Capítulo 4

62 6 5
                                    

"Quando o inesperado se apresenta, a escuridão se dissipa"


Chegamos. Estou seguindo Cam até a saída. Não sei o que me aguarda, mas sinto a expectativa crescendo no peito. A tripulação ainda está dentro da nave, andando de um lado para o outro, recolhendo bolsas e equipamentos. Hermócrates está parado à porta, nos aguardando.

- Está pronta, Nicole?

Respiro fundo e apenas concordo. Uma escotilha se abre a nossa frente e uma claridade suave atinge meus olhos. O som que chega aos meus ouvidos é diferente de qualquer coisa que já tenha escutado na vida. E a brisa que toca meu rosto é tão suave que quase não acredito tê-la sentido.

Algumas pessoas se aproximam, nos saudando. Caminhamos devagar para fora e, com certeza, nada poderia me preparar para o que vejo. A mais perfeita sintonia entre natureza e tecnologia. Me faltam palavras para descrever.

O pouco que posso perceber do ecossistema daqui é bem parecido com o da Terra, só que melhor preservado. A nave pousou em uma clareira enorme ligada por uma ponte a uma construção imensa e envidraçada.

Nós tomamos o caminho em sua direção e vejo o mar passar bem abaixo de nós. Cam e Hermócrates conversam e noto que me observam discretamente. O som da arrebentação à baixo me deixa em êxtase. O mar sempre me traz ótimas experiências.

Quanto mais nos aproximamos, mais nítida fica a opulência do lugar. Paramos e Hermócrates se dirige a nós duas.

- Camila, leve Nicole com você. Tenho certeza que ela vai gostar de conhecer lugares mais interessantes do que o Comando – ele sorri para mim – E dê lembranças minhas à Alexa e Pétros.

- Claro, comandante. Nós vemos em breve.

Hermócrates entra e nós seguimos para longe.

- Vamos, Nick. Parece que fui dispensada e estou de folga por um tempo.

- Algo errado?

- Não – sorri – Está tudo bem. Vamos para minha casa. Preciso muito me lavar e tirar esse uniforme.

- Quem são Alexa e Pétros? – questiono distraída.

- São meus pais.

- Oh, seus pais – paro de andar – Tem algum costume que devo conhecer antes de me apresentar?

- Como assim?

- Não sei – penso um pouco – Devo abraçá-los? Um aperto de mão? Alguma coisa que não devo dizer?

- Nick, fique calma. Meus pais são estudiosos da cultura do seu planeta. Vai ser fácil lidar com eles. Talvez eles só façam perguntas demais – ela ri.

- Desde que eu possa fazer perguntas também, sem problemas.

- Perfeito.

Nós entramos em um estacionamento e vejo vários veículos diferentes. Cam para ao lado de um deles: duas rodas, bem parecido com uma moto, vermelho fogo. Ela coloca nossas bolsas presas na frente e se senta, esperando que eu faça o mesmo. Me seguro em sua cintura, ela encosta a mão no painel e o motor é acionado sem quase fazer barulho e sem emitir nenhuma fumaça.

As rodas deslizam pelo pavimento nivelado. É tão sutil que sinto que estamos flutuando. As curvas são constantes e acentuadas. A paisagem vai se alterando aos poucos, grandes edifícios dão lugar a casas e a quantidade de mata entre elas é cada vez mais densa. Não demora para pararmos.

A casa de Cam tem o pé direito extremamente alto e colunas à porta, como as antigas construções gregas. É toda branca, com detalhes em dourado. Em frente à casa, um extenso gramado todo florido e bem cuidado. Um casal nos espera ali. Ambos têm os cabelos vermelhos como os de Cam, mas os olhos são totalmente brancos.

Eirini - A civilização perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora