— De novo, Jungkook? Você simplesmente não consegue estudar? Sabe, acho que dessa vez não vou gritar com você, aliás, isso não adiantaria, nada adianta. Você simplesmente não é mais meu filho, faça o que quiser da vida, mas longe da minha casa. Tem até amanhã para sair.
— Pai, por favor, eu juro que vou mudar. Eu simplesmente não consigo raciocinar, mas eu prometo que essa foi a última vez.
O maior não olhou para o rosto do afilhado, pegou suas coisas no banco traseiro do carro e fechou a porta com força.
O barulho assustou Jungkook, que escondeu-se atrás de seus joelhos imediatamente, logo sentindo as tão salgadas gotas escorrerem por seu rosto.Chorar já não era mais novidade para o castanho, fazia isso todos os dias, seja por não conseguir prestar atenção em suas aulas ou simplesmente por sua saúde mental abalada, que era muito sensivel às coisas.
Sabia que seu pai não estava blefando, afinal, em uma família de renomados advogados, quem iria cuidar do pobre filho bastardo do tio morto?
Pai, já era um costume chamar-lhe assim, era o único ser que ainda gostava de si e, agora, o expulsou de casa.Jungkook chorava tanto que não conseguia mais respirar. Seu choro não era barulhento, cheio de birra. Pelo contrário, era silencioso.
Qual a probabilidade de seus primos o acharem? Estava sentado em um banco que ficava no jardim da casa onde foi criado. O céu estava se fechando, com o lindo azul sendo tampado por nuvens grandes e pesadas. Logo, uma gota de água tocou sua cabeça, mas o castanho não queria mover-se, então apenas ficou no mesmo lugar, sentindo a água começando a cair mais forte.
Suas roupas molhavam, mas aquilo já não importava mais.
Nada importava, falando a verdade.Chorou até seus olhos arderem. Quando cansou, andou até a rua e tomou sua decisão.
Morava em uma casa próxima ao centro, aliás, ao lado da avenida principal. Sua cidade era pequena.
Andou arrastando os pés até o primeiro cruzamento da sua rua e esperou algum veículo passar. Ouviu o barulho pesado de um caminhão.
Apenas jogou-se.
Um, dois, três.
Três, apenas três segundos foram suficientes para que seus olhos se fechassem.
Pensou que aquele era o seu fim, pensou que realmente havia conseguido livrar-se de sua vida, porém, abriu os olhos, tendo a visão de um lugar bem diferente ao qual estava.
Para começar, uma estátua que segurava uma balança brilhava em puro ouro a sua frente, o chão que pisava refletia no quartzo tão bem polido e, por último, uma tribuna, com um jovem de cabelos brancos olhando-o dos pés à cabeça.
— Declaro aberto o julgamento de Jeon Jungkook, jovem nascido em Busan, Coreia do Sul, em 01 de Setembro de . — Disse o garoto que estava na tribuna.
Ao seu lado, surgiram outros dois jovens, um com cabelo azul-escuro e o outro cor-de-rosa.
— Eu sou a vida, e serei o promotor. — Falou o rosado.
— Eu sou a morte, serei a defesa. — Disse o outro jovem.
— Jeon Jungkook, você está sendo julgado por terminar sua vida antes da hora determinada. Para fazer o julgamento, assistiremos sua existência, veremos seus acertos e erros, até o último momento. Você tem o direito de defesa.
O castanho esfregou seus olhos, pensou estar sonhando. Infelizmente, aquilo parecia mais real do que queria admitir.
— Vamos começar com sua infância.
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Number 123
Fantasy- Jeon Jungkook, por seus crimes contra o Reino da Morte, sua sentença é a vida. Essas foram as piores palavras ditas para alguém que acabou de se matar.