Capítulo Único

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Essa história se passa no inverno, mas não um inverno que a gente pensa naturalmente, ou melhor, o inverno que nos vendem. Aqui não tem neve, boneco de neve, nem ação de graças e nem natal. O inverno daqui é de 15°C, o suficiente para a gente tirar todos os casacos, botas, gorros e luvas dos armários. Estamos no Rio de Janeiro, a minha cidade. Não julguem o nosso inverno!

Eu sou a Luísa e ao me descrever vocês diriam que eu sou a patricinha da turma. Eu só me considero normal, ligada em moda, maquiagem, música, livros (algumas vezes), redes sociais. Sou uma adolescente normal acima de tudo. Mas, para tudo a gente acaba recebendo rótulo, principalmente na escola e no ensino médio, que é patricinha fútil. Tá, o fútil é exagero! Estou no auge dos meus 15 anos, recém-completados no final do último ano e estou no primeiro ano do ensino médio.

Confesso que foi uma experiência diferente do que o segmento anterior, mesmo me mantendo na mesma escola. As aulas já se mostraram diferentes e bem, saíram alunos antigos e entraram novos no colégio, o que muda e muito a dinâmica da turma. Todos da turma até se conversam, mas afinidades são bem poucas. E surgiu o chamamos carinhosamente de: Turma Rebelde do Fundão da sala. É um grupo de garotos que apenas atrapalham todas as aulas com suas brincadeiras não lá muito legais algumas vezes.

Eu passo meus dias na escola na companhia das minhas duas melhores amigas: Jolynn e Marina. Estudamos juntas desde sempre, pelo menos de onde eu me lembro. Jolynn é nossa gótica suave, adora rock e roupas mais escuras. Ela escreve algumas coisas bem legais e publica na internet, mas ninguém sabe que é ela. Marina é a nerd do grupo. Ela nos ajuda a estudar para as matérias. Ela adora ler, especialmente os seus quadrinhos e mangás.

E chegando próximo ao meio do ano, além das férias, nessa escola tem mais uma coisa que é tradição: Festa Julina. Evento onde todas as turmas são chamadas para apresentar uma atividade de dança, que vale a nota do bimestre em Educação Física. Então, todo mundo acaba participando porque não quer ficar com uma nota baixa manchando o boletim.

Fomos informados pelo diretor que a tal época se aproximava novamente e devíamos decidir o que apresentaríamos, o que seria feito numa reunião logo após o término das aulas do dia. Foi feita uma votação e aconteceu o que eu e minhas amigas suponhamos: Quadrilha. Eu preferia uma dança mais moderna, mais divertida, mas democracia é democracia. Logo os superiores souberam de nossa decisão.

Na sexta-feira seguinte, a tarde, nos reunimos novamente, dessa vez no pátio para o primeiro ensaio. Mas, primeiro, devíamos decidir quais seriam os casais.

- Quer apostar que todo mundo vai querer ser o par do Vitor? – comentou Marina

Ele é o crush de 90% das meninas da nossa classe. Ele é bonitinho, simpático e claro, joga futebol muito bem. Eu tive uma queda por ele no início do ano, mas não passou disso. Mesmo eu sendo tecnicamente popular, ele nunca trocou nada além de bom dia comigo.

E minha amiga estava mais que certa. Outra medida teve que ser tomada para que fosse justo. Afinal, pares para dança precisavam ser formados o mais rápido possível. Nosso representante de turma tomou a frente e disse:

- Meninas, não podem ficar todos como par do Vitinho, assim não conseguimos formar uma quadrilha. O que acham de fazermos um sorteio e tirar as duplas na sorte? Quem concorda levante a mão.

Aquilo tinha muito potencial para dar muito bem ou muito errado, mas foi a única e melhor ideia que surgiu, então eu, minhas amigas e mais um monte de gente levantou a mão e tínhamos um sorteio para realizar agora. Cada um escreveu seu nome num papel e os nomes foram separados em meninos e meninas. Somos uma turma mista o suficiente para que nenhum par fosse de duas garotas ou de dois garotos, o que há meu ver não tem problema algum.

Quadrilha do InfernoWhere stories live. Discover now