Bohrum

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Os olhos percorriam do arco-íris horrendo marcado nos dedos até o terrível sorriso cínico que o responsável pela destruição das cores possuía, espinhos venenosos perfuravam o coração da criatura toda vez que olhava para aquelas manchas, o veneno se espalhava rápido e torturava sua alma, o sorriso de Bohrum era o carrasco da criatura quando se virou para os corpos vazios de vida.
Abandonou a Dama por um momento e se dirigiu para cada corpo dourado, sua essência ainda permanecia dentro de cada um deles como a semente de uma árvore, os posicionou e então fechou os olhos com pesar, seu coração transformado em pequenos pedacinhos de vidro, sua magoa e culpa eram maiores do que sua raiva, porém ele daria um jeito em toda aquela bagunça.
O ar a sua volta se tornou quente e circulou como um turbilhão raivoso a sua volta, as suas asas vibravam e uma pena por cada cor manchada voou sobre o nome manchado de ouro, as fibras se contorcendo até se formar uma gota de prata, Destino então suspirou e o tempo pareceu parar, tudo aconteceu muito lentamente.
-Porque há esperança para a árvore, pois,
Mesmo cortada, ainda se renovará e não cessarão os seus rebentos.
Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao chegar das águas brotará.
E dará ramos como planta nova
Por que se seu coração for forte sua alma renascerá
A cada novo dia
Vida após vida
Era após era
Para sempre.
A gota de prata se modelou em uma pequena planta que crescia até se tornar uma bela arvore formosa e repleta de folhas verdes frondosas, folhas que aos poucos iam se colorindo de amarelo, laranja e vermelho até o vento raivoso arrancar todas elas dos galhos, se misturaram e em uma valsa de outono e mergulharam no peito dos Zhi, os galhos vazios se estendiam como braços em uma prece silenciosa a Destino, prece interrompida pelos raios que romperam o tronco e o fizeram repousar no chão, tronco enegrecido pela queimadura do raio, podre ficou e para terra serviu de alimento, a chuva veio regando a terra sedenta e uma nova planta rompeu o solo se espreguiçando com suas pequenas folhas como se acordasse de um belo sonho, a chuva que se acumulou nas pequenas palmas verdes rolou com cuidado e uma gota prateada escapou de sua ponta caindo serena nos lábios das cores que repousavam em seu martírio final.

	A gota de prata se modelou em uma pequena planta que crescia até se tornar uma bela arvore formosa e repleta de folhas verdes frondosas, folhas que aos poucos iam se colorindo de amarelo, laranja e vermelho até o vento raivoso arrancar todas elas...

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Um brilho forte tomou conta dos corpos e as manchas douradas aos poucos foram sendo consumidas pela prata novamente, porem os olhos não se abriram novamente como a criatura planejava, mas os corpos aos poucos iam se modificando e se transformando em algo maior. Solo em suas mais variadas versões, atmosfera, ar, dia e noite, a paisagem ia se formando, assim foi criado o que mais tarde foi batizado como planetas e sistema solar.
Gênesis também teve o mesmo fim ou recomeço, a Dama branca vagava pelo vasto campo de grama, porem sua dor não diminuía, a culpa ainda castigava Roz, suas lagrimas continuavam a cair até um lago se formar em volta dela cobrindo seu corpo até a cintura, ela estava morrendo, sua vida, essência e alma aos poucos se esvaia para o lago, Bohrum ainda tentou se encontrar com a dama, mas a dor que isso causava nela era insuportável para ambos.
Pobre Dama que continua a chorar, os ventos sopravam uma pequena melodia tentando consolar e acabar com as lagrimas que ela derramava, sem voz ela não poderia gritar aquilo que carregava no peito, podia apenas observar o resultado de toda a bagunça causada por Bohrum, ela não queria fazer parte daquilo, se agarrava na fé de que aquilo era somente uma grande mentira, que logo acordaria do seu pesadelo cruel.

O Coração de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora