Fluorescent Erwin | Eruri

LEVI ACKERMAN

A história mais controversa da minha vida começou há quase oito anos quando consegui entrar ao Reconhecimento, nossa divisão destinada a pesquisas e exploração territorial, na qual me manteve responsável por administrar temporariamente no início o treinamento de DMT e armas de fogo localizada em frente à biblioteca oficial... O que... Bem, havia sido a pior das escolhas. Não é como se aquele estágio em ensinar novatos fosse um lixo ou as lâminas afiadas me fizessem passar mais raiva que o comum, no entanto a sensação de conviver basicamente todos os dias com alguém que transou erroneamente pode ser comparada. O famoso arrependimento pós-foda.

Erwin e eu nos conhecemos logo que entrei no estágio, sendo apresentado por sua parceira Hange Zoe que tagarelava sem parar sobre o loiro duas vezes o meu tamanho, por essa razão passamos a conversar mais do que o habitual sempre que nos encontrávamos e acabou resultando em uma noitada de bebidas na sua residência num dia de folga. Nós somos do tipo reservados, então jamais imaginaríamos que iriamos acabar naquela cama espaçosa bêbados, suados e aos beijos.

Além disso, é óbvio, aconteceu uma única vez pelo fato de encontrar uma aliança no seu dedo anelar esquerdo na manhã seguinte e, sem querer, entrar em pânico ao perceber minhas dores no quadril avistando o homem também despido exibindo o objeto de ouro enquanto cochilava. Minha primeira foda do mesmo gênero acabou sendo com um amigo casado e, acima disso, descobri que meus interesses em homens afloraram ainda mais. De acordo com a ética humana seria um tanto vergonhoso implorar que ele, um cara comprometido, colocasse a boca lá embaixo... Embora não seja somente esse ponto que tenho focado.

O real problema de toda a merda que aconteceu quando bebemos demais no jogo de desafios é que depois desse dia indiretamente deixamos a amizade desvanecer, não conversando sobre o assunto apesar de nos encontrarmos para almoçar com os outros. Eu continuei na Muralha Rose, já ele tirou férias em Maria sem uma data de volta estipulada, mantendo contato apenas com Hanji e Mike e indiretamente desprezando minha existência... O que feria meu ego e moldava o orgulho.

Erwin esqueceu das nossas conversas distraídas durante o tempo que esperávamos Nanaba, Mike e Hanji no almoço... Esqueceu das noites que saí do estágio e passávamos madrugadas lendo juntos na pequena biblioteca, e as cartas que o ajudei escrever... Tudo por conta de uma foda que jamais tinha de acontecer.

Ainda que tenhamos diversas coisas a debater, perguntas a fazer e respostas a esclarecer, continuo dando razão a taça de vinho completamente parada na minha frente, uma vez que ao entrar nesse local fajuto público perdi totalmente o apetite por ver o homem jantando sozinho e distraído com o próprio livro didático.

É, Erwin Smith sempre fora dessa maneira, alguém que deixa o mundo passar enquanto o livro estiver com página aberta... O tipo de cara que preza pelo respeito, honra, ética e bem-estar da sua equipe, e fora isto o que despertou amor por ele, porque eu sou o total contrário e talvez seja essa a razão de ainda me assustar sempre que relembro brevemente nossas cenas sexuais na sua casa, naquele momento deslizante que tivemos ao juntar uma brincadeira de desafios com a vodca que roubamos da guarnição.

Nós não deveríamos ter feito, repito diversas vezes, pois ele sequer consegue fingir uma mentira.

Não posso observá-lo por tanto tempo, minhas mãos molham de nervosismo e em tempo perceberá alguém focado na sua mesa, portanto mantive a postura discreta em desprezar sua presença e suspiro fundo na forma de afastar aquele maldito mal-estar. Descartando todas as possibilidades de ir lá e puxar assunto, tendo ajudado a interromper a amizade do passado, tratei de sair do local em passos largos o máximo que pude, porque quanto menos aquele bastardo estivesse no meu campo de visão, menor seria a possibilidade de acontecer merda.

Fechando a porta saloon de madeira, andei brevemente sobre a calçada coberta de poeira que marcava a angústia de saber que ele estava lá dentro sequer imaginando que o desejava tanto quanto na primeira vez; fisicamente e mentalmente.