O sol brilha forte naquele início de manhã na cidade de Montgomery, raios que agradam qualquer um exposto a eles.
Com o fim da madrugada, o movimento no Aviator Bar cessa deixando desordem no local. A reorganização da casa conta com varrer do chão, lavagem da pilha de pratos, e reposição de estoque. O que era um bom sinal, essa "bagunça significa lucros.
Ao passo que os bartenders terminavam seus afazeres, trocavam suas roupas e batiam seus cartões, dando seu "até logo" á uma das bartenders que sempre era a última a sair, Michelly Michaels.
Sozinha e cansada após as inúmeras tarefas das quais era responsável no exaustivo turno, cruza o corredor que cheira a mofo até os fundos do bar. Removendo suas sapatilhas desgastadas, entra no apertado banheiro e para em frente ao velho espelho manchado pelo tempo, abre sua bolsa e retira alguns tufos de algodão, os usando para limpar a pesada maquiagem com a qual desenhava seu rosto no formato que gostaria que fosse.
Aos poucos, Michelly desfaz pouco a pouco o penteado de sua peruca, remove alguns grampos, e deixa seu cabelo preto cair sobre seus ombros.
- É Jordan, hora de descansar e pensar mais no seu futuro. – displicente, diz ao espelho.
Pronto para ir para casa, apanhou sua bolsa e deu uma última checada geral no Aviator bar. Em meio aquele clima fresco da cidade, Jordan caminhava a passos largos e despreocupado pela rua vazia, até notar que o orelhão de esquina têm seu fone fora do gancho.
Impulsivamente, pensa em ajeitar o aparelho. Por súbita curiosidade, coloca fone no ouvido para saber se havia alguém na linha. Sem resposta, repõe o fone no gancho, tentando imaginar quem usaria orelhões hoje em dia.
Não dando sequer dois passos à frente, Michelly se depara com algo que faz os pelos em seus braços e nuca se arrepiarem.
O que ela vê é perturbador.
Do outro lado da rua, onde a grama cresce o suficiente para servir de pasto a animais campestres, um ser esguio e alto curva-se sobre de uma vaca enquanto algumas fogem com desesperados mugidos, e outras agonizam pelo perímetro. O que quer que fosse aquilo, de alguma forma sugava o as entranhas dos animais vigorosa e assustadoramente.
Horrorizada, Jordan olha para os lados na tentativa de encontrar alguém por ali vendo a mesma cena. Mas não havia mais ninguém.
Não conseguia se mover.
De repente, uma sombra lhe cobre e ela olha para cima. Um objeto gigantesco obstruía sua visão do céu, e parecia estar em queda livre. Quando finalmente atinge a espessa grama do pasto com os bovinos mortos, alguns apêndices surgem das laterais do objeto e fixam-se no solo, enquanto gosma alaranjada forma grossas bolhas na parte de baixo da estranha cápsula.
Baqueada e tentando decidir se aquilo tudo é um sonho ou não, Jordan busca forças em suas pernas para finalmente mover-se e correr, fugir daquela bizarrice.
Gritando pelas ruas que passa, consegue chamar atenção dos poucos transeuntes nas calçadas, como também de moradores dentro de suas casas.
Norton, que dirigia ali por perto, as algumas quadras, teve que reduzir a velocidade para não atropelar a multidão que se aglomerava. Decidindo andar, estaciona a camionete e caminha por entre a multidão.
Aos poucos, Norton se espreme entre as pessoas para chegar onde os poucos policiais que chegaram até o momento tentam conter a multidão, fazendo uma espécie de cordão humano. Entre curiosidade e nervosismo, pessoas empurram umas as outras para se aproximarem o máximo possível e ver com os próprios olhos o grande objeto que ninguém parecia poder identificar. Bolhas enormes se formavam no topo e na base, mudando de cor conforme se moviam.
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Entre Nós (Revisando)
Science-FictionO que fazer quando aqueles que nos vigiavam cada passo nosso aqui na Terra, o que fazíamos, o que comemos, nossos atos fúteis, o nosso jeito de "desperdiçar" a vida, descerem em nosso solo? Seria o ápice da desordem humana. Nesta obra trago emoções...