável que se leia ouvindo a música.
Espero que gostem,anjinhos.
Enjoy.

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Seul, Coréia do Sul


O relógio marcava por volta das seis da manhã, indicando que outra noite de sexo de reconciliação havia ocorrido no meu quarto. Se é que pode-se afirmar que foi uma reconciliação. Chegamos a romper? Aliás, nós chegamos ao menos a ter algo sério? Por que não entra na minha cabeça que eu sou só o seu brinquedo? Sua segunda opção.

Você está deitada aqui comigo, adormecendo. Mesmo depois de uma noite inteira transando, eu consigo sentir o cheiro dela em você mas estou focada dessa vez. Eu sei o que se passa na sua cabeça, eu sei exatamente o que aconteceu nessa cama, de novo. Sempre foi assim, você ainda corre atrás dela, você ainda a deseja e eu não a culpo. Tzuyu nem sabe que temos algo, ela não tem culpa de nada mas você sim, você havia prometido ficar comigo, me prometeu mudar. Tudo isso é sua culpa.

Seu telefone está tocando, então atenda-o, por favor. Eu sei que é ela te ligando, que porra é essa? Pensei que passaríamos o dia de hoje juntas mas pela ligação a essa hora, você continua tentando algo com ela. Por acaso está nos usando? Que tipo de problema você tem? Eu deveria saber que uma traidora continua sendo uma traidora, teria evitado a situação que nos encontramos agora.


Essa é a hora em que você cata suas roupas, me pede carona até a casa dela e promete que tudo vai ficar bem? Oh, sim! É agora. E lá vem o alarme tocando na minha cabeça, como se alguém dissesse: "não confie nela."
Eu não irei contra o meu subconsciente dessa vez, não vou ouvir o meu coração. Não. Eu já me fodi demais nessa história por ouvir ele. Enfim as mensagens da Eunha no seu celular fazem sentido. O que eu estava esperando de você, Sana? Um pingo de arrependimento, talvez.

Agora eu estou aqui sentada no banco do carro, sabendo perfeitamente aonde você vai. Sempre me pede para parar o carro no início da rua, sei bem que estragaria seu plano se eu te deixasse na porta dela. Assim como você estragou meu relacionamento com Momo quando apareceu nua no meu apartamento esperando por mim. O karma é mesmo uma vadia, não é, Minatozaki? Do mesmo jeito que as coisas vêm, elas vão.
Agora enquanto você toma café com ela, eu estou rebobinando os acontecimentos. Lá vem o alarme mas a sirene se foi dessa vez.


Lá vem o alarme.
Eu vi tudo isso acontecer e eu deixei acontecer. Jihyo vai ser a primeira a me dizer "Eu te avisei" mas o seu estilo me deixava intrigada. Tudo em você me intrigava. Você não era a mesma quando estava sozinha comigo, me tratava diferente das outras e eu gostava disso. Gostava dos nossos encontros escondidos mesmo correndo o risco de destruir minha amizade de anos com Tzuyu. Eu estava sendo uma otária por você, Sana.

Eu sou melhor do que isso, sei bem o meu valor. Talvez eu possa estar colhendo o que plantei enquanto estava com Momo mas eu não vou permanecer para assistir a reprise desse episódio. O que está feito, está feito.


Lá vem o alarme.
É sábado a tarde e todas nós estamos reunidas como de costume. Chaeyoung conversava comigo quando você chegou e passou por mim sem falar comigo ou me olhar. Foi direto na direção da mais alta. Eu olhei duas vezes para conferir se aquilo estava realmente acontecendo e ri. De nervoso, é claro. Você estava mesmo dando em cima dela na frente de todo mundo? Chaeyoung me pedia calma com os olhos e Jeongyeon parecia não acreditar no que via. 


"Dahyun? Você está bem? Eu posso separar elas."

"Deixa isso pra lá, Jeong." 


Apesar de tentar não me incomodar com as suas investidas em cima da taiwanesa, aquilo me corroia. Eu sabia que seria assim mas serira pedir demais pra que não fizesse isso na minha frente?

Você parecia bem alterada, rindo alto e se jogando em cima dela quando eu ainda estava na metade da minha segunda garrafa. No meio de toda aquela confusão, Jeongyeon e Chaeyoung me pediam calma e tudo o que eu sentia no momento era repulsa. Repulsa e raiva. O karma é realmente uma vadia mas eu não ficaria ali por mais tempo. Antes de sair, pedi desculpa as meninas e olhei pra trás a tempo de ver Tzuyu lhe rejeitar. Eu até poderia rir, se não fosse por todo ódio que sentia no momento.


Eu andava pela calçada daquela rua em passos firmes e decididos, enquanto memórias nossas vinham a minha mente como pequenos flashes.

Bang bang, dois tiros disparados
Homem morto, uma boba, uma mentirosa


Nunca se tratou de nós, tudo sempre foi só pro seu próprio prazer. Quando irá pensar em alguém sem ser você? Eu sempre fui a porra do seu plano B.

Trim, trim, a confiança desapareceu
Casa pegando fogo, casa pegando fogo


Aquele foi o ato final, Sana. Eu não ia mais fazer parte dos seus joguinhos, era o fim. Já chega de ser o seu brinquedinho, eu também tenho sentimentos, Minatozaki e era hora de seguir em frente com ou sem você. De preferência sem.

Bang bang, dois tiros disparados
Homem morto, uma boba, uma mentirosa
Trim, trim, a confiança desapareceu
Casa pegando fogo


E lá vem o alarme.

"Dahyun? Dahyun, espera." A japonesa me seguia calmamente. 

"É bom você não estar me seguindo, Minatozaki."


Eu realmente havia estacionado o carro muito longe dessa vez, no início da rua pra ser exata. Coincidência, não? Tenho certeza que o deboche estava estampado no meu rosto, tão explícito que poderia ser visto a quilômetros de distância. Meus passos eram firmes, olhei pra trás umas duas vezes para conferir e Sana continuava no meu encalço.


"O que quer agora? Outra carona? Entra aí e aproveita que é a última."

"Dahyun..." Entrou junto comigo no automóvel, porém não lhe deixei terminar.

"Não, não diga nada." Ergui a mão gesticulando em negação. "Acabou aqui, eu não quero mais nada com você. Não me ligue ou mande mensagens e saia do meu carro, a sua última carona foi a mais rápida, você já chegou ao seu destino. Tzuyu está no bar do fim da rua." A japonesa me olhava estática. "Vamos, o que está esperando? Saia!"


Dei duas palmas no ar e um empurrão no seu ombro. Foi assim que ela saiu pela última vez do meu carro. Manobrei o veículo, tirando-o da vaga na qual estava e acelerei o mesmo, levantando o dedo do meio da mão direita. Podia vê-la pelo retrovisor, fazendo gestos como que me perguntando se eu estava louca e um sorriso brotou nos meus lábios, dando espaço a minha gargalhada. Eu podia ser otária mas não pra sempre. As cortinas se fecharam. Acabou o show, Sana.

Lá vem o alarme.


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Postei e saí correndo.

Meu tt: @quietzuyu

Alarm - Saida One ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora