[PAUSADO] Melodia PERFEITA - Série PERFEIÇÃO Livro I

CAPÍTULO 23 | "Há uma batalha pela frente,

Muitas batalhas estão perdidas. Mas você nunca verá o fim da estrada..."

Don't Dream It's Over - Crowded House

Kathe Miller

O anel de diamante cintilava no meu dedo anelar direito, enquanto eu apertava o volante com força demais. Era mentira dizer que não estava nervosa. O caminho para o apartamento do meu pai era como um trajeto para a tortura, mas era necessário. Talvez era a única coisa que eu podia fazer para impedi-lo de fazer uma loucura maior do que já fazia.

Com muita dificuldade, consegui convencer Jon a ficar em Whitehall. Ele não queria. Eu não queria. Mas sua presença só iria piorar as coisas. Também não fiz questão da presença de Thompson, e nenhum dos outros seguranças. Eu só queria dirigir e pensar, só.

Estaciono a caminhonete, e sigo meu trajeto antigo, como se não tivesse mudado. Se dar conta de quanto mudou, me fez organizar um flashback rápido na minha mente. Há pouco dias atrás eu era apenas uma mulher grávida, perdida, sem saber que rumo tomar, vivendo sob as ideias de um pai retrógrado, e se privando de viver sua própria vida.

Agora eu não estava mais perdida. Tinha Jon, sua família, meu futuro próprio negócio, e um filho. Foram emoções intensas, mas que me fortaleceram à cada momento.

Respiro fundo antes de abrir a porta. Coloco a chave na fechadura e ela gira tranquilamente. Pelo visto, Vox não havia trocado, como imaginei.

O apartamento está uma bagunça. Embalagens vazias espalhadas pelo chão, garrafas de bebidas caras nos móveis, roupas emboladas em cada canto. Chegando na cozinha, panelas sujas, geladeira vazia e restos de comida no chão.

- O que você está fazendo aqui? - Sua voz arrastada me assusta.

Me viro e o encontro. Acabado seria a palavra perfeita para defini-lo. Era incrível que na TV ele parecia tranquilo e pleno. Pessoalmente, estava pior que um morador de rua. As olheiras fundas e roxas me fizeram imaginar quantas noites ele não dormiu.

Diante de sua imagem se definhando, senti um pouco de pena. Mas a lembrança de tudo que ele fez e estava prestes a fazer espalhou a pouca fumaça de remorso que ofuscou minha mente.

- Vim conversar com o senhor. Temos alguns assuntos a tratar! - Digo firme, sem deixar escapar nenhum indício de fraqueza.

- Não tenho nada para falar com você! - Rosna as palavras antes de se jogar no sofá. Só agora notei a cerveja em sua mão. Seus olhos me analisam, e se esbugalham de surpresa. - Ora, ora. Vejo que não perdeu tempo. Já está de casamento marcado? Quantos milhões o Jon Crover já gastou com você?

Ignoro sua piada, arquitetada para me fazer perder a paciência e o bom senso.

- Não estamos falando de mim, e sim do senhor. Será que vai mesmo continuar me tratando como se fosse uma ordinária? Porque, convenhamos, o senhor só está assim porque fui contra suas vontades. Nunca achou realmente que eu iria sair debaixo da sua sola, não é mesmo? Sabe o que te irrita mais nessa história toda? O fato de que ninguém foi capaz de deixar a felicidade de lado, para te aguentar! - Despejo algumas coisas que estavam entaladas em minha garganta.

Ele se levanta irado, se aproximando de mim.

- Cala a sua maldita boca! - Ordena, grosseiramente.

- Talvez Katrina fugiu porque era infeliz ao seu lado. Só não entendo porque ela não me levou junto. Teria me poupado de toda essa fadiga!

Vox bebe a cerveja antes de jogar a garrafa vazia contra a parede. O barulho do vidro se estilhaçando arranha meus ouvidos.

- Eu dei tudo a Katrina. Tudo! Mas não foi suficiente... - Diz para o nada, depois de se virar e encarar a parede. As mãos puxando seus cabelos com raiva. - Você voltou para me infernizar, é isso? Porque está conseguindo!