CAPÍTULO 5

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EULALIA SAIU DA PRAÇA, uma antiga e muito visitada por turistas, e foi pegar o metrô que levava até o bairro mais luxuoso de Paris, dentro do 6º arrondissement, o Saint-Germain-des-Prés. Os arrondissements eram a forma administrativa a qual a Prefeitura de Paris organizava a cidade, sendo que as periféricas eram as mais pobres.

Na ida, ficou pensando na nova oportunidade que estava à sua frente e agora, não poderia perder por nada. Embora fosse um emprego humilde, era honesto e Eulalia não era arrogante. Ela pegou o cartão do metrô e deixou em mãos, e desceu as escadas subterrâneas a fim de chegar à estação de metrô. Sua meta era chegar lá antes das 17h, uma vez que teria de voltar ao seu apartamento e apanhar Noelle da casa de sua vizinha. De onde estava, não era longe do arrondissement, mas o problema era o trânsito lento das principais artérias de Paris.

Ela observou os passageiros dentro do metrô. Mulheres com crianças de colo. Homens sozinhos, casais ou famílias inteiras, voltando do trabalho, ou levando os filhos à escola. As pessoas que viviam e corriam atrás dos seus sonhos, assim como ela. É claro que ela ficara surpresa que, de uma hora para outra, teve de arcar com os gastos do funeral de sua chefe e ainda, ficar com sua filha.

Mas ainda assim, todo sacrifício por Noelle era válido. Eulalia a amava muito. Então, faria qualquer coisa por ela. Se fosse para limpar chão, como a vaga que estava indo atrás naquele momento, ela iria. Se fosse para recolher lixo ou trabalhar novamente como babá, novamente, absolutamente qualquer coisa. Eulalia apenas desejava que Noelle não tivesse um futuro incerto e nebuloso como o das crianças que moravam no prédio velho ou nos entornos, no qual as duas viviam.

Ela gostaria que a criança estudasse em uma boa escola, tivesse uma formação cidadã e ainda, um ensino pautado em idiomas e no preparo para as universidades. Mas acima de tudo, que tivesse um bom coração e fosse uma boa pessoa no futuro.

Eulalia teve de abdicar de muitas coisas para ser bailarina, embora tivesse parado por tempo indeterminado. E agora, fazia isso por Noelle. Mais tarde, talvez, ela pudesse a ser uma bailarina profissional, apresentar-se em grandes festivais e ainda, ser professora para crianças de baixa renda em algum projeto social, como desejava.

O som do metrô parando na próxima estação soou em seus ouvidos, indicando que chegava próximo ao seu destino. As pessoas apressadas já se exprimiam próximas à porta, a fim de sair. O metrô parou, os cidadãos deixaram o vagão e se espalharam na grande área de desembarque da estação.

Ela caminhou, com suas sapatilhas gastas e roupas antigas, pela estação e emergiu à superfície pelas escadas. Caminhou pelas ruas, procurando pelo prédio que constava no e-mail. Os edifícios eram originais da arquitetura Haussmann, datados de mais de 150 anos, que ainda imperavam pelas ruas e davam um toque único de originalidade à cidade de Paris.

Eulalia confirmou o endereço. Um edifício que não era tão alto, de cinco andares e que ficava na divisa com outro arrondissement. O prédio também era de modelo antigo, com o parapeito de ferro batido nas sacas e com as janelas ostentava beleza e elegância e certamente, os donos dos apartamentos eram pessoas com dinheiro, empresários e celebridades.

Mesmo assim, apesar de histórica e com a arquitetura tradicional, Paris era conhecida pela sua beleza histórica que remontava há séculos. Na entrada, havia um segurança que cuidava quem entrava e saía, e assim, certamente garantia a proteção de quem ali vivia. Se fosse isso mesmo, o morador ou moradores daquele prédio deveriam ser pessoas importantes e muito influentes na cidade.

Acercando-se de seu destino, ela foi barrada e questionada na entrada do térreo do edifício, pelos seguranças, que estavam vestidos de preto.

- Onde pensa que vai, mademoiselle? – Inquiriu um homem corpulento.

O Direito de Amar - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 5 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora