Entre o amor e o Ódio

One Shot ''Detestamam''

Que merda estavam pensando? Vocês... -as palavras mal saíam da boca de Noiz- são Allmates.

Tori, Beni, Koujaku e Mink olhavam para o loiro incrédulos.

-Noiz -Koujaku falava devagar- qual é o problema? -sua pergunta era ambígua, tanto por querer saber qual seria o problema de dois allmates se relacionarem, quanto desejar saber o que tudo isso tinha a ver com Noiz.

Que sua empatia para com allmates era pouca, já sabíamos. Agora que isso o deixaria indignado, de alguma forma, não imaginávamos.

-São Allmates, Koujaku! Allmates! -o loiro estava impaciente tentando explicar algo que todos no recinto, definitivamente não conseguiam entender. -São objetos com vidas artificiais, tudo bem que tomaram forma humana, mas ainda são uma droga de Cacatua e um passarinho!

As palavras de Noiz não pesavam tanto quanto imaginamos. Sinceramente, não gostaríamos nem de imaginar o que noiz fazia com seu allmate após o mesmo ter tomado a forma humana.

-Tens razão, Noiz. São objetos de vida artificial -Koujaku alegou puxando assim, os olhares de Tori e Beni- Mas eles desenvolveram sentimentos e sensações, desenvolveram os cinco sentidos comuns em humanos. Isso os permite poder sentir, ver, escutar e tatear as coisas como humanos.

O olhar sem entendimento de Noiz para Koujaku foi mais que persistente.

-Se você não quer entender, não arraste os outros para sua arrogância. -o moreno alto finalmente indagou algo nesse pequeno debate. Mink havia decidido não se envolver, seguindo a risca sua personalidade mas, ainda seguindo a mesma, perdeu um pouco a paciência ao escutar tais palavras serem proferidas por um moleque mimado como Noiz. -E, o que você tem a ver com isso? Os allmates são meu e de Koujaku. -suas palavras foram duras e diretas.

Noiz nada conseguiu responder, não conseguia entender mesmo como poderia allmates relacionarem-se entre si como humanos . A parte homoafetiva não incomodava, tanto que Noiz nutria sua atração por Koujaku e sabia que a mesma era recíproca, porém, como se só ele, presente na sala, definitivamente não entendesse a situação. Não havia motivos, argumentos para debater, como um perfeito exemplo de preconceito.

Nada mais foi dito, pelo que parecia, um longo espaço de tempo.

Mink ascendeu seu cachimbo e Tori o imitou já desejando fazer o mesmo desde que a discussão começara.

O silêncio foi quebrado por Koujaku quando o mesmo decidiu perguntar em tom solene -Noiz, qual é o problema? -Koujaku queria acabar esse debate da melhor forma possível: fazendo com que Noiz entendesse que seus allmates poderia ter uma vida normal com forma humana e depois descobrindo como seu amigo Beni, se interessou por seu, tão detestável ''amigo'' Tori. Que ele bem lembre, Tori e Beni não se davam nada bem.

O som de uma ficha caindo foi quase audível para todos da sala, mas apenas Koujaku sentiu o entendimento tomar conta de si. Assim como Tori e Beni, Koujaku e Noiz estavam predispostos a passar por essa mesma situação. Amor e ódio envolvidos entre dois homens que se ''Detesamam''.

-Kou-san? -Beni conhecia bem aquele olhar de entendimento de seu dono, mas estava intrigado sobre o que ele havia entendido.

Quebrando suavemente sua linha de raciocínio, Koujaku voltou a sua mente á sala.

-Noiz, me acompanhe. -Disse o alto de cabelos azuis escuros indo em direção a porta.

O loiro, que já havia deixado de pensar no assunto, apenas o seguiu.

Tori e Beni apenas observavam os dois saírem da sala ficando assim, os dois allmates e um dono no recinto.

-Tori -disse aquele que exalava fragrância de canela- Vou resolver uns assuntos e ir para casa. -Tori sabia bem que a intenção de seu dono era apenas avisá-lo. Apesar das aparências, Mink tinha muita consideração por aquele que julgava ser algo mais que apenas um objeto de vida artificial. Apesar dessas palavras jamais serem proferidas por seus lábios, Tori sabia que, pelo mesmo, era considerado um amigo.

-Mink-san, não irei me demorar. -a antiga Cacatua apenas observou seu dono sair pela porta. Sabia que a verdadeira guerra começaria agora.

-Mas que droga você estava pensando? -confirmando sua intuição,Tori observou e escutou Beni começar a falar alto- Eu disse que poderiam nos ver! Merda! Olha a situação ridícula na qual nos envolvemos porque você não tem paciência! -apesar dessas palavras saírem de sua boca por um misto de raiva e vergonha, Beni sabia bem que, como ele mesmo, Tori não aguentava ficar muito tempo perto de Beni sem tocá-lo.

-Não vou pedir desculpas por algo no qual eu não me arrependo. -a voz grave de Tori chegava em seus ouvidos lhe proporcionando compreensão da situação do das madeixas rosadas.

Beni sabia que Tori era como seu dono, quieto e astuto. Não falava mais que o necessário e, quando queria algo, ninguém ficava em seu caminho. Para a in(feliz)cidade de Beni, o que Tori queria era nada mais, nada menos do que poder tocar, beijar e ficar na presença do antigo pássaro avermelhado.

Não conseguindo mais soltar sua raiva em seu amante, o de cabelos avermelhados sentou em desistência.-Tori... -suspirou sem saber o que dizer.

Tori, por sua vez, entendia que o jeito tsundere de Beni era uma das coisas que mais o atraía. Como ele ficava corado quando o maior de cabelos rosados o tocava, ou quando sentia o corpo do menor estremecer e se arrepiar quando dizia-lhe ao pé do ouvido o quanto lhe desejava.

Tori, definitivamente, adorava provocá-lo, era como se seu dia só estivesse completo quando era alvo do olhar contrariado de Beni.
O maior de cabelos rosados se levanta e caminha lentamente em direção ao menor, abaixa-se para ficar na altura de seu amante sentado e segura seu queixo com os dedos, puxando o olhar do menor a encontro do seu. -Beni -sua voz foi mais grave do que o menor poderia suportar -Tenho que ir, não posso deixar meu dono esperando por muito tempo. Como eu disse, não me arrependo de tê-lo beijado, e não me sinto envergonhado ou algo do tipo por termos sido flagrados por eles. -o menor corou fazendo com que suas bochechas ficassem da mesma cor de suas madeixas.

Nenhuma palavra foi dita. O único som que ecoou pela sala foi o selar de seus lábios do jeito mais perfeito que conheciam, entre a raiva e o amor.