Capítulo 20

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Em algum outro lugar...

- Tem certeza de que é ela? - Ela pergunta.

- Tenho sim. Andei observando a família por dias. - O outro fala.

- Da última vez que você teve certeza de alguma coisa, acabou atrás das grades. - Relembra ela, frustrada.

- Ainda esse assunto? Achei que estava tudo resolvido entre nós. - Ele reclama.

- Depois discutimos isso. Nossa hóspede está acordando. - Ela cutuca o outro e aponta com a cabeça para o sofá.

- Devemos fazer alguma coisa?

- Sim, deixe ela acordar primeiro, depois você fica mudo e deixa comigo. - Ordena.

- Claro madame. - Ironiza e revira os olhos.

A menina acorda, um pouco tonta ainda. A primeiro instante, imaginou estar em sua casa, mas quando definitivamente acordou, não reconheceu o lugar. Olhou ao redor e nada. Olhou para trás e viu duas pessoas lhe observando. Aquilo estava a deixando apavorada, tudo que ela queria era saber onde e com quem estava. Tomou coragem e perguntou:

- Quem são vocês? Que lugar é esse? Por que estou aqui? - Disse com a voz firme, sem deixar transparecer seu medo.

- Parece que alguém acordou curiosa, não é mesmo?! - Riram com satisfação em vê-la tentando ser corajosa. - Deixa eu explicar as regras daqui: quem faz as perguntas, somos nós. Quem manda aqui, somos nós. Você tem apenas o direito de ficar quieta e nos dirigir a palavra, só se autorizarmos. Comer? - Ela finge estar pensando. - Quem sabe!

Aquelas palavras assustavam-a demasiadamente, fazendo com que ela ficasse com vontade de chorar cada vez mais. Tinha medo de abrir a boca novamente e eles fazerem alguma coisa contra ela. Ficou calada por alguns instantes e pensou em suas opções. O que será que poderiam fazer com ela? Até onde poderiam ir? Essas perguntas estavam em sua cabeça e por nada saíam.

- Vocês não me responderam. Quem são vocês? O que estou fazendo aqui? - Cruza os braços e encara eles.

- Já disse que quem faz as perguntas aqui, somos nós. Você trate de ficar calada. - A mulher responde a encarando da mesma maneira. - A outra, num impulso infeliz, pega o objeto mais próximo e arremessa nos dois, mas erra. - Tá nervosinha, tá?! - Ironiza mais uma vez e vai até ela. A agora então prisioneira, fica sem reação ao ver a mulher se aproximar e é empurrada em direção ao sofá. - Você não sabe com quem está lidando garota. -Num gesto raivoso, a vítima acaba levando um tapa em seu rosto. Ela sentiu queimar e arder. - Isso é para você aprender a se por no seu lugar. - Diz e sai andando. Sinaliza para o outro a seguir e assim que saem, trancam o lugar.

A menina que ali ficou, com a mão em seu rosto, começa a chorar compulsivamente. Era uma mistura de dor e medo que a consumia. Não sabia quem eram aquelas pessoas, onde estava ou porquê estava naquele lugar tão imundo. Se encolheu no cantinho do sofazinho que havia ali, colocando a cabeça entre os joelhos, sem ao menos parar de chorar um minuto qualquer. Se arrependeu amargamente de ter enfrentado a mulher e seu deu conta que teria que obedece- lá. Estava com fome, com sede e com frio. Não sabia se aqueles dois voltariam. De tanto chorar, acabou adormecendo, ali mesmo, encolhida naquele pequeno sofá.

No dia seguinte

A menina acorda com o sol batendo em seu rosto. "Droga!" Pensou ela. Desejava que tudo aquilo não passasse de um terrível pesadelo, mas se deu conta que realmente era verdade. Olhou ao redor procurando por alguma saída, mas seus sequestradores foram mais espertos. A deixaram num lugar completamente fechado. Se levantou e foi até a porta por onde tinham saído no dia anterior. Começou a bater na porta, gritando por socorro.

- Socorro, alguém me tira daqui. - Gritava enquanto batia com todas suas forças na porta. - Por favor, alguém me ajuda. - Começou a chorar novamente. Bateu mais e mais, mas sem sucesso. Escorou na porta e escorregou nela até se sentar no chão. - Preciso sair daqui... - Disse ela quase sem voz. Fazia horas que não comia e estava fraca. Gastou todo o resto de sua energia clamando por ajuda.

Depois de algum tempo, escutou passos e vozes. Logo reconheceu de quem eram. Levantou-se rapidamente e foi para o sofá, como se nunca estivesse saído de lá. A porta se abre. Eram as mesmas pessoas do dia anterior, mas desta vez, com mais uma pessoa. Ela olha assustada, talvez com medo de que novamente a batessem.

- Bom dia! Dormiu bem a noite? - A menina ignora a pergunta, fazendo-a rir. - Não quer responder?! Então espero que fique calada o dia inteiro. - A vítima olha ela, sem ainda falar nada. - Como somos pessoas muito boas, viemos trazer o seu café da manhã. - O homem que acompanhava a madame entrega para ela a bandeja. Havia um pão extremamente duro e um copo d'água. - Bom apetite! Ele - aponta para o cara que entregou-lhe a bandeja. - , ficará aqui até você terminar de comer e depois disso, te levará até mim para você fazer alguns serviços para mim. - Ela sorri e sai.

A menina olhava para a bandeja e não sentia nenhuma vontade de comer. Nunca imaginou que passaria por uma situação daquela. Após ser obrigada a comer, ela foi vendada e levada até o escritório da mulher, que parecia se divertir com toda a situação. Fez questão de tirar a venda da menina.

- Buu! - Zombou. Pediu para ela acompanhá-la até um cômodo ao lado, cuja porta dava para o escritório mesmo. - Quero que limpe tudo isso, para hoje. - A menina olhava para toda aquela bagunça.

- Mas é muita coisa. - Tentou argumentar. Realmente estava bagunçado, cheio de entulho e poeira.

- Não quero saber o que você acha. É para limpar e pronto. - Nessa hora, o homem voltou com todos os equipamentos para que a menina limpasse o quarto. - Você não vai comer, beber ou sair daí enquanto este cômodo não estiver do jeito que EU quero. - Ela abre a porta e empurra a menina para dentro dele e em seguida joga as coisas que ela iria precisar. Tranca a porta. - Você fique aqui até que ela acabe. - Ordena mais uma vez e sai.

- Sim senhora. - Respondeu e a partir daí começa a vigiar a jovem.

A menina é empurrada para dentro do quarto e observa todo o cômodo. Não sabia se conseguiria limpar tudo aquilo tão rápido quanto desejava. Começou a espirrar, realmente havia muita poeira, como se não entrassem ali há anos. Sentou-se no chão, encostada na porta. Apoiou a cabeça nas mãos. "Onde você foi se meter Isabela, onde?" Era só o que conseguia pensar. Ficou ali durante um tempo e foi inevitável que não chorasse um pouco. Pensou na família e por mais que isso doía, também dava forças a ela. Levantou-se pegou as coisas e começou a limpar. Apesar da fraqueza que sentia por ficar horas sem comer, conseguiu terminar tudo até meados da madrugada. Bateu na porta quando acabou, mas estava tão fraca, que desmaiou antes mesmo que o homem abrisse a porta.

Continua...

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Mais um capítulo pra vocês! Desta vez não demorei muito hein😂! Espero que gostem!

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