Daniela não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir.
Afonso realmente a tinha dito que ela sempre teria um monte de coisas e o amor dele?
Era de se esperar que, a esse ponto, a garota já estivesse acostumada com as declarações do marido, mas não estava. Afonso havia dito diversas, milhares e em várias distintas vezes que estava apaixonado por ela — sempre estivera.
Ele sempre se importara com ela. Sendo corajoso o suficiente para pedir a mão dela em casamento. Impor-se sobre o desejo de Blamer, um homem mais velho, com mais experiência e que, com certeza, ela pensava, teria sabido como convencer seu pai a concordar com o casamento deles — querendo ela ou não. Entretanto, ali estava ela, alguns meses mais tarde: casada, tentando respirar corretamente, seus olhos fixos nos do marido, como, estava, agora, acostumada a fazer.
Eles estiveram se fitando por muito tempo. Como sempre, Daniela não sabia o que dizer. E, embora tivesse certeza das palavras que tinha ouvido, custava acreditar. Seu coração batia e o de Afonso respondia em seguida, como se fossem um o complemento do outro, então, talvez, ela refletiu, pudesse pedir ajuda para ele sobre o que precisasse, como ele sempre tinha dito.
Ela ergueu os lábios para ele, não se importando em ser a primeira a tomar iniciativa para beijá-lo. Quantas vezes o tinham feito? Ela não sabia.
A única coisa que tinha consciência era de como tudo aquilo parecia certo e de como ela não podia se sentir mais agradecida em toda a face da Terra. Ela deslizou para as coxas do marido, sentando-se ali, com as duas mãos lado a lado de seu rosto enquanto se beijavam. Daniela soltou uma exclamação quando ele a pegou nos braços e a girou entre os bancos do coreto até pararem contra uma grade do outro lado dele.
— Sabe o que eu estava pensando? — ela perguntou, ainda com as mãos no rosto do marido. Ele exibiu um sorriso nos lábios, esperando que ela continuasse. — Bem que nós podíamos começar com isso. Cafés da manhã na cama, só para ficarmos mais próximos um do outro e agirmos como marido e mulher realmente. — ela abriu um sorriso doce e Afonso não pode deixar de notar como seus olhos brilhavam em excitação. Ele nem poderia pensar em dizer não a ela. Se isso a fizesse feliz...
— De acordo, querida. Um dia você, outro dia eu, certo? Assim você não fica cansada e eu também posso te oferecer essa mordomia. — eles riram juntos.
***
Na cidade, Flávia tentava arrastar Blamer para dentro de sua mansão novamente. Ele estava bêbado, gritando incoerências na rua. Era evitado por moças acompanhadas de suas mães — que lhes lançavam olhares desgostosos. Repreensões eram ouvidas. Blamer era visto como um libertino e era verdade que nunca deixara escondido o fato de ter amantes, várias delas. Algumas já o haviam procurado durante semanas, mas desde que Flávia havia chego, e ganho o coração do “pobre” homem, havia ordenado que todas elas fossem recusadas e seus cartões de visitas — mais de serviço, na realidade — fossem jogados na lareira quando o patrão não estivesse por perto. Flávia tomava conta da residência de Blamer, não ele próprio.
Desde que a esposa morrera, havia alguns vários anos — talvez 10, talvez 15 — Blamer havia caído em desgraça. O que adiantava sua fortuna se não tinha a quem mimar, amar, cuidar? Havia tido uma filha, mas ela adoecera logo depois que se casara com um Marquês de terras estrangeiras, e ficara lá, sem ter a chance de visita-lo.
Em Daniela, Blamer havia visto uma oportunidade. A moça era jovem, tinha boa família, fora bem educada e seria perfeita, tanto como mãe, tanto como esposa. Era tudo o que ele queria, casar-se com ela e dá-la tudo o que estivesse ao seu alcance. Lembrava-se vividamente da manhã em que encontrara o Sr. Lexfinn e o convidara para um chá em sua casa, e o recebera com a maior pompa e graça, tendo com ele uma longa conversa sobre o futuro que ele daria a Srta. Daniela. Lexfinn fora resoluto e dissera que preferia conversar com a esposa antes de acertar qualquer coisa. Blamer não discutiu, não mostrou-se bravo, nem esboçou qualquer outra reação. Apenas dissera que esperaria pela resposta.
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It Was Always You [EM PAUSA PARA REVISÃO]
Romansa[EM PAUSA/HIATUS] Na sociedade vitoriana, a maioria esmagadora dos casamentos é arranjado pelos pais do noivo e da noiva. Com Daniela Lexfinn, isso também não seria diferente, porém, o destino se opõe as propostas que a moça recebe e faz com que a v...