Alguma coisa o acordou. Ele não sabia dizer o que tinha sido, seria um barulho? Levou um tempo para entender onde estava e mais um pouco para perceber que estava sozinho.
E novamente ele ouviu o barulho. Era um soluço abafado pela distância e pelo vento, mas despertou seu instinto de proteção mesmo enquanto dormia. Alfonso jogou para o lado as cobertas e foi até a sala, onde encontrou a porta de correr aberta para o jardim, Anahí estava de joelhos junto ao lilás, aos soluços, e a cena o comoveu.
Isso era tão injusto. Quanto mais ela poderia suportar? Ele não sabia se devia ir até ela ou não. Não, ele pensou. Ela esperou para ficar sozinha para chorar, e ele tinha de respeitar isso.
Alfonso a viu se levantar meio desajeitada e caminhar até os fundos do terreno e se sentar nos degraus que levavam até a praia. Ela parecia tão desamparada, sentada ali sozinha olhando para o mar, que ele não resistiu. Mesmo descalço, ele foi ao encontro dela, pisando na grama molhada, e sentou-se do lado dela. A princípio ela não disse nada, depois ela deu um suspiro e abriu um sorriso triste.
— Desculpe-me — ela disse baixinho. — Sei que pareço patética, mas tive tantas perdas recentemente que a gatinha foi a gota d'água. Ela era tão meiga, vou sentir muita falta dela...
— Claro que vai e você não está nada patética. Acho que você foi bastante corajosa. — Alfonso passou o braço em torno do ombro dela e ela deitou a cabeça sobre seu ombro, o cabelo dela entrou no seu ouvido fazendo cócegas.
Alfonso tentou tirar o cabelo, e seus dedos puderam sentir a maciez dos fios. Macios como seda. Linda. Ela levantou a cabeça para fitá-lo sob o luar e de repente tudo parecia esperar, como se até o mar aguardasse. Alfonso sentiu a mão de Anahí segurar seu rosto, e ele se virou para beijar-lhe a palma da mão. Em seguida a encarou.
— Anahí?
Ele falou tão baixinho que não sabia se Anahí tinha ouvido. Por um instante interminável ela nada fez. Depois, ele sentiu os dedos dela se embrenharem nos seus cabelos e puxá-lo até os lábios dela. Logo em seguida, o mundo voltou a girar em seu eixo, o mar voltou a bater e tudo parecia ter voltado ao normal de novo.
— Ah, Anahí... — ele murmurou, embalando a cabeça dela em suas mãos e a beijando de novo e de novo até que de repente a ternura se transformou em calor.
Ele ficou em pé e a levantou, e a levou de volta para seu quarto, deixando a porta aberta para ouvirem o barulho do mar. Então ele a virou e a beijou, segurando-a pelos ombros, olhando em seus olhos. Ele deixou as mãos deslizarem pelos braços dela até se darem as mãos.
— Tem certeza? — ele perguntou e ela balançou a cabeça.
— Tenho sim.
— Vai ter de me dizer como fazer, pois eu nunca fiz amor com uma mulher grávida antes.
Ela riu. Ele segurou a camisola dela e ela ergueu os braços para ajudar a tirá-la. Alfonso ficou extasiado de ver o corpo dela. Nossa, como era linda. Ele largou a camisola e fez um carinho na barriga redonda.
— Você é linda. Tenho tanto medo de machucá-la.
— Você não vai me machucar. Dizem que faz bem à saúde.
— É mesmo? Assim como as vitaminas?
— Mais ou menos.
Ele sentiu as mãos dela baixando sua cueca e deixou que ela olhasse para ele.
— Uau, posso lhe dizer que é lindo?
Ele deu uma risada e a pegou nos braços, sentindo-a quente, firme e feminina junto ao seu corpo. Alfonso a beijou com sofreguidão.
A sensação foi maravilhosa. Anahí nunca tinha se sentido tão amada, tão querida e tão bonita em toda sua vida. O corpo dele era lindo. Firme e musculoso, com poucos pelos no peito e descendo até o impressionante...
— Você sempre observa as pessoas enquanto dormem?
Ela riu envergonhada e puxou as cobertas cobrindo os dois.
— Quase sempre estou sozinha.
Ele se virou para ela, passou a mão pela sua nuca e a beijou.
— Eu também estou sozinho, há algum tempo.
— Fale-me sobre Catherine.
— Não há nada para falar. Não quero pensar nela.
— Mas acabou de pensar nela quando disse que estava sozinho há algum tempo.
— Vai insistir com isso até eu falar, não é?
— Provavelmente.
Ele deu um suspiro e se deitou de costas, puxando-a para o seu lado.
— Nós éramos amantes. Trabalhamos juntos por três anos em vários projetos, e ela dormia com outra pessoa da mesma equipe ao mesmo tempo, durante um ano e meio.
— Nossa! E você trabalhava com os dois? Não quis matá-lo?
— Matá-la.
— Era mulher?
— Sim. Angie. E como poderia disputar com uma mulher? Se fosse outro homem, eu estaria em pé de igualdade. Você tem um carro maior, uma renda maior, enfim. Mas com uma mulher? Não sabia nem por onde começar.
— Então o que fez?
— Vim embora. Vendi tudo e voltei para cá.
— E não contou nada para ninguém.
— Como sabe disso?
— Porque já perguntei, e ninguém sabia de nada. Alice disse que só você poderia falar sobre a própria vida. — Anahí se aconchegou mais nele. — Isso deve ter sido horrível! Ela dormiu com os dois e não disse nada, mentiu para você; não foi à toa que fugiu.
— Eu não fugi, vim embora. E ela ainda tentou vir atrás de mim, mas eu a mandei para o inferno. E a namorada dela deu o fora.
— Por que ela não se abriu com você? Por que continuou com a farsa?
— Porque o pai dela era pastor protestante, e já era difícil enfrentá-lo por viver comigo. Se ele soubesse que a filha tinha um caso com uma mulher, seria o fim. Acho que eu servia para encobrir sua verdadeira opção.
— Então ela o usou como disfarce?
— Acho que sim.
— Que desastre.
— Não importa. Isso é passado.
Será? Anahí achava que não. Alfonso dissera que não servia para ela. Não teria dito se não acreditasse em tal coisa. E ele devia ter amado Catherine antes de descobrir tudo. Não é mesmo?
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Lar da Paixão (ADP)
FanfictionSem dinheiro, grávida e sozinha, Anahí Puente queria se estabelecer e criar raízes. Afinal, recebera alguns golpes duros da vida. Quando Alfonso Herrera a encontrou morando na casa vazia que ele acabara de comprar, sabia que deveria ter pedido que e...