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"Para Kim Jongdae.
Por favor, leia esta carta até o final, esta é minha última chance de fazer as pazes com você.
Jongdae, você sempre foi a minha luz. Quando eramos menores, eras o primeiro que me acudia em uma queda, um escorregão ou um joelho ralado. Você sempre esteve pronto para me ajudar em qualquer coisa inútil que fosse, e eu sinceramente gostava de ser mimado por você.
Você sempre foi o meu foco. Mesmo tendo poucos anos à mais, nunca consegui ser mais maduro, mais paciente que você. Sempre inteligente, habilidoso, dissimulado, te admirava tanto. Contigo, a cada dia era uma nova descoberta, um novo sentimento.
Você sempre foi minha esperança. Quando meus dias eram cinzas, escuros, e pareciam sem salvação, lembrava-me de ti, e o mais feliz dos sorrisos nascia em meu rosto, eras o motivo pelo qual eu enfrentava à mim mesmo todas as vezes. E eu ganhava.
Você sempre foi a minha auto-estima. Eu podia estar me achando a baleia mais pesada do universo, mas você insistia em me pegar no colo e me dizer o quão lindo eu era. Eu me sentia a segunda pessoa mais perfeita ao seu lado, pois o primeiro certamente era você.
Você sempre foi minha alegria. Simplesmente ouvir-te dizer que estava feliz com minha companhia, me fazia o homem mais contente do universo. Queria poder um dia te recompensar por tudo que já fez por mim, me desculpe.
Você sempre foi minha sorte. Nunca imaginei que anos depois, dariamos um encontrão daqueles na biblioteca da universidade. E aquilo fez meu coração disparar, querendo atravessar minha jugular de ansiedade. Naquele dia soube que te queria pelo resto dos meus dias, então aqui estamos, bendito seja aquele encontrão.
Você sempre foi a minha ruína. Bastava uma pequena discussão nossa para arruinar minhas próximas semanas. O sentimento preso dentro do peito, socando minhas costelas para sair, impedia-me de respirar propriamente. Não importava se fosse por uma bobagem ou outra, ficávamos magoados por pouco tempo, mas nos reconciliávamos e nada mais podia nos separar. Você me tinha na palma das mãos.
Você sempre foi a minha alma gêmea. Nosso namoro era a coisa mais perfeita que existia, comparem à pérolas ou diamantes, nada era tão belo. Completávamos nossas metades como um único quebra-cabeça. Você me entendia, assim como eu o entendia. Não queria ter escondido isso tudo de você, deve estar tão confuso... Me perdoe.
Você sempre foi a minha vida. Tudo que eu fazia, que era realmente significativo, você estava presente para dividir a memória comigo. Nosso primeiro beijo não foi o melhor de todos, mas o primeiro "eu te amo", foi a mais bela poesia já composta. Até meu último suspiro eu o amei, nunca se esqueça disso. Eu só não consegui vencer à mim mesmo, e novamente, lamento muito por isso.
E por último, e não menos importante, você sempre foi o meu sol. Tudo que eu era girava ao seu redor, cada pedaçinho de mim era um planeta que o orbitava. Aquecia meu coração no inverno, me fazia cair de amores no outono, desabrochava meu sorriso na primavera, e derretia-me de felicidade por ti no verão. Tudo na terra acontece em função do seu astro, e você era o meu.
Kim Jongdae, você é o meu tudo, e eu devo tudo à você. Muito obrigado por continuar até aqui, e espero que minha outra vida o compense no futuro.
Do seu amado, Kim Minseok."
Jongdae estava ofegante, chorando como nunca chorou em toda sua vida. Assim que recebeu o e-mail de seu namorado e leu o primeiro parágrafo, soube exatamente do que se tratava.
Pegou seu casaco e seguiu pelas ruas geladas de Seoul em pleno inverno, com sua atenção total nas palavras digitadas pelo outro, esbarrando em todos em sei caminho e pouco se importando.
Assim que chegou em sua porta, após ler as últimas palavras, quase a arrombou. Pegou a chave e inseriu de todos os jeitos na fechadura até acertar, já que suas mãos trêmulas dificultavam o processo.
Quando a abriu pouco se importou em fechá-la, e correu diretamente à procura do mais velho, gritando seu nome em desespero.
A sala estava uma completa bagunça, como se a terceira guerra mundial houvesse acontecido ali mesmo.
