Verão

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Arrumando todas as coisas do verão, eu queria ficar nessa estação por toda minha vida. As noites quentes são tomada por energias incríveis, sensações de cansaço são substituídas pela  ansiedade das inúmeras festas que acontecem do outro lado da cidade. O verão foi feito para amar e deixar, mesmo não concordando com essa ideia, era o lema, o que acontece no verão fica no verão. No entanto o outono é uma época de transição entre os extremos de temperatura verão-inverno, como se fosse o Yin Yang, duas energias opostas igual a gente. O fim do verão levava uma parte de mim, o calor que eu sentia naqueles dias ao lado dele, se transformarão em folhas laranjas, frio e o céu com tons de azul e cinza

Todas minhas memórias daquela estação, me levam de volta para a noite em que nos conhecemos, provavelmente não vou sentir aquela adrenalina novamente por tão cedo. Meu corpo estava deitado ao lado dele, quando falei o primeiro: "Oi, como está se sentido hoje garoto novo?". Me lembro dele esforçando para alcançar minhas mãos para pegar o copo, tomando um gole do drink rosa, cheio de gelo, com um sorriso de lado e bochechas vermelhas, me respondendo: "Eu não sei bem, sinto meu corpo dormente, e você como se sente?". Olhando para o céu desviado ao máximo de encarar seus olhos castanhos falei: "Olha, não sei explicar, me sinto mais leve e livre". Virando todo aquele liquido com gosto de álcool barato, meu corpo já não aguentava mais aquele gosto de suco de saquinho de morango azedo, fazendo meu estomago revirar, mas mantinha a coragem de falar com aquela pessoa. A noite ainda estava na metade, as horas demorava passar, eu não queria que aquele momento, que estava deitado ao lado dele acabasse, queria aproveitar cada segundo. Ficamos apenas um tempo olhando para céu estrelado, sem dizer uma palavra. No fundo tocava uma música indie animada, parecia aquelas cenas de filmes de Hollywood, mas nada muito glamoroso.

Minhas roupas ainda tem o cheiro do perfume barato dele, as poucas fotos que tiramos sempre mostravam os nossos olhares desconfortáveis, aquelas Polaroid deixava a gente bugados, mas uma coisa era real e confortável naquilo tudo, nossos sorrisos, representando em resumo os turbilhões de sentimentos presentes naqueles momentos. Acho que isso se chama de paixão, me lembro dele falando: "Oh, isso pode ser paixão ou amor, é tudo tão confuso, mas tão bom", enquanto acendia o cigarro em minha boca, na frente da lanchonete, perto dos velhos trilhos de trem. Dei uma tragada, o gosto de menta do cigarro ficou na minha garganta, respondendo ele disse: "Eu não sei qual a diferença de amor e paixão, mas acredito que pode ser um dos dois! O jeito é esperar e ver o que o verão guarda para gente, ele talvez tenha a reposta de toda essa confusão". Tomando o cigarro que estava entre meus dedos e dando uma tragada, ele me abraça e beija. Após um tempo assim,  andamos em direção do seu carro vermelho. Enquanto ele dirigia, observava o crepúsculo, o dia passava rápido, era 4 horas e 20 minutos quando olhei no relógio, acendi outro "cigarro".

Me lembro quando sua cabeça pegou fogo pela primeira vez, todos aqueles momentos bons se transformaram um vazio silencioso. Ele olhava fixamente para o mar, não falava nada, apenas contemplava o infinito do mar, passou seu braço sobre meu pescoço e me abraçava fortemente. O verão estava acabando, tudo ia voltar a normal, entediante e chato. As longas noites de devaneios e sonhos ia se despedindo aos poucos. A brisa do mar trazia a gostosa sensação de refrescância, naquele momento era só a gente e o mar. Ele se vira para mim e me encara, eu faço o mesmo, ficando de frente para ele. O silencio é interrompido pela sua voz grossa: "Sabe, geralmente odeio verão, essa cidade fica tão quente, mas esse ano o verão foi tão bom, mesmo com esse calor eu pude sentir algo que nunca senti antes". Suas palavras me causaram calafrios, eu só encarei sua boca e dei um beijo bem duradourao, enquanto lagrimas escorria dos nossos olhos.

Olhando pela porta de vidro, vejo o carro dele dando partida pela última vez na garagem. Ele estava indo embora, aquele foi nosso último momento juntos, o verão acabava ali e com ele levava a única pessoa que fui capaz de sentir um dos melhores e piores sentimentos que senti na vida. Todas as histórias agora apenas existem na minha memória, como se fosse uma pintura que antes era feliz e cheia de cores, mas agora se tornou triste e monótona pintada com tons de azul. Tornando a atmosfera densa e pesada em minha volta, causando uma dor que já mais senti antes. O único desejo que queria naquele momento era que meu corpo caísse ao seu lado na cama onde tudo era bom. Não deixando aquele amor se torna em dor.

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