Bernardo:
Enfrentar o depois é o mais complicado, tudo o que queríamos era que as coisas voltassem ao normal, mas com a mídia nos seguindo por todos os caminhos, querendo tirar fotos dos gêmeos, principalmente de Samuel mudou totalmente a nossa rotina, depois que saímos do hospital nem para nossa casa podemos voltar pois ao que recebemos informações que tanto em nossa casa como na escola estava impossível de chegar, os dias no hospital não haviam sido fácil, foi uma semana de intensa expectativa para a recuperação de Samuel que milagrosamente saiu ileso sem nenhuma perfuração em seu órgão, a operação correu com sucesso absoluto, a tensão se deu mais naquelas 72h que não sabíamos como ele reagiria, mas o meu filho é o menino mais forte e corajoso que conhecíamos.
Guilherme em todo tempo se manteve do lado do nosso filho, só conseguíamos convence-lo a ir para casa com muita insistência, e apesar do médico responsável ter dado uma entrevista coletiva para a imprensa os informando como Samuel estava, mesmo assim era um de nós ter que deixar o hospital para irmos em casa ou em algum lugar para resolver algo e éramos cercado por jornalista, nós não tínhamos liberdade de ir e vir sem sermos cercados, isso de uma certa forma me fez entender como Guilherme se sentia com o meu ciumes desmedido.
Um problema não eliminava o outro, eu agora tinha que lidar com o emocional dos meus filhos e da minha própria doença em relação ao ciumes que sentia, e ainda para resumir o Glauco pediu que o advogado pedisse que eu fosse vê-lo.
O que ele ainda queria comigo, será que não se dava conta que tudo o que eu queria dele era distancia, mas orientado pelo nosso advogado e acompanhado pelo mesmo eu e Guilherme decidimos que seria melhor saber o que ele queria.
Marcamos uma data específica e quase um mês depois eu estava ali adentrando a sala onde Glauco apareceria:
_ Obrigado por vir Bernardo.
Ele falava com um tom estranhamente calmo, coisa que eu sabia que não era o seu habitual, ele planejava alguma coisa com aquilo, disso eu não tinha dúvidas.
_ O que você quer, mandou me chamar por qual motivo?
_ Eu quero te pedir perdão, eu sei que eu causei um transtorno a vocês, sei que se eu chamasse o Gui..lherme aqui, ele teria dificuldade em vir, acredito que ele esteja me odiando, então eu só tenho que agradecer o seu comparecimento aqui.
_ Qual é a tua Glauco, para que essa cena, a quem quer enganar?
_ Sei que tem todos os motivos para não acreditar, mas está aqui dentro esse mês me fez refletir em minhas atitudes, e eu percebi que você e o Guilherme não mereciam o que eu fiz com vocês, o menino como está?
_ O meu filho está ótimo, foi por um milagre que ele não se foi, mas eu te aconselho a ficar bem longe dos meus filhos, do Guilherme e de mim.
_ Não seja tão rancoroso Bernardo, eu estou arrependido.
_ Eu não acredito nenhum pouco nesse seu arrependimento, então pode parar de cena.
_ Está certo, eu posso não te convencer, mas posso convencer o juri que não represento ameaça a vocês.
_ Então é esse o seu plano, mas acredite não vai dar certo, eu farei de tudo para mantê-lo o tempo necessário dentro de uma prisão que é o lugar onde você merece está.
_ Que pena Bernardo, isso não depende de você.
_ Você que não ouse a chegar perto da minha família de novo.
_ O que pensa em fazer se eu me aproximar, vai me matar?
Essa é uma cena que eu adoraria ver, você tentando me matar, mas quer saber, você já conseguiu fazer isso no momento em que recusou o meu amor, você foi me matando aos poucos.
_ Você é louco, completamente louco, ninguém força o amor de ninguém.
_ O Guilherme te roubou de mim.
_ Eu nunca fui seu.
O ódio estampado no rosto de Glauco era algo quase palpável, e como diz a frase, se ódio matasse eu cairia morto naquele instante, chamei o policial que estava um pouco afastado e disse:
_ Eu quero sair.
Glauco voltou a interpretar um personagem perto do policial:
_ Eu espero um dia ter o seu perdão Bernardo, eu estou realmente arrependido.
Enquanto o policial o levava, ele virou a cabeça para trás demonstrando uma sagacidade ao sorrir de uma forma maldosa.
Ao contar tudo ao advogado, ele logo decifrou qual era o plano de Glauco:
_ Eles vão tentar alegar que a sanidade mental dele está perturbada, aí ao invés dele ir para uma penitenciária, mandarão ele para uma clínica psiquiátrica.
_ Clínica de doentes mentais?
_ Isso, o advogado dele tem uma lista infindável de clientes que foram parar nessa clínica, eu já devia ter desconfiado que eles seguiriam por essa linhagem.
_ Não podemos permitir que isso aconteça, o Glauco tem que está encarcerado para que ele não faça mais nenhum mal a minha família.
_ No que depender de mim, ele sairá daquele tribunal direto para uma penitenciária.
Nos despedimos na saída da delegacia e eu fui direto para casa da Lana onde Guilherme e os meninos estavam, nós ainda não tínhamos voltado para nossa casa, nem os meninos puderam retornar as aulas. A repercussão da mídia ainda refletia em sermos rodeados por curiosos para saber notícias de Samuel. Isso mostrava que a humanidade ainda se importava com o outro, mas nos tirava de uma rotina cotidiana que estávamos habituados. Os meninos estavam com saudades da nossa casa, do quarto deles, das coisas deles, mas estávamos privados de voltarmos pois vários curiosos ainda nos esperavam na porta de nossa casa.
Se todo esse assédio era bom, de certa forma era pois era devido ao meu filho ter passado por aquilo que muitos queriam demonstrar o carinho a ele, mas esse deslumbramento momentâneo também era um transtorno pois nem na escola eles estavam podendo ir, estavam estudando em casa, eles não podiam sair no portão sem que alguém quisesse os fotografar.
Tanto Samuel quanto Daniel estavam passando no psicólogo para ver como eles estavam lidando com tudo aquilo, e para nossa surpresa e alegria o nosso pequeno se gabava de ter passado por tudo aquilo, lógico que ele não tinha a noção do perigo que correu, para ele tinha sido uma aventura, e que bom que ele enxergava assim, o maior medo que Guilherme e eu tínhamos era que os nossos filhos ficassem traumatizados com aquela situação, enquanto eles imaginasse que era uma aventura apenas era mais confortante, depois quando eles começassem a entender a maldade que alguns seres humanos como Glauco tinha no coração, nós dois sentaríamos com eles e explicaríamos, por agora eles estavam protegidos por nós dois.
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Em busca de redenção
RomantikBernardo e Guilherme enfrentam a dura realidade da separação, como conviver sem a presença um do outro se seus corpos anseia por estarem juntos. Dez anos , dois filhos , um erro e muitas acusações, será que essa relação está fadada ao fracasso ou...