Canecas quebradas, grãos de café e sangue por todo o piso branquinho, almofadas rasgadas, cadeiras derrubadas.
Jongdae correu para o quarto do namorado, porém não o encontrou. Fotos dos dois estavam atiradas no chão, junto com vários recortes que os dois haviam feito juntos. Muitos rascunhos de cartas à mão, mensagens de amor e mais bilhetinhos. Um dos presentes que deu à Minseok em seu aniversário de 3 anos de namoro, o famigerado "365 motivos para lhe amar", tinha seu pote de vidro estraçalhado no chão, todos os papéizinhos coloridos manchados de sangue esparramados.
Correu para o banheiro; a porta estava trancada. O Kim mais novo desesperou-se, começou a empurrar, socar chutar, com toda à sua força. Até a madeira velha ceder.
A cena seguinte o fez vomitar o próprio almoço. Encontrou Minseok na banheira, cheia de água e sangue, pílulas de anti-depressivos e laxantes espalhadas em grandes quantidades no chão, lâminas de vários tipos ensanguentadas, e mais e mais bilhetes coloridos.
Jongdae prontamente retirou seu namorado da banheira, com grande dificuldade devido tremor de seu corpo. Começou a tentar reamimá-lo de todos os jeitos, não estava pronto para perder o amor da sua vida para aquela maldita doença.
Quando Minseok finalmente abriu seus olhos, automaticamente virou para o lado às pressas e vomitou seus comprimidos, embora a maioria ainda estivesse em seu intestino. Podia jurar que seu corpo estava mais gelado que as ruas da cidade naquele momento.
"J-Jongdae?" o mais velho pronunciou, com muita dificuldade. "O quê está fazendo... aqui?" respirava com dificuldade, suas funções cognitivas básicas agora eram uma batalha.
"Min..." Jongdae apertou mais o corpo do namorado, mesmo sabendo que talvez não devesse. "Eu estou aqui, por favor, fique comigo" implorou, dando um selinho em sua testa.
"Eu não sinto mais meu corpo... Nem uma partezinha dele" disse, tentando alcançar o rosto do mais novo, que logo segurou sua mão como se fosse a jóia mais preciosa. "Eu não acredito que estamos aqui, de novo".
"E eu vim te salvar... De novo" forçou um sorriso. "Eu te amo, vou te salvar quantas vezes você precisar" despejou mais e mais lágrimas.
"Obrigado... Eu também te amo, muito" sorriu.
E assim, com um pequeno sorriso nos lábios, Minseok não resiste. Seu coração colapsa, todo o medicamento ataca, e o mata.
Jongade começa à gritar para o corpo em seus braços reagir, como se fosse o fim do mundo, o seu mundo.
Alguns minutos depois os vizinhos chegam e se deparam com a cena toda. A emergência chega, tentando tirar o mais velho dos braços do namorado à todo custo.
Naquele dia, Kim Minseok tirou sua própria vida.
Lutou por cinco anos com depressão e distúrbios alimentares. Namorava por quatro anos e algums meses, planejava casar-se em mais alguns e ter filhos logo então.
Porém tudo isso pôde ser facilmente destruído. Um ataque de ansiedade, seguido por uma mensagem ofensiva e homofóbica de sua mãe, que jurou matar ele e seu "parceiro" à mãos vazias caso não terminasse com aquela "brincadeira gay".
Minseok amava Jongdae, porém teve que escolher entre a sua vida ou a de seu amado. Está claro à qual ele optou.
Para Jongdae, Minseok não era seu sol, como ele era para si.
Minseok era todo o seu universo. Era uma diversidade de planetas e sistemas solares infinitos, sentimentos indecifráveis, humores incatalogáveis, um coração mais quente do que qualquer estrela.
E agora, todo o seu universo se apagou, numa grande supernova, em um pedido de ajuda.
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𝚋𝚎𝚎𝚗 𝚝𝚑𝚛𝚘𝚞𝚐𝚑;;☕ 𝚡𝚒𝚞𝚌𝚑𝚎𝚗
Fanfiction☕ "universe {\ ˈyü-nə-ˌvərs\} [noun] all of space and time and their contents, including planets, stars, galaxies, and all other forms of matter and energy." ☕ onde minseok deixa uma carta para o amor da sua vida. xiuchen☕been through/universe au☕sa...