Capítulo 21

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Minha risada saiu tão alta, que o restaurante inteiro quase parou para olhar para nossa mesa. Alisson é um homem extremamente charmoso e engraçado. Muitas mulheres se atreviam a dar uma olhadinha nele, mesmo com seus acompanhantes.
"Eu não acredito que você fugiu assim..." ele riu, depois de eu contar minha saída desastrosa do orfanato. "Você é maluca, mulher"
Me endireitei, olhando para o homem na minha frente. Sua expressão não era uma das melhores, mais ele parecia longe dali. Seu prato era o único da mesa que não estava vazio.
"William..." ele me olhou, sem demostrar nenhuma reação. "Não comeu nada, está sem fome?"
"Obviamente, se não teria comido!" Recostei meu corpo na cadeira novamente, tomando distância.
"Então, mai..." olhei para o homem ao meu lado, "Algum pretendente a vista? Namora" sorriu.
Olhei para William, e vi seus olhos pousarem na minha mão. No mesmo instante suas sobrancelhas franziram e ele me encarou.
"Hum..." mordi a bochecha por dentro, "namoro..."
Ele manteve o sorriso, "Quem é o louco que não coloca uma aliança no dedo dessa mulher." Riu, "não acha, William?"
Arqueei minha sobrancelha, aguardando a resposta dele. Ele me encarava, sem entender.
"É..." olhou para o Alisson, "quem é o louco..." disse por fim, passando as mãos pelos cabelos.
"Sabe, Alisson..." o encarei, e seu par de olhos pareciam mais azuis ainda. "Eu sou uma pessoa que acredita muito na reciprocidade" desviei meus olhos para o William. "O que me oferecem, eu ofereço em troca. Sempre na mesma intensidade e sinceridade" Voltei ao par de olhos azuis do meu lado, "e eu sou assim, sincera e reciproca."
Seu sorriso se alargou mais, "Mai, você é uma mulher perfeita"
William pigarrou, "Podemos ir para o que interessa, Sr. Smith?"
"Claro, Levy." Seus dedos ágeis ajeitaram seu terno. E em segundos, parecia outro homem, não tão descontraído. Mesmo assim, abriu um sorriso para mim, antes de voltar atenção ao William.
"Maite..." Acendi, e puxei o tablet.
"Me passe aqui..." olhei para ele. Ele tinha dito que eu poderia apresentar o projeto, eu passei horas nele!
"Estou esperando, Maite!" Ele estendeu sua mão.
"Sim, senhor Levy" desbloqueei o tablet e entreguei para ele.
"Então, sr smith..." o toque do meu celular atrapalhou William. Peguei rapidamente e meu sorriso foi inevitável ao ver o nome na tela.
"Desculpe. Eu preciso atender" disse me levantando rapidamente. Alisson levantou em seguida.
"Não se preocupe..." sorriu, puxando a cadeira. "Não demore muito, essa reunião vai ficar um tédio sem você"
"Demore o tempo que precisar. Não vou precisar de você" William disse, voltando atenção ao tablet.
Ignorei suas palavras e como ela me afetou e sai dali, sem olhar para trás.

