No Exit

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Era meia noite de uma quinta feira. E faziam exatos 3 meses que Changkyun havia se perdido.

Ele estava saindo de um bar e as ruas estavam encobertas pelo gelo que caia dos céus. Pensou em pedir um táxi, mas depois percebeu que caminhar ao ar frio seria bom para pensar. Tinha que se concentrar para não tropeçar nos próprios pés.
Ele estava sozinho. Não só naquele momento, mas nos ultimos 3 meses. Ele passou a fazer tudo sozinho. Sua família tinha ido embora fazia tempo. Nunca foi de ter amigos. No trabalho todos o temiam demais para tentarem se aproximar.

Ele sobe até o último andar de um prédio e se deita no chão olhando para as estrelas e adormeceu pensando em 6 meses antes, quando ele conheceu alguém.

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" - Falta pouco tempo Chang. Se eu fosse você tentaria me despedir agora."

Falta pouco tempo. Pouco tempo. O maior medo da vida do menino era escutar estas palavras. E quando escutou pensou que não ia aguentar. Seu coração estava acelerado. Sua cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento. Ele não conseguia formular uma frase sequer sem sentir as lágrimas escorrendo em sua face.

Estava cansado dessa rotina. Não passava um dia sequer sem derramar lágrimas. E odiava admitir isso.

Se ele pudesse trocaria de lugar com a irmã. Não precisava nem pensar duas vezes. Deitaria naquela cama de hospital com plena felicidade e certeza do que estava fazendo. Mas infelizmente esta não era uma escolha possível de se fazer, então ele chorava por não poder fazer nada que diminuísse o sofrimento da irmã.

Depois que seus pais deixaram os filhos e foram viajar ao redor do mundo como se fossem dois adolescentes, e sua irmã descobriu uma doença terminal, ele havia amadurecido muito. Deveria estar no ano final da faculdade de fotografia e poderia até mesmo estar namorando como qualquer garoto normal de 22 anos. Mas com todas as responsabilidades que teve que assumir, tudo o que as pessoas sentiam quando o olhavam era pena. E ele odiava esse sentimento.

Pena ele tinha era de seus pais que não puderam conviver com a sua irmã Kim Jisoo, e que então não conheceram sua doçura e sua bondade. Os pais só conseguiam pensar neles próprios e em comprar roupas de luxo. Talvez por isso tenham abandonado as duas crianças quando o mais velho tinha acabado de completar 18 anos.

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Changkyun se aproximou lentamente ao quarto em que sua irmã descansava com os olhos fechados. Quando se aproximou da cama e se sentou na beirada ficou observando a fragilidade da irmã. Seus ossos estavam aparentes e tubos saiam de suas narinas. Não sabia se seria capaz de se despedir. Tocou seu rosto levemente e então a irmã abriu os olhos.

Seu rosto se esticou em um leve sorriso e abriu a boca para falar.

- Eles disseram que está chegando não é?

Changkyun olhou para a irmã e confirmou com um aceno de cabeça. Fechou os olhos sentindo uma lágrima solitária descer pela sua bochecha e logo em seguida a mão da irmã a secando.

- Está tudo bem Chang. Eu vou ficar bem. A vovó veio me visitar noite passada. Ela disse que está me esperando. Ela é tão bonita Chang, você ia ama-la.

Abrindo os olhos o menino percebeu como o olhar da irmã brilhava enquanto falava da falecida avó que ele nem havia chegado a conhecer.

Ɲσ Ɛxιт •• Oηє Sнσт ƇнαηgкιOnde histórias criam vida. Descubra agora