— Que história é essa de Anahí se mudar? Pensei que ela fosse comprar um imóvel apenas como um investimento — perguntou Alice, sentando-se no sofá e passando a mão sobre a barriga protuberante ao interrogá-lo.
— Não. Claro que não. Ela vai comprar uma casa e se mudar para lá. Qual é o problema? Está fazendo a coisa certa, eu devia imaginar isso.
— É mesmo? E quanto a vocês?
— Nós? Nós dois? De qualquer forma, agora são três...
Alice resmungou, revirando os olhos.
— Nossa, como você é lerdo de raciocínio. Pelo amor de Deus, Poncho! Achei que vocês se amassem.
— De onde tirou essa idéia?
— De vê-los juntos, será? — ela falou como se ele fosse uma criança.
— Está imaginando coisas.
— Acho que não. Vocês são íntimos demais. Ou eram até o bebê nascer. Dava para notar pelos olhares e pelo comportamento, era tão óbvio. Até um cego saberia que vocês se amavam. Apesar de que, desde que Elena nasceu, você ficou mais distante.
— Não seja ridícula, ela não me ama, e agora ela tem um bebê!
— Isso não é nenhuma doença, Poncho! E por que ridículo? Só porque teve um filho com outro homem isso não a impede de amar você, e não deveria impedir você de ser gentil com ela. Ainda pode fazer um carinho nela. E isso você não tem feito — ela o acusou. — Achei que ela estava meio melancólica. Pensei que fosse por causa do testamento, mas quando falei com ela ao telefone mais cedo, ela não parecia muito feliz, então fiquei pensando nisso.
— Não acredito.
— Poncho, estou falando sério. Ela o ama muito. E você também a ama. Você ama Anahí — ela repetiu quando Alfonso estava prestes a protestar. — Você sabe. Quando é que vai assumir isso?
Alfonso recostou a cabeça no encosto do sofá e fechou os olhos.
— Ela não me ama, Ali — ele disse. — Ela ainda gosta de Edgar.
— Que bobagem! Isso não é verdade! E o sujeito era quase tão canalha quanto o irmão. Ela ama você, Alfonso, e precisa de um homem de verdade, um homem maduro que saiba amá-la também. Um homem como você, gentil, atencioso e digno de confiança.
— Ah, obrigado pela ironia.
— É o que pensa? Que estou com ironias? Olhe só para a vida que ela teve, Poncho! Isso era o que de mais importante você poderia lhe dar. Isso e o seu amor. Quando é que vai dizer a Anahí que a ama? Quando é que vai lhe dizer que não quer que ela vá embora, quer que ela fique e se case com você e passe o resto da vida ao seu lado? Para que você participe da vida de Elena e a veja crescer e lhe dê irmãos.
— Pare com isso, Ali, chega! — ele disse, apavorado, suando de nervoso. — Não vou conseguir dizer isso.
— Por que não? Porque Catherine o traiu? Anahí não é Catherine. Catherine não prestava. Catherine nunca o amou, mas Anahí ama você profundamente e nunca vai traí-lo, nem mentir, nem magoá-lo, e precisa do seu amor também.
— Acha mesmo que ela me ama? — Ele balançou a cabeça negando. — Ela ainda está de luto por Edgar...
— Não, Poncho. Não! Ela não pensa mais nele! É você que ela ama. E você precisa lhe dizer isso.
Alfonso pensou em Catherine e no dia em que descobriu sobre o caso dela com Angie, quando ele disse que a amava e ela apenas riu. Riu dele.
— E se ela rir de mim?
— Ela não fará isso. E se fizer? O que terá perdido? Seu orgulho? O que é isso comparado a uma vida toda a amando? — Ela se aproximou mais dele e lhe deu um abraço. — Dê a ela uma chance, Poncho — pediu. — Dê uma chance a vocês dois. Vá falar com ela agora.
— Ela está dormindo. Disse que queria dormir cedo hoje.
— Então, por que será que ela está no jardim olhando o mar como se quisesse se jogar?
Alice deu um beijo no irmão e o deixou olhando para Anahí através da janela.
A mulher que ele amava. A única mulher que amou de verdade, ele se deu conta. Deus não ia permitir que ela risse dele.
Ele se encaminhou lentamente até a porta e saiu para o jardim escuro. O dia tinha sido quente, mas agora a temperatura havia caído; ou era o medo que fazia ele sentir frio?
Alfonso respirou fundo, tomou coragem e começou a caminhar pelo gramado.
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Lar da Paixão (ADP)
FanfictionSem dinheiro, grávida e sozinha, Anahí Puente queria se estabelecer e criar raízes. Afinal, recebera alguns golpes duros da vida. Quando Alfonso Herrera a encontrou morando na casa vazia que ele acabara de comprar, sabia que deveria ter pedido que e...