"Estou com saudades." Não deixei ele nem me cumprimentar, apenas disse a única coisa que realmente sentia e queria dizer. "Volta logo, pelo amor..."
"Mai..." a voz doce do meu amigo invadiu meus ouvidos, esquentando meu coração. Eugenio era tudo para mim. "Não se passou nem dois dias..."
"Você nunca ficou longe de mim por vinte e q..."
"Maite" ele me interrompeu, sua voz estava diferente. "Eu encontrei seus pais"
Minha respiração vacilou, e meu coração quase saltou para fora. Eu não posso ter escutado isso.
"O que?" Perguntei, respirando rápido.
"Desculpa te contar assim, você sabe que eu não gosto de ro..."
"Eu não quero saber nada!"
"Maite..." seu tom de voz denunciava sua postura, mesmo do outro lado da linha. Ele não concordava comigo. "Não seja tão cabeça dura"
"Cabeça dura?" Ri, amargamente. "Eu sofri meus 16 anos em um orfanato..."
"Eu já sei tudo o que você vai falar..." ele me interrompeu, "mas as coisas não são assim"
"Você me ligou para isso?" Bufei.
"Não seja infantil, por favor"
"Eu te pedi para nunca ir atrás disso"
"Maite..."
"Você já estava vendo isso antes né?"
Ele suspirou fundo e ficou em silêncio.
"Quanto tempo?" Insisti.
"Mai..."
"Quanto tempo, Eugenio?"
"Meses..." ele disse, depois de longos segundos...
"Você não deveria ter feito isso, nunca. Eu não te pedi isso, eu não quero isso"
"Pensa melhor, é sua família..."
Olhei pra dentro do restaurante e vi os dois homens vindo em minha direção. Me virei, "Eu preciso desligar, Eugenio"
"Maite, n..."
Interrompi, "É sério, to em trabalho. Até" antes dele me responder, desliguei.
"Maite..." a voz de Alisson me causou um sobressalto e então me virei.
"Nossa, foram rápidos" tentei sorrir.
"Eu fiquei de assinar contrato em Manhattan"
"Como?" Não contive minha reação de surpresa. William estava ao seu lado, com a mesma expressão de quinze minutos atrás.
"Quando?" Perguntei.
"No fim da próxima semana provavelmente" sorriu, olhando par ao relógio, "Eu estou bem atrasado para uma reunião."
"Ah, certo, tudo bem..." estendi a mão. Mas, ele me surpreendeu me puxando para um beijo no rosto.
"Espero te encontrar mais vezes, Mai. Boa viagem"
Antes de eu conseguir responder, ele já estava a caminho do seu carro. William ainda estava ali, com a mesma expressando, com um pequeno "v" na testa por conta das sobrancelhas franzidas. Ele me encarou, mas não disse nada, então saiu andando, em direção ao manobrista. E eu corri atrás.
"Oh, me espera. Qual seu problema?" Minhas mãos alcançaram seu braço, mas ele não diminui os passos. Maldito saltos.
Ele trocou poucas palavras com manobristas e em poucos minutos já estávamos dentro do carro. Em silêncio. Meu celular tocou novamente, pela segunda vez, e eu desliguei, mandando uma breve mensagem que estava ocupada.
"Quem é?" Pela primeira vez, depois de longos minutos, ele falou comigo.
"Eugenio" disse sem olhar para seu rosto. Voltei minha atenção para a janela. Eu sempre soube que William era bem temperamental, mas hoje... ele foi um imbecil na mesa me dispensando. E agora estava sendo mais imbecil ainda. E a viagem prosseguiu assim, em silêncio, até o hotel.
                                *
"Mai..." ele segura meus braços, antes de eu entrar no meu quarto. "Me desculpa, eu, eu, não sei..."
Ele me soltou e eu quase implorei para que não fizesse isso. 
"Eu fiquei com ciúmes, é isso. Ciúmes"
Continuei o encarando. Seu rosto demonstrava preocupação. E seu arrependimento era estampado na cara.
"Você me entende não é?" Ele se aproximou, "Porra, ele estava dando em cima de você na minha frente." E se afastou de novo, encarando minha mão. "Cade sua aliança?"
"Cade a sua?" Rebati. Ele não respondeu. "Eu estou cansada, William..." me virei, abrindo a porta.
Ele se aproximou do meu corpo, e despejou um beijo no meu pescoço. Seus lábios na minha pele, incendiou todo meu corpo.
"Não quero brigar, por favor..." disse, massageando meus ombros. Meu corpo relaxou.
Sussurrei, "Eu também não."
Outro beijo. "Então..." ele jogou meu cabelo pro lado. Outro beijo. "Me deixa entrar, meu anjo" sussurrou, mordendo minha orelha.
A voz de um anjo...
Me virei, encarando seus olhos.
"Will..."
Ele me puxou, e seus lábios encontraram os meus. Ele pediu passagem com a língua e eu concedi. Nossas bocas foram feitas um para o outro.
Seus lábios passaram pelo meu pescoço  cuidadosamente, distribuindo beijos. Até chegar na minha orelha, "Por favor..." sussurrou.
Um pedido, rumo ao pecado...
Talvez.
"Entra..."



Meus anjos, e agora... 😱
Rumo ao pecado... hahaha

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Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora