CHRISTOPHE RETORNOU à sua casa, verificando o cheiro de limpeza que emanava do ambiente. Seja quem fosse a nova contratada, havia feito um bom trabalho, pensou ele. O chão estava brilhando e enquanto andava pelo apartamento, ele viu na pia não havia nenhuma louça e no seu quarto, local que queria verificar, estava em perfeita ordem.
Ela estava realmente surpreendido. Passou a mão pelos tecidos das camisas, pelas gravatas e demais peças de roupas, devidamente organizadas em ordem de cor, que ele havia requisito a M. Duchamps. O aroma das roupas recém-lavadas era delicioso.
Christophe saiu do closet com um sorriso no rosto e se despiu, indo em direção ao banheiro. Ela jogou as roupas no canto do quarto e depois, ligou o chuveiro que tinha vários jatos. Depois de um dia cheio de trabalho como aquele, ele queria apenas descansar. Christophe relaxou debaixo da água morna, enquanto pensava na responsabilidade que seu pai havia colocado em suas costas.
Ele ainda não havia encontrado uma noiva, afinal, nem tivera tempo para isso. O dia de Christophe se resumia a peticionar, verificar o trabalho de seus advogados funcionários e analisar o andamento dos processos de seus clientes franceses, italianos, gregos e outras nacionalidades, uma vez que Christophe atendia a clientes em toda a Europa e América do Norte.
Ele voltou ao quarto, enrolou a toalha na cintura e foi buscar uma roupa casual, colocando uma calça e uma camisa polo. Vestiu-se e apanhou um de seus livros de Direito, mais especificamente sobre Direito Internacional, uma área que também gostava de atuar, apesar de não ter especialidade nisso.
Leu um pouco a doutrina e foi comer, afinal, lembrou-se que não comia algo desde que saíra do escritório. Então, dirigiu-se à cozinha para preparar um sanduíche gratinado, com queijo emmental e presunto fatiado. Ele faz o lanche, esquentou-o no forno e deixou o queijo dourar. Como resultado, o lanche ficou delicioso.
Ele comeu e largou a louça na pia de mármore branco e notou, desta vez, os vários post-its colados em todos os lados pela cozinha. Certamente, o cansaço não o permitiu de ver os papéis pequenos grudados em todos os lados. Nas anotações de cor rosa, havia onde guardar os pratos, copos e talheres.
Nos post-its amarelos, o que comprar no supermercado, incluindo alimentos e produtos de limpeza. Nos post-its azuis, notas de como arrumar as roupas. Tudo sistematizado e organizado. Christophe estreitou o olhar e percebeu que que conhecia aquela letra em algum lugar. Então, ele deu-se conta que a letra das anotações era a mesma da carta que a mulher misteriosa havia deixado em sua cama, há mais de vinte dias.
Ele correu para o quarto e pegou a carteira na pasta de couro, apanhando o bilhete. Em seguida, foi até a cozinha de novo e comparou as letras. Como ele havia imaginado, elas eram perfeitamente iguais.
Ele não podia acreditar. A mulher misteriosa está trabalhando na minha casa, pensou ele. Aquilo não era possível. Em uma cidade do tamanho de Paris, aquela mulher estar trabalhando justamente em seu apartamento. Então quer dizer que a mulher com quem ele esteve aquela noite, além de virgem, estava trabalhando de diarista, o que talvez, indicava que não estava em uma situação financeira tão boa.
Aí estava a solução, raciocinou ele. Então, se isso fosse mesmo verdade, ele tiraria a prova no dia seguinte. Trabalharia e voltaria para casa e ele enfim descobriria sua identidade.
EULALIA VERIFICOU a entrada do pagamento de seus dois dias de trabalho e ficou aliviada, pois agora poderia pagar suas contas. Ela acertou parte do aluguel e comentou com o proprietário que acertaria o restante nos próximos dias. Eulalia também comprou alguns itens para Noelle, fraldas, lenços e comidinhas para sua filha.
Ela havia deixado Noelle pela última vez na casa de madame Franciszek, uma vez que a mulher era ignorante e preconceituosa, além de espalhar uma caveira a seu respeito por toda a vizinhança. Assim, apesar de colocar seu emprego em risco, ela levaria Noelle junto para seu trabalho. Talvez apenas por um tempo, até que conseguisse matriculá-la em alguma creche, ou até que pudesse contratar uma babá para cuidá-la.
No dia seguinte, ela arrumou Noelle, organizou uma bolsa com artigos de bebê e levou-a para o apartamento do seu empregador. Quando chegou ao seu destino, ela usou a porta dos fundos do prédio e assim, os seguranças não a questionariam sobre a criança. Subiu pelo elevador de serviços e entrou no apartamento, uma vez que tinha acesso.
Eulalia fechou a porta e sentiu o ambiente diferente dos dois dias de trabalho anteriores. O cheiro masculino do apartamento parecia estar mais forte, além de parecer que havia alguém dentro do apartamento. Além disso, ela foi surpreendida quando sentiu um mal cheiro vindo de Noelle, e rapidamente, soube que teria de trocar sua fralda. Noelle começou a chorar repentinamente.
- Não chore, minha pequena. - Falou Eulalia, carinhosamente.
Ela colocou a menina sobre uma bancada, isolada por um pano e posteriormente, limpou-a com um lenço umedecido. Eulalia deixou-a limpa e cheirosa, com os produtos de bebê que havia trazido de casa. Noelle parou de chorar e Eulalia aninhou-a contra o peito, com o objetivo de fazê-la dormir. Ela cantou uma canção de ninar e como resultado, o bebê dormiu e aquietou-se em seu colo.
Ela estava focada na sua filha, mesmo que fosse de criação. Não sabia há quanto tempo estava cuidando dela, apenas que dava carinho e amor, tanto que aquela pobre criança, agora sem sua mãe, merecia. Eulalia não percebia nada que estava acontecendo ao seu redor ou quem estava ao redor, então, ela ficou pálida ao olhar para frente e ver Christophe, o advogado e amigo dos maridos de suas amigas, bem na sua frente, olhando-a com escrutínio e sem acreditar.
Aquilo era uma miragem, só poderia, pensou ela, consigo mesma. Ela sentiu o rosto empalidecer-se e então, ele disse:
- Não sabia que a minha casa havia virado uma creche e que a mulher que passou uma noite escaldante comigo está bem na minha frente.
Tremendo na base, ela não sabia o que responder. Ficou muda, enquanto seu cérebro tentava entender o que estava acontecendo, afinal, ela estava muito encrencada.
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O Direito de Amar - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 5 (COMPLETO)
Roman d'amourAtenção: livro não está revisado! Futuramente, passará por uma nova revisão e edição! "Homens poderosos, afetados por paixões arrebatadoras." Christophe Dujardins é um advogado francês conhecido por seu forte senso de justiça e habilidades empresari...